sexta-feira, 20 de março de 2015

Eu Corretor de imóveis, eu Lampião sem bando, Eu Antônio Conselheiro, eu um débil mental funcional.


Sim, quanto mais messiânico no discurso, nas atitudes, na crença desmedida melhor. Aqui não cabem pessoas sem fé, sem uma visão absolutamente crente no mundo em que vivemos. Não se trata apenas de positivismo não. Nada disso. Tem que ir além, tem, que ter fé e fé cega. Fé no discurso, no mercado, acreditar que quanto pior melhor e quanto melhor, melhor ainda. Não existem nuvens escuras para o verdadeiro Corretor de Imóveis. Chuva então, to fora. Cai no quintal dos outros e na Cantareira, onde está precisando. No meu mundo, só o Sol brilhando, com força, deixando tudo lindo. Ser corretor é isso. Não me venha com seu realismo demolidor. Eu tenho o meu próprio realismo e nele, todo dia é dia de vender.

Se eu vendo todo dia? Claro que não. Se eu vendo toda semana? Não também. Se eu vendo todo mês? Um pelo outro, sim. E a conta é essa. Um pelo outro. No minimo 12 unidades no ano, é assim que tem que ser e pra ser assim tem que acreditar. Todo dia, toda hora, todo minuto. Sem cessar, sem fraquejar, fé cega, faca amolada. E o brilho cego da paixão. Não é assim que Bituca diz? É assim que eu acredito.

Eu sou messiânico sou quase "Sebastião", sou o "O Quinto Império"  (e meu amigo, se não entendeu as referências, não está a altura do texto, pare de ler) eu acredito, eu espero eu corro atrás, minha profissão é uma missão,  e no entanto sou um líder de mim mesmo,  de ninguém mais sou um profeta que  profetiza apenas para mim mesmo, me lixando para quem se dispõe a me escutar. Cago pra quem é besta o suficiente pra me ouvir, minhas idéias são minhas e cabem apenas no meu espectro de atuação. Não quero seguidores, nem admiradores, apenas que me deixem fazer meu trabalho em paz.

Eu amo ser Corretor. amo! SEMPRE será parte de mim. Amo, tenho devoção, respeito, necessidade de ser. Não quero ser gerente, supervisor, coordenador e muito menos incorporador, este ser insensível que vive pra foder com os corretores. Não, meu negócio é barriga no balcão, conversa com cliente, olho no olho, catequizando-o, discursando de forma inflamada, sendo um evangelista ensandecido que mais que vender, precisa convencer.

Por que se meu cliente comprar apenas por comprar, eu falhei. Ele tem que saber que fez um bom negócio, ele tem que estar feliz, ele tem que me amar por ter vendido a ele, ele tem que se apaixonar por minhas palavras, tem que me indicar amigos, parentes, oferecer um altar em sua casa com minha foto e frutas frescas e sempre que passar por este altar emocionado mandar um beijo para a minha foto, afinal, eu o conduzi ao melhor negócio que ele podia fazer naquele momento. Eu sou um "Borboleta Azul" da corretagem.  E não, não vou explicar mais esta referência, mas se estou falando de messianismo, talvez os termos entre aspas se refiram a movimentos messiânicos não? Ou literatura especifica sobre o tema talvez? Enfim, eu amo minha profissão com um amor tão puro, que ganhar dinheiro é quase que uma conspurcação da mesma, quase que tolda a aura de beleza que envolve o ato de vender, faz com que uma nuvem pouse no fim do evento da venda, afinal a porra do vil metal se meteu entre eu e meus clientes.

Eu sou um Lampião sem bando, eu sou um Antonio Conselheiro, peregrino, que faz da corretagem minha segunda religião, um líder que se basta por si só, eu sou um louco delirante que nem quer saber quem entrou porta a dentro do plantão, desde que eu consiga vender para ele. Se não vender, quero que ele seja feliz longe de mim. Eu sou a personificação da vontade de vender.

É isso.

Ouvindo: Rebecca St James

Nenhum comentário: