Fato é que vivemos em um mundo de dores não acolhidas. Um mundo onde somos todos refratários ao sentimento do outro porque nosso tempo é muito curto para ser desperdiçado com o choro de outra pessoa, com o consolo que alguém precise, com as demandas emocionais que não partam de nós mesmos. Olhamos estarrecidos as pessoas que se permitem sofrer e deixcar claro esse sofrimento como se todos tivessem a obrigação de ser forte o tempo todo e desabar ante a triste fosse sinal de fraqueza.
Com o advento das redes (anti) sociais, é proibido ficar triste, é proibido ter qualquer sentimento não "instagramável" pois o que conta é o raio de Sol brilhanto sobre nossas cabeças ainda que seja um Sol cenográfico, um Sol que não brilha de verdade, apenas parece brilhar.
Eu quero ter direito de sentir minhas dores. Quero ter o direito de mesmo sem o acolhimento que talcvez minorasse o sofrimento, sofrer. Quero ainda que calado, gritar da minha tristeza quando precisar. Quero ser sombrio quando eu quiser, sem ter a obrigação de parecer solar, porque ninguém que é solitário como eu, é solar. A solidão te coloca em um patamar onde todos os dias são nublados ainda que o Sol esteja brilhando e ainda que as pessoas estejam rindo ao seu redor. A solidão esta se,mpre no centro do solitário e o entorno pouco importa.
Para mim é mais que normal não sentir-me acolhido pois o acolhimento não foi feito para pessoas como eu, pouco simpáticas. Eu me viro comigo mesmo e minhas emoções e ainda que as vezes as dores pareçam maiores do que minha vontade de suportá-las, me resta seguir aceitando que é assim que a vida é, ou ao menos é assim que ela se apresenta para mim.
Não reivindico que quem quer que seja me ouça, não existe tal obrigação no mundo, mas acho que existe a obrigação do respeito, da empatia minima com quem sofre ainda que não se queira o envolvimento positivo, não se deve ter a interferência negativa, quando falamos da dor alheia sem conhecimento de causa, baseado apenas em nossas percepções que na maioria das vezes não equivocadas.
Eu quero viver com minhas dores. Prefiro claro, não as tê-las, mas se preciso for quero senti-las e se ninguém me acolher, tudo bem, que apenas não me julgue. Sem julgamentos, já serei feliz mesmo em meio as dores.
É isso.
Ouvindo: Rebeca St James
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