sexta-feira, 23 de junho de 2017

falando sobre pedro bial



sinceramente não dava 10 e uma cocada para o programa de entrevistas do pedro bial. expectativa 0, achava que seria uma bosta suprema, pois alguém que fica tantos anos conduzindo bbb não deveria em minha opinião, ter estofo para algo que prestasse ainda que minimamente. me fodi! é o melhor programa de longe,  de entrevistas da tv brasileira aberta e mesmo da fechada.

bial tem timing. é educado com os entrevistados, não arrota conhecimento desnecessário e não se ancora em boçalidades para fazer a platéia rir e ainda não o vi usar o entrevistado como matéria prima para que ele, bial brilhe. biel tem finesse e não se furta de "apertar" os convidados quando precisa mas o faz de forma tão natural e educada que nem parece estar fazendo.

mas o que faz bial grande como entrevistador é o seu estofo intelectual. um conhecimento sólido que flui de forma natural conforme ele desenrola a  entrevista. sem afetação, sem querer ser mais do que é, bial conduz o entrevistado e o conecta com a platéia e a audiência de forma a torna-los parte integrante da entrevista. um tom de voz sempre correto torna a entrevista agradável,  em contraponto aos decibéis  a mais desnecessários de danilo gentili pra ficar em um exemplo.

alias bial já estreou em um patamar tão superior aos seus concorrentes que nem cabe qualquer tipo de comparação.  bial é o entrevistador por excelência, seus concorrentes são humoristas alçados ao posto de entrevistadores que não conseguem se livrar do ranço do stand up o que muitas vezes faz com que seus entrevistadores virem meros expectadores daquele que o entrevista.

claro que bial tem suas falhas qualquer programa tem. o tom deverás austero de seu  cenário não creio eu ser o mais adequado,  bem como o formato que poderia ser ligeiramente mais dinâmico, acelerado mesmo, mas isso me parece mais  o costume com o programa de seus concorrentes que tem uma edição bem mais ágil.

mas o grande trunfo de bial é sem dúvida alguma a diversidade de sua cultura que lhe permite falar sobre praticamente qualquer assunto sem sustos e o coloca em um patamar extremamente confortável para versar sobre assuntos diversos. bial também não se furta a opinar e a tentar, na maioria das vezes com sucesso, arrancar opiniões de seus entrevistados. no final das contas, um programa que para mim nasceria fadado ao fracasso, nasceu vitorioso. não sei os números do ibope e nem me interessam na verdade, mas o produto é de primeiríssima qualidade e é isso o que importa,

vida longa bial e seu programa.

é isso.

ouvindo: beyoncé

domingo, 18 de junho de 2017

postagem de domingo. beyoncé e sua estupenda "blue"





beyonce, até o lançamento do álbum que contém a canção do clip acima, jamais havia tido o meu respeito como artista. casada com o imbecil master do mainstream o tal do jay z,  se limitava a produzir musica comercial e sem apelo artístico real. vamos ser sinceros,  quem leva a bobagem dançante "single ladies" a sério? suas musicas antes do espetacular "beyoncé" eram nada mais que uma colagem de ritmos e batidas sem qualquer apelo além do trivial. hoje beyoncé é uma artista completa e verdadeira, apesar do maleta jay z, o traste do universo musical.

mas o que me importa hoje é fala sobre o clipe acima. a música que escreveu para sua filha. muitos artistas vieram ao brasil gravar seus clipes, isso é fato, mas nenhum deles quis se integrar ao país. sempre impondo estéticas equivocadas sobre o que eles entendem ser a "brasilidade" nomes como michael jackson, snoop dog entre outros, (este último, tratando as nossas mulheres como putas e nada mais) sempre se colocaram como o grigo que vem fazer um favor ao brasil divulgando-o mundo a fora segundo a sua torpe e distorcida visão.

beyonce, seja pelas locações (ainda que levemente cliches), seja pela quase ausência de maquiagem e produção visual, se integrou totalmente ao modo brasileiro de ser. tirante a parte em que aparece como uma yara mal estilizada, a beyoncé que aparece no clipe poderia ser encontrada em qualquer trem da cptm ou da central do brasil. seu despojamento, quase comovente para uma estrela de sua proporção, apesar de ser um despojamento obviamente muito bem produzido,  mostrou uma real tentativa de integração com a comunidade na qual se inseriu por alguns dias. a integração de fato aconteceu e o resultado foi de longe o melhor clipe de sua carreira e um dos melhores da história da música.

