segunda-feira, 7 de maio de 2018

Pra Quando a TV Não Mais Se Interessar (Uma Carta Para Os Desabrigados Da Ocupação No Centro De SP)







Uma hora, e não vai tardar, os canais de TV sejam abertos sejam a cabo vão cansar de vocês e arrumar notícias novas. Não é nem que vão se cansar, a vida, por dinâmica que ela é, se encarrega de trazer novos fatos a baila e torna-los mais importantes e mais urgentes de serem noticiados. A tragédia de vocês se tornará apenas isso, a tragédia de cada um de vocês e poucos abnegados serão os que irão continuar a ajuda-los seja com doações, seja com o que for.

E o Largo Do Paissandú, retrato hoje tanto de um centro de SP cidade que eu tanto amo, degradado, destruído pelo descaso do poder público quanto um retrato sem retoques do sofrimento  de vocês que hoje desalojados estão, logo não poderá mais ser a moradia precária que hoje vocês habitam. Porque hoje aquelas barracas onde vocês tentam manter o  pouco da dignidade que resta serão removidas por uma prefeitura que se não podia fazer nada por vocês enquanto estavam dentro do prédio, foi célere em mandar homens e maquinas para limpar o entulho que se formou, afinal aquele monte de concreto despedaçado e ferro retorcido não traz votos.

Eu sei que no meio a dor que vocês sentem o Presidente da República foi até ai "prestar solidariedade". Sabemos que aquele Senhor não queria ser solidário com ninguém além dele mesmo e tudo não passou de um ato de hipocrisia monstro, mas deixemos os hipócritas para que Deus cuide deles e acreditem, Ele vai cuidar!

Mas o que eu queria que soubessem é que quando a TV parar de ir até ai e mesmo quando vocês não estiverem mais ai, ainda sim, existirão pessoas a lamentar o infortúnio que os acometeu. Existirão pessoas que lamentam por sua dor e mesmo pessoas que as sentem mesmo não sendo delas essa dor. Saibam que em igrejas, casas, centros de macumba e o que mais for, pessoas estão e continuarão elevando preces para que este sofrimento sem sentido cesse um dia. Para que esses políticos inertes que não ligam para nada e nem para ninguém, recebam  o castigo pela sua parcela de responsabilidade, para que a justiça se faça.

Porque eu sei que vocês estão fartos de ser apenas massa de manobra na mão de gente inescrupulosa que só quer ganhar com o sofrimento de você e que querem fazer da dor que vocês sentem nada mais que uma forma de vender anúncios nos intervalos dos telejornais. Michael Jackson fez uma música certa vez dizendo que ninguém se importava com os pobres, com os excluídos. Ele estava  certo, certíssimo.  Os poderosos não estão nem ai com o que quer que aconteça com vocês desde que vocês não os atrapalhem.

Eu espero que a solidariedade neste momento crítico prevaleça entre vocês e que quando o tempo for suficientemente longo para que ninguém mais lembre do acontecido com suas vidas, a vida os flagre em um momento diferente, melhor, mais solar, mais feliz. Que vocês se reconstruam, se reinventem, que a dignidade seja mantida que a dor passe e que as cicatrizes físicas ou emocionais sejam lembretes a vocês que os mantenham alertas contra os que quiserem novamente os tornar massa de manobra. E creiam, eles apareceram.

Nada dói mais do que ser tratado com indiferença, como se cada um de vocês fosse um pedaço de concreto naquele monte de entulho e não pessoas com demandas reais com sentimentos genuínos. Nada dói mais do que a percepção de que não somos vistos como seres humanos iguais a esses poderosos e sim, pessoas de segunda classe. Vocês não são! Tenham a mais absoluta certeza que vocês não são. Vocês são gente como eu, como todos os outros. E eu aqui termino pedindo a Deus que os proteja e mais do que os proteger, os tome em seus braços de Pai e os conforte, que seus anjos acampem ai com vocês protegendo, cuidando, apascentando. Somos todos tal crianças de um mesmo Pai e ele nos ama. Eu sei que Ele chora por vocês, que Ele os ama de forma incondicional.

