quinta-feira, 4 de abril de 2024

Eu Contra a Felicidade

 

Não é que eu tenha algo contra a felicidade. De verdade, não tenho nada a dizer que a desabone. É um sentimento legal, bacana de se sentir, eleva a alma, creio até que faz bem para o físico.  Eu vejo pessoas felizes por todos os lugares. Elas estão em anúncios de T.V  que tentam me vender geladeiras, fogões, colchoes Emma e mais uma infinidade de coisas que eu não preciso. Eu vejo também pessoas felizes no Instagram.

Chega a ser surreal o fato de que ali, no Instagram, ninguém é infeliz. Todos postam suas melhores fotos que emanam os melhores sentimentos, que exalam felicidade mesmo que não seja possível sentir o cheiro de nada (ainda) pelo celular. Ali, as pessoas riem de tudo, viajam, colocam suas melhores roupas, distribuem seus melhores abraços em fotos lotadas de filtros que as deixam muito mais lindas do que elas mesmo poderiam imaginar. O Instagram esta para a felicidade como a Cocaína está para  euforia.

Eu, por meu turno, não sei ser feliz, Seja no Instagram onde meus stories não tem fotos minhas para não declarar minha cara de tacho seja na vida cotidiana, a felicidade para mim é uma luta que não consigo vencer, uma realidade que não sei viver, uma dádiva que nunca é dispensada a mim. Não que eu seja uma pessoa depressiva, um infeliz contumaz, longe disso. Eu sou apenas aquele que fica no limbo entre a alegria e a tristeza, um lugar onde os sorriso são amarelos e as comemorações quando existem, são contidas, recatadas, parecem ter vergonha de acontecer.

Não, não tem haver com merecimento ou falta dele. Eu me acho merecedor da felicidade, mas ela não se achega a mim. E não se achega porque eu bloqueio exatamente pelo medo e a certeza de que ela é um sentimento que não me pertence e assim não vai durar quando me alcançar. Quando ela resolve vir a mim, ela não é uma lufada de ar fresco. É mais uma brisa leve e rápida que não embriaga, não arrepia, apenas passa e com um frêmito rápido vai. Quando dou por mim, ela já me deixou. Melhor então, não tê-la.

Por qual motivo eu iria ansiar por uma sensação tão efêmera? Uma sensação que não me satisfaz, apenas inicia um processo que não vai se encerrar? A felicidade não é para mim. Eu vejo pessoas em programas de televisão gritando porque algo bom aconteceu a elas ou algo que elas acham que é bom e me pergunto de onde vem essa energia toda. Eu vou a igreja e vejo as pessoas cantando de forma derramada, com gestos e danças, com vozes elevadas e me sinto deslocado, me sinto um ET que não consigo sentir como os outros. Eu amo ouvir as canções, amo ouvir a afinação (quando há) das vozes, mas me sentir feliz? Não, não é para mim.

A principio, parece que sou contra a felicidade. Não, não sou. Queria ser amigo dela. Não melhor amigo, mas gostaria de merecer seus favores ao menos de vez em quando. Não sei lidar com a felicidade, não sei conviver com ela e creio que seja por este motivo que ela se desvia de mim. De que adianta ela se apresentar a mim se não saberei desfrutá-la? A felicidade não é para todos e definitivamente não é para mim.

É isso.

Ouvindo: The Carpenters

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