Sempre digo o que ouço ao escrever meus textos no final, mas neste caso, entrego agora, estou ouvindo uma obra prima da música popular brasileira, "Txai" de Milton Nascimento. Milton, a mais de 20 anos atrás já gritava contra toda esta bandalha que estamos agora assistindo. Mas não fez de sua música bandeira. Fez de sua música uma homenagem a Índios, Ribeirinhos e sobretudo a vida. A vida da floresta, a vida das pessoas, a Biodiversidade que é a vida explodindo diante de nossos olhos.
Acontece que enquanto Bolsonaro ataca as ONGS, Macron ataca Bolsonaro e a Europa como um todo que sim, nunca lidou muito bem com suas próprias questões ambientais, busca tirar proveito das trapalhadas do governante de plantão no Palácio da Alvorada, que, sofre é a biodiversidade que se encontra ali e sobretudo, os ribeirinhos. São mais der 20 milhões de habitantes, a grande maioria desprovida do mínimo necessário para se viver em todas as áreas. Uma gente que luta contra a falta de saneamento, doenças recorrentes como a Malária, madeireiros inescrupulosos, falta de educação, de políticas publicas das mais diversas, enfim, uma gente que não tem nada, desvalidos que tiram dos rios e matas em seu entorno o seu sustento e claro de forma completamente errada, já que mínimas são também as iniciativas de inclusão deste povo a uma cultura de manejo sustentável de suas riquezas.
Bolsonaro não pode ser inserido neste debate pois não entende o que se passa a sua volta. É o primeiro presidente café com leite em TODOS os assuntos. é como se colocassem um cara bacana, que constrói sobrados geminados para vender, algo como, 4, 5 sobrados desses por ano em uma reunião com presidentes das maiores incorporadoras do mundo. Não do Brasil, mas do mundo. O que teria ele a dizer? Nada! Então, bem faria Bolsonaro se apenas saísse a Francesa (piada podre!) do debate e deixasse que cientistas sérios tocassem este assunto.
Bolsonaro foi a TV e rádio ontem a noite. Não para dar uma satisfação, mas para atacar os líderes Europeus e dizer o que todos sabem: que eles não são exemplo. Acontece que não temos tipo para isso. O país precisa de atitudes rápidas, eficientes e práticas que resolvam as queimadas. Resolvidas as queimadas, precisamos criar políticas sérias para que elas diminuam ano a ano, não evoluam como tem acontecido. Atacar ONGS, (e depois desdizer o que disse, que feio!), atacar o Macron, nada disso resolve nosso problema, só escancara o despreparo. Até quando será assim?
Bolsonaro e seu governo não tem uma política séria para a população que vive nas franjas da floresta. Sob seu governo as multas aplicadas pelo Ibama caíram aos níveis mais baixos desde a sua fundação. E a população dos estados envolvidos na Amazônia continua cada vez mais pobre e sem rumo. Há que se constituir políticas públicas de forma célere, que os tirem da situação calamitosa em que vivem, que os insira na economia que a floresta pode constituir, que os faça ter uma vida digna com saúde acessível, envolve-los com a conservação de seu habitat, lembrar-lhes da importância de se preservar para as futuras gerações. Sem isso, seus filhos e os filhos dos seus filhos apenas perpetuarão a pobreza vivida por eles hoje.
Esta claro que hoje a população que ali vive é completamente abandonada tanto pelo poder público Estadual como pelo Federal que lembra-se deles apenas a cada quatro fatídicos anos sendo que as tais ONGS, que Bolsonaro tanto odeia são muitas vezes o único alívio que existe na vida de tantas e tanas pessoas.
Não sou um ingênuo, no entanto. Sei muito bem que existem sim, ONGS das mais picaretas tomando dinheiro que deveria chegar a população e elas devem ser combatidas com todas as forças pelos canais competentes. Mais ainda sei que os interesses Europeus e Americanos não são puros e inocentes, muito pelo contrário. Mas sei também que exatamente por este motivo deveria o nosso Governo Federal se preocupar menos com quem será embaixador na Trumplândia e mais com os desvalidos que moram na porção Norte do país.
Vivemos uma época em que o descaso é cada vez maior. Não importam de forma alguma as pessoas e sim o que elas podem oferecer. No caso das pessoas que ali moram, a crueldade é maior, pois não são elas que auferem os lucros com o agronegócio desenfreado e o garimpo ilegal e não podem sequer contar com as migalhas que sobram. A eles, é destinado apenas o que o Estado, essa figura abstrata e invisível possa querer em algum momento ofertar.
Não tolero a bobajada do tal de prayforamazonia, mas sei que os filhos do Eterno que ali habitam, precisam sim de nossas constantes orações. Que Deus se apiede de seus filhos que ali habitam!
É isso
Ouvindo: Milton Nascimento e seu soberbo álbum, TXAI
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