quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Giordano Bruno e um Feliz 2015


Giordano Bruno, nascido Felippo Bruno, até tornar-se um religioso da ordem Dominicana, e adotar o "Giordano", é um de meus personagens históricos favoritos. Se, por volta de 1560,70 eu desse a ele um feliz 2015, ele certamente me responderia efusivamente algo como  "para você também, meu rapaz". Giordano era um visionário, Em 2015 vivemos cercados por parasitas que querem que o mundo acabe em barranco para que tenham onde se encostar.

Giordano era um teólogo, não um cientista, mas pessoas como ele não se encaixam em rótulos e ele formulou a teoria do "Universo Infinito". Ora, qualquer um que saiba minimamente de história, sabe que viver na Europa, na época em que ele viveu e falar em Universo Infinito, afirmar que o Sol não era o centro do Universo e sim apenas mais uma estrela e que a Terra era só mais um insignificante planeta e demonstrar tudo isso de forma elegante era um passaporte para os tribunais da Santa Inquisição Católica e em consequência, ser morto de forma bem pouco agradável (se é que existe alguma forma elegante de morrer).

Adicione-se a isso o fato de que Bruno questionava como religioso, o Marianismo (culto a  Maria. E se você tropeçou no termo, pare de ler meus posts, não suporto ignorantes desinformados), mas enfim, questionou também a Trindade, o Papa, Don e Ravel, a escolha de Felipão para técnico da seleção Brasileira entre outros tudos.  Bruno era um contestador, algo que falta a nossa sociedade, um livre pensador, um termo que acho que já caiu tanto em desuso pela falta deles, pelo estado de submissão intelectual ao qual estamos sujeitos, onde um establishment exerce um controle tirano sobre o que deve ser pensado, e como e também, sobre o que deve ser dito, veiculado e como tudo isso deve ser absorvido pela massa de incultos ávidos por novos emoticons para embelezar suas conversas nas redes sociais. No fundo, como sociedade é nisso que estamos nos tornando: Um grupo de infelizes seres que buscam nos emoticons fornecidos pelas redes sociais a base sustentável de nossos dias lamentáveis e vazios.

Giordano Bruno morreu na  fogueira da Inquisição. Queria eu ter o estofo intelectual, a inteligência nata, a cultura e sobretudo a coragem para morrer por uma(s) ideia que valesse a pena. Quem me dera conseguir formular de forma elegante como disse acima algum enunciado que mudasse radicalmente o mundo e me fizesse cair nas (des)graças do poder estabelecido. Ser perseguido, criticado, ofendido, por pensar de forma diferente. Não ser um gordo conformado tomador de Coca Cola vendo um esporte que nem é nativo de seu País (Futebol Americano) e vibrando com jogadas esdruxulas, violentas que levarão grande parte dos jogadores a terem demência no futuro por conta das pancadas no cocuruto.

Não, Giordano Bruno, não teria tempo para essas frivolidades. Não perderia seu precioso raciocínio pensando em como vender um imóvel que jamais será investimento de verdade a um incauto que jamais será de verdade um investidor. Bruno se hoje vivesse, estaria concentrado em mudar o status político e religioso estabelecido, veria sua teoria ser solenemente aceita e difundida e melhorada e ao invés de se orgulhar e olhar nos olhos dos seus ignorantes perseguidores e dizer " Eu bem que disse!", começaria imediatamente a trabalhar na próxima ideia revolucionária. Bruno não era um frívolo tolo. Eu sou. Mas mesmo assim o admiro e de certa forma cultuo a forma com que viveu sua breve porém prolífica vida.

Finalmente chegamos em 2015 e diversos tolos passaram o ano vestidos de branco para atrair sei lá o que. Muitos fizeram as suas resoluções que em menos de uma semana se irão como as brumas se vão por mais densas que pareçam ser. Aceitamos tudo isso, com uma estupidez bovina. Achamos graça de um mundo que caminha para o caos absoluto. James Lovelock, uma das mentes mais brilhantes vivas e ativas hoje em dia em nosso planeta diz que 6 bilhões de pessoas morrerão vitimas das mudanças climáticas. Não estamos nem ai. Queremos nossos SUV'S, queremos lava-los uma vez por semana e não aceitamos lavagem a seco. Queremos morar em grandes casas, aptos, queremos uma redoma que de segurança apenas para  nós mesmo e os nossos. Não compartilhamos nada. Seja ideias, seja ideais (esses ninguém mais tem), tempo, amor, carinho, dinheiro (compartilhar dinheiro? vai por o post a perder com uma afirmação tola dessas???) não compartilhamos nada, pois tudo tem que ser para nós mesmos em uma sociedade que cada vez mais se orgulha do nível de egoísmo ao qual está chegando.

2015 está ai. Desejo tudo de bom para você que está lendo, mas não creio que muitas coisas boas acontecerão. Não estou me tornando um pessimista amargo, nada disso, muito pelo contrário, mantenho meu otimismo, mas o temperei com uma dose de realismo para este ano. Em um mundo em que não existem personas sequer parecidas com a de Giordano Bruno e se houvessem muito provavelmente seriam sufocadas, só nos restas ver mais 365 dias passando ante nossos olhos e torcer para conseguirmos chegar ao fim deles de forma ao menos, integra. Tudo de bom, tudo de paz e sobretudo que Deus, nosso Pai de amor, habite em nosso coração e que nos lembremos dia a dia que para isso, temos que permitir que ele se mude, pois Deus não é um integrante do MST  que toma posse do que não lhe pertence. Opa, isso me deu uma ideia para outro post, mas tenho 364 dias para escreve-lo.

É isso.

Ouvindo: Lulu Santos, Léo Jaime.

Nenhum comentário: