domingo, 8 de fevereiro de 2015

Loucas pra casar, um filme que funciona apenas por conta de sua protagonista.


O filme é realmente muito bom. Mas apenas por conta de sua protagonista. Antes de me derreter em elogios para Ingrid Guimarães, preciso execrar o que não funciona no filme e quase o coloca a perder. Vamos lá:

Marcio Garcia.  É  e sempre será, seja qual for o papel a desempenhar, um poste. Um poste lindo, reconheço, mas um poste.  Não tem o timming cômico que faz a piada funcionar a perfeição, não tem o drama introjetado em seu ser, em suma, é um poste como já disse. Neste caso, funciona como uma âncora que tenta afundar o filme o tempo todo e graças a Ingrid Guimarães que é a antítese de  Garcia,  filme não aderna.

Fabiana Karla. Até Selton Melo caiu no conto  da gordinha que finge que é atriz e lhe deu uma ponta em seu magnífico, espetacular e quase perfeito "O Palhaço". Para mim, Fabiana serve apenas para preencher cotas e já preenche duas. A dos nordestinos e  dos obesos. Levando-se em conta que não nem bonita e nem talentosa, ao contrário, é um muro barrando o avanço de quem contracena com ela, só resta achar que ela é muito legal ou muito puxa saco. Ou os dois. Suas cenas só não foram jogadas no lixo porque Ingrid Guimarães estava em todas elas na que não estava, um copo cheio de pão de queijo foi mais expressivo e interessante que ela.

Tatá Werneck. Não funciona para levar um personagem durante um filme todo. É ótima no improviso. No Filme, não arranca nem um mero sorriso, pois presa a um roteiro seus improvisos não acontecem e sem a arma do inesperado, sem poder surpreender, é pouco mais que uma atriz esforçada que não chega a lugar algum. Mais uma vez, Ingrid Guimarães salva o dia ao contracenar com ela em quase todas as cenas.

Diretor do filme. O filme tinha um?  Como quase todas as produções nacionais, este quesito, o do diretor do filme, é de uma indigência de dar dó. Não se percebe uma coesão, um direcionamento  que alinhave o filme em momento algum. O que temos são atores seguindo seus instintos, uma direção opaca, incompetente chegando a ser tosca. Falando na fotografia, é apenas correta, brasileiro não sabe fazer um filme que tenha uma fotografia que preste, que encha os olhos. É sempre mais do mesmo.

Agora sobre Ingrid Guimarães.

Se mérito há neste filme é a sua presença. Se fiquei com vontade de vê-lo novamente é por causa dela. Se o filme presta, em suma, é por conta de seu imenso talento. Ingrid é um dínamo, mas toda esta potência tem um controle absurdo por parte dela mesma que sabe muito bem o que está fazendo e de sua imensa responsabilidade como atriz que carrega o piano sozinha.

Para mim, Ingrid é o nosso Adam Sandler. Se Adam Sandler colocasse um vestido e falasse Português, interpretaria como Ingrid,  pois ele também é o comediante que tem o poder de virar a chave em plena cena e ser o mais dramático dos atores e se precisar virar novamente para a comédia. São ambos atores que estão muito acima dos rótulos, que funcionam e trafegam em todas as vertentes da interpretação e para mim ao menos é reconfortante saber que o cinema brasileiro conta com uma atriz deste porte.

Loucas para casar é a prova que mesmo um bom argumento não pode preceder de ter a melhor atriz ou ator que puder e no caso desta película, ela contou com a interpretação ímpar de Ingrid e isso fez toda a diferença. Não se faz um bom filme com atores medíocres embora seja injusto que um tenha que carregar o piano para todos os outros as vezes, mas fato é que sem Ingrid, a gordinha e o poste iriam colocar tudo a perder com sua absoluta falta de talento e sua presença sanou este aspecto.

Loucas para casar é entretenimento de primeira, embora as suas duas últimas pretensas piadas quase  coloquem o filme a perder. Assista sem compromisso e surpreenda-se.

É isso.

Ouvindo:Jimmy Durante

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