Que o Eterno esteja com vocês!

É isso.

Ouvindo: Leonardo Gonçalves

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Uma Lição Que Aprendi Ao Ler "O Poderoso Chefão" (E Que A Maioria Dos Empresários Ainda Não Entendeu)




Aos 12 anos li pela primeira vez "O Poderoso Chefão" (The Godfather), a obra prima de Mario Puzo. Nela, Puzo conta história de uma família de mafiosos Sicilianos radicados nos EUA e como essa história se interliga com a de outras famílias igualmente vindas da Sicilia e igualmente mafiosas e também como essas famílias todas se integram na sociedade Americana, tendo como armas a extorsão, o assassinato, a corrupção do sistema policial e judiciário entre outros tantos malfeitos.

O livro é escrito de forma apaixonada e muito mais que simplesmente narrar fatos e induzir o leitor a fazer associações entre personagens fictícios e pessoas  reais (Frank Sinatra, Ava Gardner entre outros), Puzo tece uma trama de amor, ódio, intrigas, traições e reviravoltas capaz de acelerar o coração e fazer o leitor não renunciar da leitura até que ela termine. Um homem frio e calculista, assassino rematado como Don Vito Corleone é retratado como alguém que além dessas características é também um homem de família, bom cidadão e respeitador das leis vigentes (desde que elas não colidam com seus interesses e detalhe, praticamente todas as leis colidem com seus interesses).


A saga cinematográfica, que resultou dos escritos de Puzo  para mim esta entre os melhores filmes já produzidos e  certamente coloca Marlon Brando (como Don Vito) e Al Pacino (como Michael Corleone) no panteão eterno dos grandes atores, contem além de uma saborosa história como um todo, trechos em que Don Vito revela verdadeira sapiência empresarial e sobre um desses trechos que vou falar.

Don Vito e seu filho Michael, precisam contratar um  capanga, mas não um capanga qualquer, eles estão de olho em Albert Neri, um dos melhores policiais da cidade e que esta pronto para mudar de lado. Além de pronto, tem a vontade de mudar pois sua vida como homem da lei não foi das melhores. Uma reunião entre Al Neri e Michael é então marcada e dura a totalidade de uma manhã. Michael lhe fala sobre os aspectos de seu novo "trabalho" e Al Neri  satisfeito por estar ali acha que deve aceitar seu novo job.  Em determinado momento, Michael olha para o relógio e Al Neri interpreta isso como uma despedida. No entanto, para sua total surpresa e convidado a almoçar com a família.

Neste almoço além de Michael esta Don Corleone em pessoa, que passa o almoço inteiro falando não sobre negócios, mas sobre o fato de ambos, ele próprio e Neri serem originários de aldeias na Sicília separadas por poucos km de distância. Neri, então, sente-se acolhido e percebe que dali em diante daria a vida por seus novos patrões. Bom, Neri, não dá exatamente a vida, mas tira a vida de muita gente que se mete no caminhos do Corleone como o livro mostra na sequência.

O que isso ensina afinal? Em momento algum desta "entrevista de emprego" é falado em $$ ou demais benefícios. é explicado a Neri a importância da lealdade a família e de como a família se importará realmente com ele em troca dessa lealdade. Muito mais do que status de um cargo gerencial ou de diretoria, fala-se sobre a construção da amizade e sintonia entre empregadores e empregado e isso tudo, de forma implícita, sem se falar uma vez sequer em valores, faz Al Neri vislumbrar uma excelente oportunidade de ganhos para si.

Poucos empresários hoje, em pleno 2018, entendem a importância de lições como essas.  A valorização do funcionário, a importância do elogio e a pedagogia que ele encerra. Quando um funcionário sente-se importante para o time e mais que para o time, para o seu gerente, diretor ou até mesmo o dono da empresa em que trabalha, ele devolve invariavelmente esse sentimento com um trabalho muito mais engajado onde o salário ainda que importante de forma alguma será o referencial primeiro para a permanência na empresa.

