Sábado a tarde. Enquanto espero o almoço, vejo um programa chamado "Caixa de Música" na Rede Novo Tempo" o canal da igreja Adventista do Sétimo dia. Da pra no minimo imaginar do que se trata o programa né? O título entrega. Sim, um programa de clipes musicais.
Ando meio desolado com a música em geral e com a música Cristã em em específico. Vivemos um tempo em que os autores, Adventistas ou não, buscam rimas fáceis, arranjos bobos e pessimamente elaborados e sobretudo o triunfo do produto sobre a arte.
Mas sou um otimista. Sempre procuro ver o melhor. Sempre procuro achar que as coisas mudarão que novos artistas surgirão, que a arte triunfará, que elevaremos o nível de exigência a tal ponto que quem não fizer música boa estará automaticamente fora, enfim, eu creio sempre no melhor.
Hoje, minha crença foi renovada. Me deparei com uma música que não é bonita. É linda. E por mais que sim, essa avaliação seja muito ligada ao gosto pessoal de cada um, algumas coisas pairam acima de julgamento por tão boa que são. É o caso desta música, "17 de Janeiro", de Andre e Thiago Arrais.
Eu ouvi e chorei. E ouvi de novo. E de novo chorei. Porque é tão evidente quando uma música é composta para ser música e não produto, composta pra te emocionar sem te manipular e isso é cada vez mais raro, que não tive outra alternativa além de extravasar minha emoção. A música é simples sabe? Não tem uma plêiade de instrumentos ( ao menos não no arranjo que acabei de ouvir) e nem seria o caso de ter, porque a força dela reside exatamente da beleza da interpretação minimalista do vocalista e sua levada no violão, com a percussão discreta de seu irmão ao assim com discreto é o vocal de apoio que ele faz.
Não conheço esses rapazes pessoalmente, não ganho nada para falar bem desta música e de todas as outras músicas que já ouvi desta dupla - eles tem um outro CD anteriormente lançado que para mim é muito bom também, mas quando a apresentadora anunciou que seria exibido o clipe de uma música deles que eu até então não tinha ouvido fiquei feliz e fiquei ainda mais feliz depois de ouvir e agora me pego escrevendo e assoviando a canção que ouvirei ainda umas 500 mil vezes antes de enjoar.
Mas a beleza desta música para além do arranjo, reside em sua letra. Quando alguém consegue escrever algo tão poético como "Das migalhas que desperdiçamos faremos jantar" ou "Só a cruz esconderá quem você não é", a esperança de dias melhores musicalmente falando volta a minha vida. Eu consigo fechar os olhos e imaginar ou melhor, visualizar, o autor na busca incessante da melhor palavra e da melhor forma de coloca-la. Fica claro que não é busca pela rima, isso é pra quem quer rimar "Jesus com Luz", "amor com dor" e acha que escreveu uma obra de arte. Aqui, nesta canção, buscou-se a poesia, a excelência da palavra, percebe-se o compromisso de fazer o melhor e nada menos que isso. Tenho certeza que outras palavras e colocações foram testadas até chegar a melhor possível e ao menos para esta música, nada melhor poderia ter sido composto.
O mais impressionante é que se eu tivesse que definir esta canção, seria com apenas uma palavra: "Simplicidade". E é exatamente por momentos como este que cada vez mais me convenço que a sofisticação mora na simplicidade.
Não poderia ouvir esta canção e ficar indiferente. Precisava dizer o quanto ela me tocou, o quanto ela é linda em sua sofisticada simplicidade e principalmente o quanto ela pode tocar corações e almas que ainda não conhecem a Deus e seu grandioso amor.
Só me resta agradecer aos irmãos Arrais, por trazerem a tona uma canção tão tocante, tão cheia de significados que por mais pessoal que me pareça consegue falar ao coração de qualquer pessoa que o abra para tanto.
É isso.
Ouvindo: Os Arrais
 
 
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