beyoncé foi quase "gente como a gente" ainda que seja completamente diferenciada pela artista que provou ser. e ainda que tenha no super bowl feito bobagem. acontece, ela também fez bobagem ao casar com o traste ambulante com o qual casou, a vida é feita de erros e acertos.

porque falar de um clipe relativamente antigo no dia de hoje? daqui a pouco começo mais uma jornada em busca de vendas, começo o que amo fazer. cheguei cedo ao plantão hoje e sempre busco bons exemplos para me espelhar. beyoncé saiu de uma artista trivial e medíocre para ser uma super star talentosa, verdadeiramente talentosa. hoje ouço seus trabalhos atuais com real prazer e uso de condescendência com as bobagem que cometeu antes de amadurecer.

a risada inocente de blue ivy,  sua filha no final de tudo é um refrigério para um mundo cada vez mais perdido.

é isso.

ouvindo: beyoncé

sexta-feira, 16 de junho de 2017

"paralelas" versão vanusa, "paralelas" versão belchior eu no meio disso tudo e o post muito louco que vai sair disso tudo



"paralelas" é obviamente, uma música trágica. mas vanusa, uma das maiores interpretes vivas da nossa mpb, tenta a todo custo torna-la uma canção romântica. não vou dizer que é por ser algo intrínseco as mulheres, mas creio ser algo intrínseco a vanusa. embora o resultado de sua interpretação seja indubitavelmente lindo, não da certo, pois a tragédia ronda a canção o tempo todo e vanusa fica ali tentando em vão resgata-la deste quadro desolador.

não é uma questão comercial. longe disso. vanusa realmente vê a música como uma peça de romantismo e quer interpreta-la desta forma. a letra no entanto não ajuda por explicita que é do desassossego que atormenta o protagonista. o arranjo é um primor, com um baixo discreto porém eficiente para pontuar a dramaticidade latente na canção. no final das contas, vanusa nos brinda com uma interpretação linda, porém desfocada. é como ver um filme belíssimo falado em inglês e sem legendas.

eu sou um filme belíssimo e sem legendas. logo ninguém me entende. então a versão de vanusa para "paralelas" cai como uma luva para mim.  sou todo som e fúria, mais fúria, bem mais fúria do que som e como ninguém entende o que eu digo, fico desfocado, fora do contexto e acabo sendo desinteressante. vanusa realmente canta a canção, com ritmo e cadência perfeitos e isso só torna a coisa toda ainda mais estranha. eu da mesma forma, tento ser ritmo e cadência, mas não consigo, acabo sendo aquele que atravessa o ritmo de forma inclemente e ininteligível. e por mais que queira dar uma envernizada, parecer palatável, a total falta de legendas  destrói qualquer oportunidade de entendimento. lamentável.

agora ouça belchior:


o arranjo é minimalista. absolutamente minimalista. belchior canta pra ele, a sua tragédia. n ão quer saber se tem um público pronto e ávido para ouvi-lo. belchior fala claramente que a juventude de seu coração é perversa. esta é a versão original. vanusa, diz que as borboletas do que ela foi, voam demais. tenta ser legal, mas ninguém a entende. belchior por seu turno, se torna duro, crú, e ninguém gosta também, porque esta é uma música não para iniciantes e sim para iniciados. 

como a versão de belchior, eu sou duro, crú, sem tempero, sem nada para ajudar a empurrar. e antes que pareça ser uma contradição com o lance de ser um belo filme sem legendas, o paralelo ai são os flmes russos da década de 90 como "taxi, blues de pavel lungin estrelado por pyotr mamov. lindo, mas incompreensível e cru e áspero. assim como a versão autoral de paralelas (letra e música são de belchior). sou em fim, um filme que ninguém quer ver. não sou comercial. assim como "paralelas" não é mas de tão bela as pessoas saem cantando.

enfim, este post é bem tortuoso, se você chegou ao fim dele, talvez goste de ver filmes sem legendas. e crús, e duros e russos da década de 90.