Existem sentimentos que ainda que não sejam tão valorizados hoje em dia, ainda encontram correspondência quando utilizados nas relações interpessoais isso é um fato que jamais será mudado em minha opinião. Ao entrar na imobiliária que estou hoje, o dono me colocou em seu carro e fez questão de me mostrar os plantões enquanto conversamos e ao final, me deu um panetone. Sim, já havia passado o mês de Natal e eu sinceramente nem gosto tanto assim de panetone e sei que obviamente ele não o havia comprado para mim, pois minha visita naquele dia foi meio que uma surpresa, mas o gesto que ele teve, de pegar algo que era seu e me dar, fez a minha tarde mais feliz que se tivesse achado $$ na rua, pois valorização e sobretudo sentir-se valorizado, não tem preço e gestos que podem parecer pequenos muitas vezes contém significados gigantes. Don Vito e toda a sua família é bom lembrar, eram assassinos frios e calculistas mas mesmo sendo quem eram e agindo como agiam recusavam-se a não valorizar os que com eles estavam dispostos a caminhar. Lealdade se constrói e se conquista dia a dia e não há sentimento mais importante e mais belo em minha opinião.

É isso

Ouvindo: Nervosa

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Santos F.C (O Futebol Sendo Vilipendiado Como Tudo o Mais No País)



Eu vivo falando que minha paixão de uns tempos para cá é o Futebol Americano. É verdade. Sou apaixonado pelo jogo cheio de possibilidades táticas, pela violência intrínseca do jogo (é o que mais me atrai, na verdade, prefiro mil vezes um tackle bem aplicado a elegância de um Hail Mary). Mas me atrai ainda mais a organização do evento, o Hino cantado em todo jogo, as pessoas sentadas em seus assentos previamente comprados para toda temporada, os uniformes sem patrocínio, os estádios impecáveis.

Outro aspecto do jogo é a busca pela justiça, para que o resultado reflita a vitória do melhor em campo, sem espaço para erros de arbitragens que até acontecem, mas são raros pois são revistos por árbitros fora do jogo e também os árbitros de vídeo que tentam com grande margem de acerto manter os resultados justos.

Já amor... Há o amor... Aquele que tudo aceita, tudo perdoa, que vai muito além da paixão, esse eu tenho pelo meu Santos F.C. Esqueça a Seleção Brasileira, esqueça esses super times europeus. No esporte, meu amor é pelo Santos, o glorioso alvinegro praiano. Seja na vitória, seja na derrota, seja na entressafra de títulos que vivemos como nos dias de hoje, É o Santos quem me motiva a torcer, sorrir e chorar quando o assunto é esporte. Tanta e tantas vezes pisando na arquibancada da Vila Famosa,  ou no Pacaembu, ou fugindo para viajar com a Torcida Jovem (organização que a maturidade me faz repudiar veementemente) para ver jogos no Beira Rio, Mineirão, Maracanã e tantos outros estádios. 

Estádios esses invariavelmente imundos,  com banheiros pútridos, refrigerante quente, comida repleta de Salmonela e um público que em sua grande maioria se assemelhava muito mais a animais selvagens que a seres humanos minimamente educados (qualquer um  que tenha recebido saco de xixi nas costas no Morumbi sabe do que estou falando). Mas verdade seja dita, nada disso faz o amor de um verdadeiro torcedor arrefecer. Podemos ficar chateados, a idade e a experiência que ela traz mostrar de forma clara que resultados são claramente manipulados, falseados e ainda sim o amor que um torcedor traz no peito o faz agir de forma a ignorar estes fatores e torcer alucinadamente para o seu time de coração.

Torço para o Santos mas sou solidário a palhaçada que se fez com o Palmeiras na decisão do último campeonato Paulista.  Algo deplorável que os Corintianos deveriam repudiar e recusar a taça que lhe entregaram. O futebol seria muito mais justo e emocionante se o Farplay de fato existisse e se fizesse presente em momentos como esses. Ganhar graças a uma interferência externa? Quem  quer? Só o torcedor cego e principalmente os que mercantilizaram a tal ponto o futebol que fizeram dele um produto que nada tem a ver com o original.

