domingo, 20 de março de 2016

A arte de Joey and Rory Feek


A Country Music Americana é talvez o meu estilo favorito de música. Um som honesto, que é emocional, conta histórias lindíssimas, deu ao mundo artistas de qualidades inegáveis e músicas que tocam o fundo do coração e da alma.

Seus artistas, seja falando sobre amores perdidos, impossíveis, sobre as belezas de sua terra conseguem arrancar suspiros da mais empedernida personalidade. Quando falam de Deus e de seu amor então, beiram a perfeição. é um som que brota naturalmente no dedilhar de um violão no sentimento com que as teclas de um piano são tocadas, na harmonia das vozes que se encontram em perfeita conjunção. O Country é emoção em estado puro.

Tomei contato esta semana com o trabalho de uma dupla Joey e Rory Feek. Joey, infelizmente morreu de câncer recentemente, mas a forma com que seu trabalho foi desenvolvido, alcançado o patamar de arte, não de produto pura e simplesmente, oque os coloca de cara em outro patamar.

Sentir verdade transbordante esto de um artista hoje é a coisa mais difícil do mundo, a verdade é esta. Seja  cristão, seja secular, o artista hoje em dia está mais preocupado em parecer do que ser. Em atender expectativas do que em  cria-las. Vender é a meta, não tocar o seu público com uma mensagem genuína. Joey e Rory tem um trabalho que extrapola em muito a todos estes lugares comuns. Joey e Rory são artistas Country, se vestem como tal, se comportam como tal,  vivem como tal e por tudo isso emocionam como poucos.

Um artista não é só o que ele veste, ou canta, mas sim um conjunto de tudo o que ele acredita. A vida de um verdadeiro artista deve sim se confundir com sua arte, deve ter ecos de sua arte e vice versa pois a simbiose do que é o artista e o que é a pessoa é fundamental para o balanco entre um e outro. E a arte de Joey e Rory Feek conseguiu chegar exatamente neste nível. Seja cantando standarts da Country Music, seja cantando hinos clássicos em formato  Country,  A beleza de suas vozes e o instrumental mais que competente, perfeito, faziam com que os seus concertos fossem experiências únicas

Poucos artistas são verdadeiros como eu disse a poucos e poucos artistas conseguem emocionar de forma tão marcante quando são executados. Joey and Rory Feek certamente estão entre os poucos que conseguem com méritos tal façanha.

É isso.

Ouvindo: Joey and Rory Feek

quarta-feira, 16 de março de 2016

" Velho Chico", a arte em estado puro.


Bastaram dois capítulos de "Velho Chico" para deixar em estado  de choque (positivo neste caso), os que gostam de programas de qualidade na TV.  Martin Scorsese disse a um tempo atrás que " o melhor cinema do mundo hoje em dia  se faz na TV". Claro que existe uma hipérbole clara nesta declaração, mas ainda sim muito dela é verdade. A TV, quando bem feita, é imbatível como produtora de conteúdo para entretenimento em geral.

Nunca duvidei do padrão de qualidade da rede esgoto, quando eles querem, fazem. E fazem com esmero, com qualidade, com vontade. O problema é que ultimamente seus autores entregavam textos imbecis que resultavam em um resultado estético idem, desprovido de imaginação, onde ao emendar uma novela ruim após outra ainda pior, tudo o que ela conseguiu foi derrubar seus níveis de audiência a patamares dramaticamente baixos.

"Velho Chico" surge como uma tentativa de virada e ao que parece, será bem sucedida. Sua estréia com 35 pontos de audiência e share de 52% em São Paulo e 58% no Rio de Janeiro, mostra que a maquina talvez tenha entrado nos trilhos. A tendência é que a audiência aumente e talvez chegue na casa dos 40 pontos número que a rede esgoto a muito tempo nem sonha em ter no seu Prime Time.

A novela de Benedito Ruy Barbosa vai na contramão ao mostrar que sim, o povo gosta de arte, não quer soluções fáceis, textos mastigados nem nada do gênero. O povo quer  qualidade, sim e "Velho Chico" entrega exatamente isso: Qualidade, arte em estado puro.

Fotografia de cair o queixo, atores em atuações basicamente sem erros, muitos deles como Rodrigo Lombardi e sobretudo Carol Castro estão tendo as atuações de sua vida. Nada menos, nada mais e dificilmente terão desempenhos assim novamente. De Rodrigo Santoro, e companhia bela que se apresentaram até aqui, inclusive o grande Tarcísio Meira, nada além do esperado, atuações soberbas e seguras.

Outro fator que faz com que "Velho Chico" seja uma novela com a muito não se via é sem dúvida a direção de Luís Fernando Carvalho. Segura, contida, o que é uma surpresa vindo deste diretor e ainda sim com imagens de tirar o folego, dificilmente "Velho Chico" será uma novela que vai deixar a peteca cair com o tempo. Ao contrário, a tendência com a entrada na segunda fase com atores tão bons quanto na primeira é que ela fique ainda melhor, com conflitos ja bem aprofundados e seus motivos devidamente delineados.

A rede esgoto enfim entregou um produto como a muito tempo não entregava e isso é digno de nota. Assim como também é digno de comentário a escolha da trilha sonora. Apenas músicas excelentes e em interpretações memoráveis. Depois de muitos anos vale a pena sentar-se em frente tv para ver uma novela da rede esgoto, a verdade é esta.

É isso.

Ouvindo: Caetano Veloso

segunda-feira, 14 de março de 2016

Benedito Rui Barbosa, Velho Chico e o direito de não gostar de contar histórias sobre "bichas"



Benedito Rui Barbosa, um dos melhores novelistas brasileiros estréia hoje na Rede Globo com sua nova novela, "Velho Chico". Após uma série de novelas ditas "reais", que tiveram ibopes decepcionantes para dizer o mínimo antes de mais nada por  se tratarem de histórias ruins,  a Globo recorre a velha formula de contar uma história sobre Coronéis Nordestinos com nomes consagrados de seu casting encabeçando o elenco.

Pelas primeiras imagens, a trama promete. Fotografia deslumbrante, trilha sonora muito bem pensada e escalação de elenco ok. A possibilidade de exito é muito grande porque quando atores tem em mãos um texto que presta seu trabalho fica muito facilitado e Benedito escreve sem afetação, pensando no público e sempre entrega grandes histórias.

Claro que não dá pra falar ainda sobre o que será da novela, uma vez que ela ainda nem estreou mas é possível falar da "polêmica" (há palavrinha safada!),  sobre uma declaração de Benedito sobre não gostar de contar histórias de "bicha". pra que ele foi ser sincero???  Neste mundo louco mundo que vivemos, isso é crime em último grau.

Benedito disse que não gosta de contar tais histórias porque  crianças assistem novelas e nem todos os pais sabem explicar essa questão da homossexualidade. Disse também, e eu acredito, que não tem nada contra homossexuais, apenas não quer contar suas histórias. E ele não tem este direito afinal de contas? Sim, tem, mas desde que não conte e também não diga que não conta, porque se disser, vai ser tachado de homofóbico.

Estou farto disso. Estou farto de não poder viver em um mundo onde ninguém possa dizer o que pensa porque vai ofender determinado grupo. Estou farto de um país onde um acéfalo como Jean Wyllys se acha no direito de rotular alguém como odiador de homossexuais apenas porque a pessoa não concorda com a referida prática. Desculpe a suposta falta de educação e senso estético, mas apesar de NÃO DAR  O CÚ,  defendo o direito de quem gosta. Quer dar, dê. Dê a vontade, todos os dias, toda hora assim como eu gosto de sexo hétero e o faço sempre que possível com o minimo de intervalo possível. Mas entre defender o direito de quem quer dar  e aceitar como algo natural, há uma diferença cavalar. Não aceito, não acho bacana, mas não me agride, não me ofende e  minha vida segue.

Agora tenho que ser cerceado por externar meu pensamento? Viro perseguidor de gays por não gostar das práticas? Não me basta aceitar? Tenho que endossar? Isso é loucura, o mundo virou uma loucura sem limites onde uma minoria pretensamente intelectual quer impor  a sua vontade de forma a desqualificar qualquer opinião contrária a sua ridicularizando quem pensa de forma diferente. Pluralidade virou artigo de luxo nos debates hoje em dia o que os torna rasos e sem conteúdo ja que um debate prevê a troca de ideias, não o endosso de uma única linha de raciocínio. Jean Wyllys sempre foi patético, mas esta cada vez mais extrapolando o direito a falta de bom senso com declarações cada vez mais fora de esquadro.

Não se trata aqui de endossar ou não o que disse Benedito, mas como disse Rodrigo Lombardi, ator da trama que Benedito esta escrevendo, falta ao mundo hoje em dia, humor. Falta também leveza, falta entendimento também e falta sobretudo sabedoria para separar o que merece destaque e o que não merece. Benedito tem todo o direito de não contar histórias sobre "bichas" e  de externar seu pensamento e ninguém precisa se ofender por conta disso.

Mais amor, por favor.

É isso.

Ouvindo: Legião Urbana

domingo, 13 de março de 2016

Hoje é dia de protesto


Quer ir as ruas, vá! Fique a vontade. é pra derrubar a Dilma e o PT? Beleza, eles representam toda a bandalha na qual o Brasil esta chafurdando até o pescoço. Não valem 10 e uma cocada, são pessoas a quais deveríamos sem dúvida alguma sentir repúdio, raiva. Pessoas que deveriam ser penduradas em praça pública e tomar uns bons catiripapos. Isso pra começar.

Mas estas manifestações me fazem pensar sabe? Somos nós um reflexo do PT que nos governa, ou o é o PT o reflexo do povo que comanda? Não se trata de querer ser diferente e muito menos de tentar defender o indefensável. mas o nível de hipocrisia ao qual chegamos é assustador! Somos um povo que sonega impostos, somos um povo que  paga "um por fora" para não ser multado, somos um povo que adultera velocímetro de carro quando vai vender um usado. Somos um povo que paga e aceita propina de forma indiscriminada, que não devolve troco quando ele vem a mais para nossa mão, somos um povo que faz "gatonet" para ter canal a cabo de graça.

Somos o povo evangélico mais trapaceiro que existe pois praticamente destruímos a chance de artistas evangélicos se manterem com seu trabalho por  preferir sem pudor algum piratea-lo.  Somos um povo quando compra imóvel tenta pagar uma parte com dinheiro não declarado para fugir dos impostos. Vemos apenas o nosso lado, o tempo todo. Votamos não em idéias, mas em pessoas e a cada eleição elegemos as mesmas para depois reclamar por mais quatro anos. Achamos lindo apresentadores de TV fazerem assistencialismo barato para ter ibope ao invés de brigarmos por mais emprego, saúde e educação. Somos um povo de analfabetos funcionais e nem nos importamos com isso porque assim empregadores podem pagar menos para eles, Aceitamos fazer faculdade a distância sem ter qualquer referencial sobre a instituição de ensino que oferece os cursos. Somos, enfim, um povinho bunda.

Diante de tudo isso queremos que Dilma e o PT saíam do poder. SE 10% do povo que vai  a estas manifestações ao menos soubessem quem assume caso ela caia, eu ficaria satisfeito. Não sabem. Vamos lá galera,  vamos protestar sobre nem sabemos direito o que. Isso é legal demais... Fazer papel de bobos e de falsos honestos, pois a honestidade é uma característica que não aceita meio termo nem firulinhas. Ou se é, ou não se é. Simples assim,

Se o povo brasileiro fosse tão cheio do caráter que exige de seus governantes, não seria governado por eles. Simples assim. A falta de retidão de caráter nos levou a este estado em que estamos e ainda queremos agora gritar por honestidade??? Ta bom então... Se mudarmos nós, automaticamente, mudamos o país.

É isso

Ouvindo: Vencedores por Cristo

sexta-feira, 11 de março de 2016

Regina Mota, a que não faz concessões.


Nos dias de hoje, é cada vez mais difícil ser um artista  autêntico, seja ele cristão ou não. Vivemos em um mundo em que as pessoas cada vez mais acham que produtores, cantores, enfim, pessoas que trabalham com a arte, devem trabalhar pelas suas demandas. Livros devem ser escritos sob medida para o que cada um gosta de ler, músicas devem ser compostas levando em conta apenas o gosto muitas vezes (na maioria das vezes) raso de quem as escuta e por ai vai. Em um cenário desses, gravadoras e músicos fazem cada vez mais concessões.

Desprezo músicos assim. Vejo  um músico, seja ele cristão ou não, como alguém que tem algo a dizer. Se ele não tem algo a dizer, não deve gravar nada, pois acaba virando assessoria de imprensa. Gravar o que produtores determinam a mando das gravadoras e pior de tudo, gravar querendo agradar ao público é ser subserviente e a subserviência não combina com a liberdade que o músico deve ter para ser respeitado.

O que mais se vê hoje em dia são "artistas" se comportando como bois em uma manada. Fazendo todos o mesmo som, do mesmo jeito e  querendo agradar ao mesmo público. Esquecem-se que a originalidade é o fio condutor da arte, que a independência quanto ao que se canta e compõe e sobretudo a certeza de que se esta fazendo a coisa certa é que define a qualidade de um trabalho como aceitável ou não. Alheios a isso, a grande maioria dos artistas hoje imploram aceitação por parte do público que buscam atingir e se comportam como bobolinos vendidos que cantam não do que gostariam mas do que querem que eles cantem. Deplorável.

Neste sentido, Regina Mota sempre foi meu modelo de artista. Lançando cds de forma bissexta, sem pressa entre um e outro, fazendo parecer que cada um deles é o último que ela lança, só presenteia seu público pequeno porém fiel quando tem algo a dizer. E é ai que ela me ganha, pois o que ela tem a dizer, sempre tem um conteúdo consistente e recheado não de lugares comuns, mas de fraseados que pedem reflexão, que pedem para serem ouvidos com calma, com atenção e sobretudo deleitando-se com arranjos que se são absolutamente econômicos, não significam nesta economia que indigentes sejam. São na medida, não agridem a ouvidos sensíveis com notas desnecessárias e nem firulas que nada agregam. Regina é a interprete que entrega o que a música pede nada além disso.

Não quero aqui dizer que interpretes mais exuberantes por assim dizer não sejam bons cantores e não produzam bons trabalhos, nada disso um grande exemplo de interprete exuberante é Leonardo Gonçalves e um paralelo entre ambos é quase inevitável, pois ambos entregam uma mensagem necessária e pensada para tocar corações e sobretudo mentes daqueles que as ouvem, mas entregam cada um a sua maneira uma mensagem limpa, sem ruídos. Regina com seu jeito econômico e Leonardo exuberante como só ele sabe ser, não fazem um trabalho repleto de lugares comuns e escondem uma ou outra música que digam o que eles querem dizer no meio deles, não. Ambos falam exatamente daquilo que precisam falar.

O repertório de Regina é sempre um capítulo a parte, talvez  o mais importante em toda a sua produção. Músicas que encaixam com sua interpretação, músicas que contam um boa história ou falam de assuntos que tocam a audiência de forma que ficar indiferente não é uma opção. Regina Mota é uma cantora que vai além do simples ato de entregar uma interpretação, ela faz com que a mensagem te toque e isso, é raro demais ons dias de hoje.

Regina, enfim, é uma artista que fala através de suas canções, ou das canções de outros compositores que escolhe para gravar, daquilo que ela entende ser importante dizer. Creio que como uma artista cristã ela tenha evidentemente um direcionamento de Deus na hora de produzir seus trabalhos, mas creio também  que a sua necessidade de ser quem ela é, sem filtros e máscaras fica evidente a cada música que ela interpreta. para mim, é a melhor artista cristã do Brasil

É isso.

Ouvindo: Regina Mota

terça-feira, 8 de março de 2016

Mulheres do Haiti X Mulheres de Atenas


Chico Buarque cantou sobre as mulheres de Atenas, aqueles que se banham com leite e se arrumam, e tem melenas, morenas. Cuidam dos maridos e tals. Fodam-se as mulheres de Atenas se quer saber o que eu penso. Eu quero mais é falar das mulheres do Haiti.

Essas, as do Haiti, não vivem para seus guerreiros maridos, porque a maioria não os tem. As que tem maridos, provavelmente ao contrário dos homens de Atenas os tem para os ver se embriagando de chachaça, não de vinho, e também provavelmente tomam umas boas bordoadas por conta desse hábito.

As do Hati, não se perfumam para serem amadas, e muito menos  se banham com leite. Não são loucas de deixar de dar o pouco de leite para os seus filhos quando leite há, e perfume é uma quimera, assim como a água em seu país, então é certo dizer que elas mal se banham. Não se banham,  e ainda sim vivem, porque viver é o que resta e se hoje é dia internacional das mulheres,  só as Helenas de Atenas o sabem, as Franciscas, Joanas, Marias e tantas outras do Haiti, não fazem ideia do que seja esse dia, porque ele existe e o que ele celebra. ( Em sua defesa a maioria descerebrada das mulheres brasileiras também não faz ideia do que comemoram e porque).