é isso

ouvindo: paralelas                                                                                                                                                                                       




segunda-feira, 12 de junho de 2017

o jovem tatuado no rosto. uma metáfora de um mundo que acabou


acabou, game over, já era, perdemos. o mundo já acabou, nós é que não percebemos. esta tudo fodido e vai ficar ainda mais fodido, simples assim. goste você ou não do termo, fudeu!!! não vamos voltar a um ponto onde a civilidade ainda tenha alguma chance. não, vamos é nos tornar cada vez mais brutos, insensíveis e pior, vamos amar a falta de civilidade.  a nova lei em breve será não seguir as leis estabelecidas e sim a lei do "quanto pior, melhor". as pessoas com um minimo de freio foram derrotadas por aquelas que em sua sanha de "justiça" a qualquer preço parecem caminhões desgovernados.

criolo disse claramente em uma canção que não existe amor em sp. não existe mesmo e não existe amor em porra de lugar nenhum, a verdade é essa. existe apenas o amor egoísta por nós mesmos, que faz com que nossas ações sejam todas baseadas no que elas trarão de auto benefício não no bem que farão a outrem. o autruísmo, conceito tão nobre virou algo tão difícil de ser compreendido como é difícil escrever a palavra que o define. vivemos em uma sociedade de seres auto centrados e este comportamento faz com que sejamos levados a achar que nossas atitudes sempre estão certas ainda que estejam completamente erradas.

só um estado de coisas deste tipo que descrevo é o que levaria dois imbecis a tatuarem o rosto de uma jovem com sérios problemas mentais porque supostamente ele havia furtado uma bicicleta.  e ainda que ele tivesse roubado qual o direito tinham eles de fazerem o que fizeram? quem os empossou como justiceiros juramentados pelo estado? apoiados por qual lei eles cometeram tamanha perfídia? quem são esses dois animais para se outorgarem tal direito? ainda que o jovem não fosse doente mental e tivesse roubado, desde quando a população os nomeou xerifes do bairro para cometerem  tal ato? e se fossem os xerifes quem disse que deveriam tatuar o rosto do rapaz ao invés de prende-lo e conduzi-lo  as barras da justiça?

se nosso sistema penal é justo ou não é outra questão a ser discutida em outro post, mas desde quando a justiça com as próprias mãos pode ser aceita de forma tão passiva pela população? porque não houve um clamor popular contra um ato tão insano como este e ao contrário, houveram tantos apoiadores destes dois seres insanos? o que pensam pessoas que apoiam dois seres tão abjetos em um ato tão sem sentido?

no brasil, por mais que alguém seja condenado a 200,300 anos em penas somadas por vários delitos, não fica mais que 30 anos preso. a lei assim determina. o que estes dois imbecis tentaram foi impingir uma pena perpétua a este jovem sem o devido julgamento, sem saber se ele era de fato culpado. expor ao ridículo quem precisa de ajuda e tratamento apenas porque se acha que isto é o correto a se fazer equivale a jogar na lata do lixo todo sistema pena legal.

o mundo acabou e esqueceram de nos avisar. ele faliu, a verdade é esta. é disso para pior, bem pior. perdemos a luta por um mundo civilizado. logo voltaremos a ser broncos com uma clava na mão impondo-nos uns aos outros pela força. que triste. mas será assim.

é isso.

ouvindo: maria callas

quinta-feira, 8 de junho de 2017

esquadrão da moda usa e a vida baseada em tolices



ontem em  busca de algo melhor para ver na tv que um jogo de futebol cai no canal dh&h onde estava começando o tal "esquadrão da moda". por qualquer angulo que se olhe o programa é um show de insanidades. uma série agressões  gratuitas e infundadas a pessoas que segundo a avaliação de outras pessoas se vestem mal.