O meu Santos inicia mais um campeonato Brasileiro que jogará em paralelo com  a Libertadores da América. Torcerei com todo amor do mundo e em Setembro, quando o Futebol Americano voltar a ativa, certamente terá minha atenção e paixão, mas amor, aquele amor rasgado, aquele amor que te faz chorar de emoção, faz o peito parecer pequeno para tanto sentimento, este eu dedico ao meu Santos, sempre Santos.

É isso!

Ouvindo: MDNA

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Black Mirror e o Futuro Que Eu Não Quero



Antes de mais nada a assepsia revelada nos tons pastéis que permeiam o futuro imaginado pelos criadores de Black Mirror não é feita para mim. Na verdade não é confortável para qualquer ser humano que pense minimamente com seus próprios neurônios sem se deixar levar pela malta em sua volta. Tudo  é construído em tons supostamente confortantes e confortáveis (pastéis) mas bastam alguns minutos no decorrer dos episódios para que esses tons se tornem opressivos e o que seria confortante se torne uma espécie de controle ou tentativa de controle de sua mente que começa exatamente doutrinando-a  a achar conforto na opressão.

O futuro de Black Mirror é baseado em controle extremo e emoções minimas. Amar, na série é quase que um pecado capital e embora a tecnologia seja apresentada  quase sempre no papel de vilã, devemos lembrar que quem a desenvolveu é o real  culpado, ou seja,  na ânsia de criar um mundo que jamais existirá a humanidade retratada em Black Mirror renunciou exatamente ao direito de ser humanizada e indo além da sociedade imaginada por Asimov onde robôs dominariam o mundo, o ser humano de Black Mirror acabou ele mesmo se robotizando, pondo toda a sua vasta gama de emoções de lado para viver de forma tão padronizada quanto irreal.

Um futuro  onde as pessoas podem bloquear outras pessoas, ( pra entender o conceito tem que entender a série e garanto: é bem perturbador)  podem saber em fração de segundo onde outra pessoa esta ainda que a milhas de distância, um futuro onde a privacidade é um conceito totalmente deturpado e completamente em desuso, onde a tecnologia serve primordialmente para privilegiar os mais ricos e impor um conceito onde a sociedade parece dividida novamente em "castas" e ainda sim todos ou praticamente todos anseiam por estar inseridos neste sistema sem maiores questionamentos ou melhor dizendo sem questionamento algum, não é exatamente uma sociedade que pareça ao menos para mim boa para se viver.

Claro, que o tom da série é crítico e os roteiros, todos soberbamente escritos até aqui (estou finalizando a terceira temporada) mostram de forma ácida que a vida da forma proposta nos episódios não é  de forma alguma positiva. Acontece que tanto na ficção quanto na vida real, entender conceitos elaborados é algo a qual o ser humano abriu mão a muito tempo. Se não houver uma explicação absolutamente detalhada a maior parte da população renúncia ao direito de entender por si só o que cria um terreno fértil para lideres insanos imporem sua visão de mundo absolutamente equivocada.

Claro que dentro de uma visão estritamente realista sei que o futuro de Black Mirror é absolutamente improvável, mas muitas das coisas que se diziam impossíveis de acontecer em um passado recente são corriqueiras hoje em dia, então, caso esse futuro em tons pastéis e rígido em controles chegue um dia, eu apenas oro para não estar mais caminhando por esta Terra.

É isso.

Ouvindo: Tony Tornado

terça-feira, 10 de abril de 2018

Fernanda Brum e Seu "Som Da Minha Vida"






É necessário tecer loas a quem faz o que é bom e Fernanda Brum, fez. Seu novo álbum, Som da Minha Vida, lançado em Out/17 é para mim, o melhor de sua carreira. Seu timbre firme, com um  grave que envolve mas que percorre bem pelas paragens agudas, soa cristalino, sem variações, sem falhas, amparando interpretações corretas, que mesmo transitando entre vários estilos que vão da intimista "Rosa Cheirosa" (que sim, poderia ter outro nome) ao pop/rap de "Caiu Babel" não perde o pique e mantém o álbum sempre em alta performance.

