terça-feira, 9 de agosto de 2016

Pokemon Go, Irmã Sofia e a banalidade escondida no assunto.


Canta a notória cantora Cristã Angolana Irmã Sofia: " O mundo viro de pés pra cima, o mundo virou de patas para o ar. Cuidado, cuidado povo de Deus, é uma armadilha de Satanás". Não, ela não fala sobre o famigerado jogo Pokemon Go, que nem existia na época que a canção foi composta. Fala sobre homens e mulheres que se vestem conforme a moda vigente, são adúlteros, seguem o mundo através de uma vida dissoluta entre outros assuntos pertinentes a vida cristã em geral. No entanto, se Pokemon Go fosse a coqueluche (uia!) do momento, certamente a música reservaria alguns versos para falar sobre ele.

Pokemon Go, até quem esta em Marte sabe, é a febre do momento no Brasil e no mundo. Como quase tudo que mesmeriza multidões é uma bosta de jogo, embora te ponha para andar e fazer exercícios ainda que de forma indireta. Há relatos também de autistas que movidos pelo jogo começaram a sair do estado mais severo da doença e começaram a se sociabilizar ainda que em níveis insipientes.

Acontece que a crentaida não só do meu Brasil, mas do mundo, resolveu demonizar o tal jogo. Na verdade, o jogo é simplesmente ruim, enfadonho, nada mais do que isso. Mas tem quem goste. E quem gosta, tem todo direito de gostar e não pode ficar sendo taxada de zumbi, servos do Demo ou coisas do gênero. Tem gente que gosta de Pokemon Go e tem gente que gosta de assistir as novelas "cristãs" da Record. Na boa, o nível de perda de tempo é quase o mesmo, mas e dai? Ninguém, é melhor ou pior por gostar de um ou de outro. Simples assim.

Temos, nós Cristãos o péssimo álbum de demonizar a tudo. Indiscriminadamente dizemos que  tudo o que não gostamos é do capiroto. Seja música, seja uma roupa, seja jogos  de celular, seja o que for, enfim, tratamos como demoníaco caso não esteja nos conformes não de Cristo, o fundador do Cristianismo, mas de nós, seus seguidores que desvirtuamos toda a sua mensagem para adapta-la as nossas próprias conveniências transformando assim a mais bela mensagem jamais produzida em algo repulsivo, enojante e que afasta qualquer um que pense do cerne do Cristianismo.

Não creio que o que não gostamos e não nos serve deva ser categorizado como do mal. Não creio também que Pokemon Go é um jogo que vai trazer algo de bom para a humanidade, sendo na minha visão apenas mais uma entre tantas modas passageiras e inofensivas. Relatos de mortes ligadas ao jogo me fazem rir, pois se alguém morre por uma desatenção ou por ser assaltado e morto quando "caçava" pokemons, isto me parece muito mais uma fatalidade do que qualquer outra coisa. Pessoas caem por acidente e morrem em vias de metrô, em escadas, sejam rolantes ou fixas, atropeladas, enfim, de diversas formas e não usamos do artifício de imputar essas tragédias pessoais na conta de Satã, que afinal já ta ferrado mesmo por todas as merdas que fez.

E vamos ser sinceros, o grau de hipocrisia contida nas falas contra Pokemon Go é tão nauseante como o próprio jogo em si. Que cada um faça o que achar que deve fazer e que não misturemos um jogo trivial, banal mesmo, com a desvirtuação da mensagem do evangelho para os dias finais. Uma coisa não tem nada ver com a outra e tentar linca-las é antes de mais nada, desonestidade intelectual da brava.

É isso.

Ouvindo: Irmã Sofia


sábado, 6 de agosto de 2016

Brasil, luzes, cores, contrastes


Bastou Paulinho da Viola cantar o Hino Nacional para que uma das músicas mais chatas e enfadonhas da história da humanidade virasse algo belo de se ouvir. Bastou Anita adentrar ao palco de sua apresentação para toda a vergonha alheia aflorasse me lembrando que nosso país talvez não tenha mais jeito mesmo.

Luzes, cores, fogos, coreografias impecáveis, um estádio lotado de pessoas de boa vontade saudando a abertura dos Jogos Olímpicos. Em um pequeno espaço deste mesmo estádio reservado as "autoridades" políticos notórios por sua corrupção se abraçavam e festejavam seu convescote particular a custa de dinheiro público.

Gisele desfilando, Garota de Ipanema revisitada em todo o esplendor possível, levando ao mundo todo a beleza da mulher brasileira. Lá fora porém na passarela do dia a dia carioca e brasileiro, milhares, milhões de mulheres ainda apanham de seus maridos e tanto a polícia quanto a sociedade se calam ante este grotesco espetáculo que dia após dia se repete ante nossos anestesiados olhos.

Tomamos posse do título de "centro das atenções do mundo civilizado" durante o tempo que durarem estes jogos e ao mesmo tempo não conseguimos explicar até agora este mal explicado Impeachment de uma presidente que se errou, errou exatamente nas mesmas proporções do seu até aqui sucessor.

Luzes que ao se apagar revelarão um país doente e sem um bom caminho aparente. Cores que se esmaecerão nas brumas de  um cinza acachapante assim que o último atleta embarcar de volta para seu país de destino. Contrastes que revelados aos turistas que com um um olhar apenas um pouco mais realista verão que nosso país jamais deveria ter se metido a sediar as olimpíadas por pura falta de capacidade para tal.

Brasil país que amo, loucamente amo. Brasil, tão vilipendiado por seus governantes que não estão nem ai para ele e querem apenas se apossar do maior quinhão possível de recompensas indevidas por seus malfeitos. Brasil, que sonha em ser uma potência olímpica e logo depois acorda para ver que não é nem potência, nem olímpica nem de nada pois é apenas um gigante eternamente adormecido.

Luzes, cores e contrastes fizeram da abertura das olimpíadas no Brasil, apoteótica. A realidade no entanto é indigente e continuará sendo por muito, muito tempo. Uma lástima.

É isso.

Ouvindo: João Alexandre

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Antiteses


Para cada  pequena lágrima, um sorriso imenso.
Para cada feiura, uma beleza incontida.
Para cada dor, um amor e para cada amor, uma certeza que é eterno ao menos enquanto durar.
Para cada botão, uma flor e para cada pétala que dela cair, outro botão que surge.

Para cada contrariedade, uma sabedoria, para cada problema, uma resolução.
Para cada instante, uma eternidade, para cada eternidade uma parceria pois ser eterno só, não é delicia, é dor.
Para cada pingo de chuva, um raio de Sol, e para cada Sol, um sistema planetário completo.
Para cada beco, uma saída. para cada saída uma felicidade escondida por de trás.

Para cada suplício, um alívio. Que este alívio  traga a paz que dure até a próxima sevícia. porque sempre haverá a próxima.
Para cada dia que se vai, um novo que surge. Para cada ressurgimento, uma nova oportunidade.
Para cada perda, um achado, e que se ache sempre algo melhor.
Para cada pergunta, uma resposta. Para cada nova resposta que derive outra indagação. E que seja sempre assim. Que não haja satisfação com respostas curtas e definitivas.

Para cada tormenta, uma calmaria. E que ela, a calmaria, seja muito mais longa que a tormenta que se foi.
Para cada aflição, um lenitivo, para cada medo a coragem que se faz necessária para enfrenta-lo.
Para cada sensação de vazio, um rápido preenchimento. E que sentir-se preenchido, pleno, seja rotina.
Para cada silêncio, muito barulho em troca e quando o barulho for insuportável, que o silêncio volte e reine pleno.

Para cada desilusão, novas ilusões muitas delas e que elas sejam tornadas em realidades lindas e floridas.
Para cada queda, um rápido levantar-se e ao se levantar, que se corra cada vez mais rápido.
Para tudo que é ruim, tudo de bom o dobro de vezes.
Para o desamor, mais amor, por favor. E CADA VEZ MAIS AMOR.

E para cada medíocre que se acha escritor como eu, que nasçam apenas hoje mais 100 futuros gênios literários.

É isso.

Ouvindo: POG

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Estou cagando para a as Olimpíadas


Na boa, quem leva a sério esse lance de Olimpíadas no Brasil? Do momento em que foi anunciado que esta patacoada aconteceria aqui, qualquer brasileiro não retardado mental sabia que o que se veria seria um festival de obras inacabadas e superfaturadas, políticos se promovendo a custa do evento e enriquecendo (ainda mais) por conta de obras suspeitas tocadas de forma escusa. Tudo isso aconteceu, e agora a poucos dias da abertura oficial dos jogos estamos passando vergonha (mais uma vez) para o mundo ver.