"amigos" indicam pessoas que segundo eles se vestem mal ao tal programa que trata através de seus apresentadores de espicaçar com a estima da tal indicada rebaixando-a de uma forma cruel e descabida submetendo a pessoa as mais vis humilhações verbais prometendo no fim um vale compra de 5.000,00 dinheiros americanos para serem gastos em roupas que deverão ser compradas sob supervisão dos mesmos apresentadores que a humilharam sem dó nem, piedade.

os defensores do programa alegam que ao dar tanto dinheiro para compra de roupa mais uma repaginada no visual da pessoa "ensinado-a a se maquiar e "arrumando " seu cabelo, as humilhações verbais estão justificadas e perdoadas. discordo. ofender pessoas apenas porque elas supostamente se vestem mal e sobretudo querer faze-las vestirem-se pela suas regras de moda e beleza apequena a personalidade já frágil de quem se dispõe a passar por tal situação constrangedora.

pode-se argumentar também que o programa é feito para "divertir".mas divertir-se a  custa de outros não me parece algo saudável e muito menos correto ainda que a pessoa aceite se submeter a tal martírio. frise-se também que recusar-se a participar pode ser visto como algo extremamente negativo então fica difícil para a pessoa "acovardar-se" na frente  de amigos e parentes.

programas assim partem da premissa de que as pessoas são infelizes com as  roupas que vestem, isso até pode ser verdade em alguns casos mas na maioria esmagadora deles as pessoas apenas se vestem, como querem se vestir, sem maiores divagações. claro que existem sim pessoas que gostariam de mudar o visual, variar o modo de vestir, mas estas pessoas precisam ser maltratadas porisso? o programa tem que ridicularizar. ofender, maltratar a quem quer que seja porque supostamente a pessoa se veste mal?

a vida moderna é baseada para a imensa maioria das pessoas em tolices. em critérios sem sentido algum. em parecer e não em ser, em ter e ao invés de compartilhar. vivemos em um mundo, louco mundo que grita a plenos pulmões através de suas plataformas de mídia que ser bem vestido, tem um bom carro e ser bem sucedido é mais importante que ser feliz, ou ainda pior, é o único caminho para a felicidade. personalidades únicas são substituídas por comportamentos massificados onde todos se parecem com todos e não existe margem para experimentação e a ousadia de ser quem se é cobra um preço enorme.

a tolice é o mote destes temos modernos e por muito, muito mais tempo ainda continuará a ser, pois não existe perspectiva de mudança no horizonte. pessoas dispostas  a negociar seus princípios por roupas ou  qualquer outra vantagem precisam urgentemente aparecer e mudar a perspectiva completamente obscura para tempos futuros.

por um mundo menos tolo e mais humano.

é isso.

ouvindo: Arcade Fire

sexta-feira, 2 de junho de 2017

joão dória e sua gestão equivocada quanto a cracolândia



gosto de joão dória. é sim, um bom gestor e se gosta de suéteres em volta dos ombros, problema dele. mas o pragmatismo da gestão pela gestão talvez o esteja levando a equívocos que com um pouco mais de humanismo pudessem evitar.

a questão da cracolândia requer muito mais humanismo do que a mera gestão de demolir cortiços e fazer seres humanos parecerem ratos ao correr antes que pedaços de concreto caiam sob suas cabeças e o pior: sem prévio aviso. me parece uma ação de higienização muito mais do que tudo. não existiu preocupação com pessoas que são, antes de mais nada, doentes crônicos que precisam de tratamento, auxílio, enfim, de politicas públicas que olhem para eles não como bichos, mas como dependentes de uma droga que o estado não consegue refrear o trafico e muito menos consegue assistir aos usuários com ações que os ajudem de fato a saírem deste poço sem fundo.

ao expulsar os usuários de crack das imediações do bairro da luz, um lugar extremamente degradado por si só e faze-los perambular pelo entorno e instalarem-se em outras ruas, dória só mudou o problema de localização geográfica. ok, traficantes foram presos, drogas apreendidas mas quem duvida que outros traficantes tomaram o lugar dos que se foram e as drogas apreendidas serão respostas em velocidade relâmpago? midiática e desnecessária a ação apenas aprofundou problemas já enraizados tanto na vida  da cidade quanto no cotidiano dessas pessoas atingidas. e mostrou que o poder público esta se lixando para pessoas com problemas que dependem dele, estado, para ter uma resolução.

mas se por um lado a prefeitura mais uma vez agiu de forma equivocada, a população tampouco se mobilizou para ser parte da solução de um problema que afeta a todos, mesmo aqueles  que longe da área da cracolândia.estão. o grande erro é tratar a cracolândia não como um caso de saúde pública o que de fato ela é, mas como um centro de habitação de desvalidos, vagabundos, pessoas sem força de vontade e sem controle que chafurdam na lama da droga porque querem, não porque em algum momento foram capturados por um vício que se tornou mais forte que eles e os levou a uma espiral de dor e tristeza, a menos que alguém em sã consciência ache mesmo que exista felicidade possível nesta forma degradada de viver. para a população, ou ao menos para a maioria dela, o ideal é que a prefeitura empurre a sujeira para baixo do tapete de forma simples e prática que  fosse possível tratar de forma simples problemas complexos.