Li algumas críticas em sites especializados e o álbum parece ter trazido sentimentos bem diversos entre os críticos e mesmo entre o público de Fernanda. Alguns afirmam que é o pior álbum de sua carreira, como o infame "O Fuxico Gospel" (desse site não da pra esperar muita coisa) outros como o site "Super Gospel" que o CD colocou a carreira de Fernanda novamente nos trilhos. Como assim? A carreira dela estava parada?  De qualquer forma,  Som Da Minha Vida para mim é um trabalho para ser ouvido muitas e muitas vezes e em todas quem ouvir vai deliciar-se com as mensagens diretas, sem meias palavras sobre o amor, a justiça, a compaixão e sobre a vida que o Eterno espera que cada um de nós tenha até que o seu retorno se consume. As letras das canções de Fernanda não fazem concessões, você entende exatamente o que ela quer dizer, sem espaço para interpretações.

Em que pese o fato de Fernanda ser hoje juntamente com seu Marido e produtor líder de uma igreja no Rio de Janeiro e obviamente levar dois ministérios que são o musical e o de líder espiritual de uma comunidade, isso não afetou ao menos de maneira negativa sua forma de lidar com a música e da qualidade que dela se espera. Fernanda e seu produtor não inventam a roda, de forma alguma, não há nada em seu álbum de que seja revolucionário (e vamos ser sinceros, quem está revolucionando a música Cristã hoje em dia? houve alguma revolução após o Jesus Moviment lá nas décadas de 60/70?) mas há uma honestidade musical, uma verdade necessária que permite com que faixas como "Caiu Babel" soem  absolutamente naturais em sua interpretação, sem parecer forçada ou coisa do gênero.

Fernanda lançou um álbum sem baboseiras teológicas, simples, lindo de se ouvir, sinceramente não vejo nada que o desabone, o torne enfadonho, muito pelo contrário, passa no teste de ser ouvido de ponta a ponta sem ficar pulando músicas. Claro que como gosto é algo absolutamente individual, muitos vão preferir uma ou outra música, isso é absolutamente normal, mas uma música que tem uma letra que diz entre outras coisas "na cenas dos vitrais, nas telas de Van Gogh, não consegui te achar" merece meu mais profundo respeito porque perto das bobagens que tenho ouvido...

Parabéns, Fernanda Brum e toda a equipe de produção. Meio tardio, já que o Album foi lançado a 6 meses, mas enfim, lindo de se ouvir!

É isso.

Ouvindo: Fernanda Brum


sábado, 7 de abril de 2018

Sérgio Moro, Lula, STF, STJ, GIlmar, Rosa, Carmém, Celso... Todos Eles e o Ódio



Vivemos hoje em nosso país sob dois signos. O signo do ódio e o da polarização. Esqueça qualquer análise equilibrada sobre o momento que passamos, não existe hoje espaço para equilíbrio. Ou se esta de um lado ou se está de outro. Apenas preto e branco, nada de paleta de cores e suas variações. Em um mundo de mentiras, todos querem propagar suas verdades e mais que propaga-las há que se impor pontos de vista como definitivos não como o que são, ou seja, a ideia de alguém sobre algo ou outro alguém.