É evidente que toda esta bandalha não incomoda em nada aos governantes do país e em especial aos administradores públicos da cidade do Rio de Janeiro. O prefeito carioca é uma peça de ficção de tão sem noção e acha que negar tudo sempre é a melhor alternativa, embora suas negativas de que as coisas estão erradas, muito erradas causem nada mais que risos em quem as escuta. O governador do Estado do Rio de Janeiro segue a mesma linha e a vida segue o seu curso natural aqui em Terras Brasilis que é o do quanto pior, melhor,

Uma Olimpíadas com vários desfalques, com nomes de peso se recusando a comparecer já seria por si só, desastrosa, mas a coisa fica ainda pior quando a infra estrutura oferecida aos atletas é risível, de qualidade questionável, com furos gritantes e  nada que se possa fazer para arruma-los a tempo. Modalidades terão resultados comprometidos por conta da infra estrutura tatibitate implantada para receber a elite do esporte mundial e para nós brasileiros, está tudo bem,

A segurança é uma capítulo a parte neste show de horror que se torna ainda antes de começar as Olimpíadas brasileiras. Aeroportos despreparados para barrar terroristas e suas armas são só a ponta do iceberg. A força policial brasileira além de mal preparada é mal equipada também. Agentes de segurança mal  alojados, que não falam inglês e alguns que se comportam como personagens dos filmes "Loucademia de Polícia" tornam a segurança dos jogos um quesito ao qual se deve temer e tremer.

Por tudo isso e muito mais estou cagando para os jogos Olímpicos. Se fossem cancelados amanhã eu soltaria rojões de felicidade. Não vão nos ajudar em nada, não deixarão legado algum, apenas um rastro de destruição e dilapidação da coisa pública que demorará anos e anos para ser desfeito.

Olimpíadas, Vão comer tomate crú!!!!

É isso.

Ouvindo:My Way com Frank "The Voice" Sinatra



domingo, 24 de julho de 2016

Maria Callas é o meu refúgio


Não existe, nunca existiu e creio que jamais existirá, uma voz como a de Maria Callas. Já falei dela aqui algumas vezes. Para mim Maria Callas é uma amostra, ainda que muito pálida, do que poderia ter sido o ser humano se não tivesse caído.

Em momentos de tristeza, ou de raiva, ou de qualquer outra alteração de humor, é em Maria que me refugio.  A beleza contida em suas interpretações, a força que embala a suavidade de seu timbre, o poder de emocionar apenas abrindo a boca e cantando, tudo isso me faz admira-la de forma profunda e definitiva.

Eu sei que existe Montserrat Caballé, Jessye Normam e tantas outras interpretes, mas quantas delas, ou qual delas melhor dizendo tem  a entrega que Maria tinha? Maria não cantava, ela se entregava. Nos minutos que duravam suas interpretações, Maria não era Maria, era "a voz", o sentimento, a verdade em forma de música.

E é fato que a música pode prescindir até mesmo de uma bela voz, mas jamais poderá abrir mão da verdade. é a verdade contida em cada nota que define quem é quem quando o assunto é música. Maria tinha esta verdade impregnada em suas interpretações. Não havia concessões, não havia possibilidade de ouvi-la e afirmar que ela havia faltado com a verdade.

Me refugio em Maria porque vivo em um mundo cínico, mentiroso, que não tem qualquer sombra de verdade nas relações humanas. Chegamos a tal ponto em que ter idéias próprias e defende-las é algo mal visto. Ligar para uma pessoa é quase um crime que se comete contra ela, uma vez que existe o "whats" para se comunicar. A verdade é o que se vê nas fotos do facebook, nada acontece fora dele, ou nada que realmente importe para quem "posta". Viver uma vida real, sem disfarces, sem falsidades, sem pequenas mentiras para enfeitar o currículo é algo impensável.

Por questões como essas, me refugio em Maria e seu canto. Sua voz perfeita, importa menos que sua obsessão pela verdade,  Suas interpretações nunca são menos que viscerais, e por este motivo magníficas. São meu porto seguro, são a prova de que a beleza e a verdade ainda existem e não falo da beleza física ou como elemento meramente estético. Falo do belo como conceito mais amplo, o belo que nos impulsiona a ser melhor, não a uma admiração vazia ou um exercício inútil de buscar um conceito estético.

Em Maria Callas, encontro  a paz e isso me basta.

É isso.

Ouvindo: Maria Callas

terça-feira, 19 de julho de 2016

Coisas que gostaria de fazer antes de morrer. (sem ordem de importância ou preferência)


Ser o herói da minha filha. Apenas por um dia e uma única vez. Isso já me faria feliz pelo resto da minha vida.

Ler todos os clássicos que ainda não li. Escrever um livro que preste.

