Eu só assisto Vale Tudo, quando assisto, na esperança que Heleninha Roitman entre em cena. Podem criticar Paola Oliveira pela sua interpretaçãpo de Heleninha, mas eu acho de verdade que nas imperfeições que esta interpretação contém é que reside a beleza que faz Paola brilhar. Talvecz se fosse uma interpretação daquelas irrepreensíveis, não kme tocasse tão fundo, talvez esses pequenos exageros e até histrionismos construam uma Heleninha mais próxima do que é uma pessoa dependente do álcool. Talvez as suas falhas interpretativas sejam seu grande trunfo por mais doido que isso pareça.
Heleninha é exatamente como minha mãe foi. Tudo lhe é motivo para encher o caneco. A vida é tão pesada para ela que só resta o refúgio da garrafa cheia tornando-se vazia a cada gole, ficando mais leve enquanto o mundo parece rodar em uma rotação muito particular onde as vozes dos outros ao redor já não soam acusadoras ou repreensivas pois mal são ouvidas. Onde a música é mais alta e a risada mais estridente e as cores mais vibrantes que realmente são. Assim era minha mãe quando bebia e assim é a Heleninha de Paola. Alguém que grita por ajuda e só recebe julgamentos e frases rasas até mesmo de sua analista que graças ao bom Deus aparece bem pouco pois quando aparece só fala abobrinhas.
Eu torço para ela entrar em cena seja sóbria, seja bebada porque ela lembra minha mãe e vou dormir com suas lembranças em minha mente. Na escuridão do meu quarto quase ouço sua voz, a voz de quando eu era criança e ela tentava m agradar de alguma forma, seja me levando a algum lugar que eu gostava ou quando ela foi me ver ser Pedro em uma peça de teatro da igreja. Eu seria apenas um figurante mas ela foi assistir a um ensaio e sei lá qual foi sua intervenção que acabei virando protagonosta e ela fez questão de sentar na primeira fila. Foi um bom dia.
Como Heleninha ela era ligada as artes e também ao esporte. Eu acho que ela aprovaria a atuação de Paola pois dona Alexandrina sempre me disse que a soma das nossas imperfeições podia ser usada para nos fazer absolutamente imperfeitos ou para ajudar a moldar umma personalidade boa caso a gente trabalhasse essas imperfeições de modo a se transformarem em tentativas de perfeição segundo suas palavras. Ela tinha pesamentos confusos assim como eu tenho, mas eu sempre admirei suas palavras e as ouvia com atenção.
Vale tudo é talvez o remake mais idiota que já vi na vida. Péssimamente escrito e com atuações de dar raiva,k não presta para nada além de causar irritação profunda em quem tem mais de 2 neurônios. Sua autora certamente tem sérios problemas para processar o texto original e escreve coisas absurdas e sem sentidos, mas Heleninha estranhamente se salva, muito provavelmente por um apego pessoal meu. Gosto de Heleninha afinal de contas. Ela lembra minha mçae, minha infância e isso já é suficiente para as vezes eu sentar em frente a TV e ver Vale Tudo.
É isso.
Ouvindo: Love, Coma