No país que vivemos, ou você é do partido do Moro, ou do Lula. Não se pode ser contra os malfeitos de Lula e sua turma e muito menos ser contra os excessos (i)legais de Moro. Há que se "pessoalizar" as questões. Deixando de lado a corrupção para focar no corrupto. Pergunte a maioria das pessoas o que a turma de Lula fez e ouvirá como resposta: "Há, foi o tal do triplex". Então tá né? Qualquer um tem todo direito de não concordar com o espectro politico da turma do Lula, mas para que odiá-lo?  Da mesma forma, colocar Sérgio Moro como super herói nacional traz quais benefícios a nação? Sérgio é um juiz e vem cumprindo seu papel embora tenha aqui e ali resvalado no partidarismo e em excessos reconhecidos por seus pares. Isso invalida seu trabalho? Evidente que não! Então se a Moro podemos perdoar alguns excessos, porque agir com a se a biografia de Lula fosse só de atos vergonhosos? Por que esquecer que seu governo tirou sim, milhões da mais absoluta pobreza? Querer a prisão de Lula é legítimo, mas jamais pelo ódio e jamais por achar que todos os que pensam de forma diametralmente oposta a dele estão certo e são bacanas. Isso é estar na Quinta Série e não querer sair dela.

A corrupção não foi instituída na era Lula e verdade seja dita, em seu governo a PF sempre teve autonomia para investigar casos amplamente   divulgados pela justiça. Da mesma forma a corrupção não é uma primazia do poder executivo, existindo também no poder judiciário e no legislativo. Comemorar a prisão eminente de Lula como quem comemora o campeonato do seu time de coração é um sintoma grave da miopia que acomete o povo brasileiro. Deveríamos prantear o fato de um Ex Presidente estar em tal situação vergonhosa. Não por ele, mas pelo fato de que tal situação é vergonhosa antes de mais nada para o país, para o cidadão de bem e para o exemplo que se deixa as futuras gerações. Lula tem que ser preso sim, em meu ponto de vista, mas não odiado. Que mensagem afinal passamos aos nossos filhos e netos quando ensinamos que quem errou tem que ser odiado e não apenas julgado e cumprir a devida pena? O que estamos mostrando a eles quando acreditamos em fake news  e deturpamos a verdade apenas para que ela pareça mais espetacular do que de fato já é?

Hoje,  temos 4 poderes em nossa nação e isso é danoso demais. Temos o Executivo, o Legislativo, O Judiciário e o poder da internet, Facebook, em especial. Para grande parcela da população, se algo foi publicado no Facebook, é verdade que não carece de checagem apurada e por outro lado, se não esta no Facebook, não aconteceu. Qualquer um se arroga o direito de ser analista politico anda que a esmagadora maioria dessas analises venha embebida no mais puro ódio, deixando de lado qualquer objetividade. Pessoas que nem sabem quantos ministros existem no STF se tornam especialistas em leis e acham que os ministros tem que pensar como o povo, não como especialistas em leis que eles de fato são.

Apenas no Brasil um Ministro da mais alta corte de Justiça é hostilizado em pleno voo comercial como foi Gilmar Mendes. Pessoas que nem sabiam de sua existência hoje o odeiam e não obstante o fato de ele, Gilmar, ser um ser autônomo com pleno direito a ter suas convicções e se quiser muda-las a qualquer momento poder fazê-lo essas m esmas pessoas querem sua cabeça por ter votado de forma diferente ao que elas  gostariam. Da mesma forma Rosa Weber se tornou "persona non grata" da Esquerda tupiniquim por ter votado como julgou melhor.

Ora, se um juiz não pode votar a matéria que for segundo o seu entendimento e consciência, que espécie de tribunal queremos para nosso país? juiz teleguiados pela vontade do povo? Senhores, por favor! O povo eu incluso e primeiro a admitir, não tem elementos jurídicos suficientes para julgar o que quer que seja. Podemos ter e temos o dever de termos, opinião própria é claro, mas ela jamais pode ser tomada como definitiva ou a mais correta. E sinceramente quando "enquadramos" juízes por não pensarem como gostaríamos encoremos no risco de querer uma lei que atenda não a coletividade, mas a interesses particulares ou de uma corrente da sociedade em detrimento de outrem.