ja passei pela cracolândia, ja olhei nos olhos daqueles viciados perdidos e vi que a chama da vida havia se apagado daqueles olhos. vi pessoas que deveriam ter 30, 40 anos, aparentando 50, 60, destruídas pelas drogas, vazias de alma e espirito, vagando a esmo. a rua dino bueno, coração da antiga cracolândia, que agora esta na pça princesa isabel, com as mesmas barracas de drogas a disposição, um grito agudo chamando a atenção para a falha total da ação da prefeitura.

enquanto o foco das ações não for o usuário e enquanto não se encontrarem formas sérias e comprometidas de tratamentos que os humanizem, a cracolândia continuara a  ser a morada de pessoas que por total descaso do estado, mas sobretudo por total indiferença da sociedade e de seus grupos organizados que preferem  ações paliativas quando estas existem, a tomar a frente e fechar uma lacuna deixada pelo estado, não haverá horizonte de mudança possível. o estado deve sim, ser gerido de forma competente e séria, mas não pode ser focado apenas em resultados sejam financeiros, sejam políticos, precisamos de ações que levem em conta a pessoa, o individuo e não a higienização forçada de um espaço. dória, se quer mesmo deixar um legado para a cidade, deveria se concentrar nisto.

é isso.

ouvindo:point of grace


segunda-feira, 29 de maio de 2017

a pessoa que sou não é bacana como a pessoa que eu era



eu devia estar contente por ter conseguido o que eu queria. deveria. não estou. como diz raul seixas, acho uma piada e um tanto quanto perigosa. eu sei bem da minha competência. sei o quanto dou o meu melhor e busco a excelência o tempo todo, todo o tempo. mas quando me olho no espelho, vejo um sujeito chato que não acha graça em nada macaco, praia, carro, jornal, tobogã,  tudo isso pra mim é um saco.

me olho no espelho e vejo um grandessíssimo idiota. porque quem me conhece sabe o quanto eu odeio dinheiro. odeio, simples assim. e odeio ainda mais precisar tanto dele. e me esforçar tanto para conseguir e nesse esforço, estou vendendo dia a dia valores, princípios. quem sou eu? eu já não sei mais. minha limitação como ser humano é algo que me incomoda. me incomoda mais ainda saber que esta limitação é  culpa totalmente minha.

abdiquei de aprender o que realmente importa. aprendi a manejar uma hp 12c aprendi a apresentar um apartamento como poucos. aprendi a vender o que quer que seja, como poucos são capazes de ser e digo sem medo de ser imodesto, porque falsa modéstia não me convém. aprendi a conversar de igual pra igual com qualquer pessoa, aprendi a tergiversar como poucas pessoas. aprendi tanta coisa, enfim. mas e dai? o que me preocupa é o que eu não aprendi. ou pior, o que eu desaprendi.

eu esqueci trechos inteiros de livros que eu praticamente sabia de cor dado sua importância. eu esqueci movimentos inteiros de obras clássicas que eu simplesmente assobiava feliz da vida. eu esqueci finais de filmes que foram essenciais em minha vida. eu esqueci o final de "cinema paradiso" por exemplo. como pode? como fiz isso comigo mesmo?

a corretagem de imóveis destruiu a minha vida,. simples assim. destruiu. não sou nem sombra da pessoa benevolente, bacana, sorridente, feliz, que eu era antes de 16 anos atras me envolver neste mundo. gosto de ser corretor, mas não gosto do que a corretagem fez comigo. a pessoa que sou me desagrada e quando confrontada com a pessoa que era, me enlouquece. não sei o que fazer. simplesmente não sei.

queria ter escrito um post bacana, que relatasse como estou feliz por ter atingido o que queria atingir. mas acho que acabei com um saco de ouro de tolo nas mãos. a vida é uma loucura pra todos, pra mim, é muito, muito mais. eu não caibo em mim e estou cansado disso.

é isso

ouvindo: J. Cash