As mulheres de Atenas, a espera de seus guerreiros voltarem com seus despojos de guerra, cuidam dos filhos, cuidam da beleza e bebem da sabedoria de seus filósofos. As do Haiti, vivem de restos, são restos o que comem, são trapos o que vestem, são indignos os seus dias e seus maridos, ou vivem como elas ou fogem e as esquecem. São mães, são guerreiras, mas jamais terão despojos para dividir, terão apenas suas angústias, tristezas e a falta de visibilidade que as torna mulheres não do Haiti, mas invisíveis.

Chico, em sua canção, pedia para que o ouvinte mirasse no exemplo das mulheres de Atenas. Elas tinhas melenas, lindas madeixas,  morenas, loiras,  as do Haiti, tem um cabelo carapinha, e não sabem o que é um shampoo, no máximo uma barra de sabonete doada por uma organização não governamental já que o Haiti nem governo tem. As mulheres do Haiti, não comemoram o seu dia, são seres medievais, pessoas que choram e vivem  de forma tão medieval como sua triste figura.

Chico  um exímio compositor e um cantor nem tanto, jamais comporia uma canção para as mulheres do Haiti. Seria uma canção crua, destituída de poesia, de virtudes românticas, seria antes uma canção que ninguém iria querer ouvir, soaria quase ofensiva.

Neste dia internacional das mulheres, talvez as de Atenas tenham o que comemorar, as do Haiti, não!

É isso.

Ouvindo: Chico Buarque

quarta-feira, 2 de março de 2016

Palmas para Glória Pires que ela merece!!! (e como merece!!!)


Depois de vir com uma desculpa esfarrapada sobre estar na sala de casa e comentar o Oscar como quem comentária com a família (na boa, se o marido dela tem saco para o que ela protagonizou nos comentários, é no mínimo um cara muito zen), Glória Pires não apenas capitulou como  capitalizou com seu desastre em forma de participação na festa do Oscar.

Glória tem, uma loja virtual (se quiser pesquise e ache, não seja preguiçoso(a)), e nesta loja colocou a preços módicos, camisetas com suas infames frases ditas naquela noite infeliz. Isso é algo que admiro demais e chama-se "saber rir de si mesmo" e Glória mostrou que sabe.

Nada mais natural que ficar irritada em um primeiro momento com o resultado da patacoada que ela protagonizou, afinal, ser ridicularizada em rede nacional e com a velocidade que só as redes (anti)sociais proporcionam, não é algo fácil de se digerir, mas após a irritação inicial e as desculpas que creio a maioria das pessoas dariam, Glória admitiu o óbvio e caiu no riso.

Glória merece aplausos porque sua atitude além de digna e exemplar é rara. Extrapolando para além do ocorrido com Glória. rir de si mesmo é necessário e evita tanta dor de cabeça, tanto sofrer desnecessário que se fosse uma prática usada em larga escala pela humanidade arrisco a dizer que o mundo seria muito melhor de se viver.

Acontece que rir de si mesmo envolve algumas questões como por exemplo admitir que se errou, entender que errar não é o fim do mundo, fim do mundo é não corrigir e sobretudo aceitar que errar faz parte da natureza humana e a disposição para sanar a falha é o que importa. Negar um erro e agir como se ele não existisse e pior tentar justifica-lo de forma tosca, faz com que a pessoa se torne menor,com menos brilho, porque  existem erros impossíveis de serem negados ou escondidos e quando admitimos nossos erros e culpas nos colocamos prontos para prosseguir a jornada a partir do ponto onde o erro aconteceu.

Para uma pessoa pública como Glória, o erro sempre repercute mais, sua culpa sempre é amplificada e o confronto com a opinião pública ávida por sangue pode ser desastroso. Rir de sua falha com os que estão rindo dela desarma seus detratores na medida em que  humaniza a sua imagem e a faz ser gente como a gente e é disso que precisamos em nosso país cada vez mais bagunçado, de gente como a gente.

Glória merece aplausos efusivos por sua coragem e eu a aplaudo de pé!

É isso.

Ouvindo: David Bowie