Compor uma canção de amor e que ela fosse gravada por Adele, mas sem os maneirismos de Adele, apenas aquela voz linda embalando a canção.

Escrever o roteiro de um filme. Não qualquer filme, mas um que se não fizesse sucesso, ao menos causasse reflexão. Sean Penn seria o ator principal. Ou Al Pacino, caso Penn recusasse.

Viajar por grotões esquecidos e fora dos pontos turísticos mais óbvios. Lugares remotos na Patagônia por exemplo me brilham os olhos. Vejo fotos de lugares assim e me transporto para eles automaticamente.

Não gostaria de partir sem ter ajudado quem realmente amo de alguma maneira. Uma vida vivida sem ajudar a outro é egoísta, vazia e sem sentido no fim das contas.

Eternizar um momento, um único momento que seja, em uma fotografia épica, daquelas que ficam tão boas que te fazem chorar depois de tiradas,

Ver a neve ao vivo. É bobo esse desejo, eu sei, mas gostaria muito de ver a neve antes de morrer.

Escrever um texto que preste para este blog.

Por fim, se possível, morrer dormindo. Sei que são poucos desejos, mas sou um homem frugal. Mas o que eu sei de fato, é que de todos estes desejos, se a minha Graziela não estiver ao meu lado, nenhum deles tem valor. Isso é claro como a aguá para mim.

É isso.

Ouvindo: Spice Girls especificamente, "Viva Forever"



domingo, 17 de julho de 2016

Eu sou Dogbert


Dogbert é o cachorro de Dilbert. Dilbert, caso você não saiba quem é, é um personagem das histórias em quadrinhos que é um engenheiro e trabalha em uma empresa de alta tecnologia. Cercado por pessoas imbecis e sem valor é ele mesmo um imbecil rematado, que leva uma vida trouxa e sem sentido embora tente parecer a todo custo melhor do que realmente é.

Tem um cão, Dogbert, que cínico ao extremo o  no manipula e a todos ao seu redor sem que estes ou mesmo Dilbert percebam ao que são submetidos. Dogbert e Dilbert são personagens do mundo corporativo. Dilbert esta totalmente integrado a ele, não questiona, apenas se frustra. Pela permanência em seu emprego e em seu miserável status quo. Dogbert tenta se enquadrar, mas as frustrações o deprimem e seu humor como mecanismo de defesa e principalmente seu intelecto privilegiado são suas armas mais utilizadas.

Dogbert sabe que esta cercado de pessoas sem o menor poder de articular raciocínios minimamente coerentes e aceitáveis e sabe que pessoas assim cercam-se de iguais para mascarar ainda que de forma inconsciente sua completa falta de habilidade cognitiva. Em um mundo como esse Dogbert hora se diverte, e muito, hora se enoja. A vida de Dogbert não é fácil, definitivamente.

A vida corporativa, seja em uma empresa de alta tecnologia, seja em um banco ou mesmo em uma em uma grande imobiliária é sempre a mesma. Bajuladores se dão bem idiotas sem opinião firme acham um canto para se encostar e pessoas que fazem a diferença para o bem são sistematicamente subjulgadas e mantidas longe do foco das decisões.

Dogbert sabe que pessoas que pensam e são intelectualmente privilegiadas tendem a atrapalhar os planos de pessoas cujo o principal dom é o de repetir o mesmo elogio vazio de 400 formas diferentes ou daquelas que dizem exatamente o que as outras pessoas querem ouvir ainda que não creiam em uma palavra sequer que estejam proferindo. O dizer não o que se pensa mas sim o que é mais conveniente, destrói a personalidade de quem pratica este ato reduzindo-a a nada mais que um papagaio treinado para repetir futilidades em tempo integral.

Ter coragem de ser quem se realmente é e dizer o que realmente se pensa é uma virtude que poucos entendem como necessária e Dogbert tenta entender, embora sem sucesso porque é tão difícil fazer o que é fácil, já que dizer o que se pensa não exige elaboração apenas vocalização das idéias. Se Dogbert não precisasse  tabalhar para ganhar dinheiro e sim para gerar algo de valor para ele mesmo e a sociedade a sua volta ele seria muito mais feliz, pois um mundo contaminado pelos piores valores possíveis faz com que seu trabalho seja algo entediante, infeliz, ao invés de ser produtivo e lhe colocar um sorriso no rosto todas as manhãs.

Eu me identifico totalmente com Dogbert e o invejo. Ele mora no universo das tirinhas em quadrinhos, eu no mundo real. A vida quase nunca é justa.

É isso.

Ouvindo: Aerosmith