Lula será preso hoje ao que tudo indica. é necessário investigar com rigor a todos os envolvidos com a corrupção, mas é claro que sua prisão é emblemática. Mas que Aécio, Temer, Alckmim e todos os políticos sobre as quais existam a mais tênue suspeita sejam também investigados e se necessário, presos. O mesmo vale para Juízes, Promotores e demais integrantes de um Judiciário que faz a lei ser cumprida, não que está acima dela. Mas o mais importante em toda essa discussão é que o ódio se vá e de lugar a objetividade. Que possamos ter discernimento para saber o que é sério e o que são fake news plantadas para manipular parte da população. Não se deixe levar pela raiva, pelo que ouve falar apenas porque quem te falou é seu amigo. Pesquise, comprove e sobretudo busque construir um país melhor e mais justo não um país que se vinga.

Sobretudo, analise o seu grau de responsabilidade nesta situação. Quantas vezes você ponderou o seu voto? Quantas vezes votou apenas porque é obrigado e em que lhe foi indicado sem antes saber o histórico por minimo que seja da pessoa? Lula teve dois mandados ganhos de forma legítima. Aécio foi Governador de Minas Gerais também de forma legítima. O PSDB manda em São Paulo a mais de 20 anos por vontade dos paulistas. Dória é prefeito da maior capital da nação porque seu povo assim o quis e de forma inconteste. De quem é a responsabilidade desse estado em que as coisas chegaram afinal de contas? Da Fada do Dente?

É isso.

Ouvindo: Yo-Yo Ma

domingo, 1 de abril de 2018

Abelinha Vingativa e sua horrorosa Sabor De Mel (Damares) x Alabaster Box (Caixa, Vaso de Alabastro, de Cece Winans)



Alguns Posts são literalmente gestados, ou seja, ficam dias rondando minha cabeça, tomando forma, são escritos e logo depois descartados até tomarem a forma final, o que não significa que sejam bons, de forma alguma, pois raros são os posts deste blog que valem a  pena serem lidos. A maioria é lixo. Outros, no entanto vem de estalo. Lendo uma notícia, vendo um vídeo qualquer a inspiração (inspiração??? kkkkkk) vem e eles são praticamente "cuspidos". O que está sendo escrito agora pertence a esta segunda categoria. vamos a ele.

Antes de mais nada, desculpe pedir para você ver tão cretina canção mas é importante para o desenrolar do post, então por favor assista a abelhinha vingativa cantando esta canção intitulada "Sabor de Mel"



Bom, quando um cantor começa sua canção dizendo "Deus é bom e o diabo não presta" ele da uma medida de sua patetice e total ignorância e de como tenta compensar isso dizendo platitudes das mais variadas e vazias. A canção em si, que ja foi tema de post neste espaço é de uma boçalidade poucas vezes vista mesmo para o padrão dos compositores brasileiros que tem uma inteligência absolutamente indigente pois lhe falta leitura, cultura e sendo assim referências para a escrita de uma letra que preste, sobrando apenas as próprias conclusões abestadas sobre o caráter de Cristo ignorando que a Bíblia poderia lhes dar todas as respostas para uma letra que não os fizesse passar tanta vergonha quando escrutinada de forma séria.

Dessa forma o que resta a esta letra infeliz é garantir que Jesus colocará Damares em um patamar onde ela poderá visualizar todos aqueles que lhes negaram auxílio, misericórdia ou mesmo justiça. A justiça no entanto será feita colocando essas pessoas para lhe aplaudir o triunfo que após muita luta veio. Onde está Jesus nesta letra? Sei lá? Deve ser o dono do apiário que fornecerá o mel para a vitória de Damares e seus asseclas compositores de quinta categoria. A letra desta canção é simplesmente sem sentido e sem conteúdo teológico algum. É na verdade uma afronta aos ensinos do Mestre, mas apenas um dos vídeos a retratando tem mais de 19 milhões de acessos, mostrando que é falta de conteúdo  as vezes facilita o entendimento.

Agora me deixem apresenta-los a Cece Winans



Aqui, a tradução:

Vaso de Alabastro

A sala foi ficando vazia
Conforme ela foi caminhando para Jesus
Ela tropeçava nas lágrimas que a cegavam
Ela sentia tanta dor
Alguns falavam com raiva
Ouvia as pessoas falarem
Não há lugar aqui para o "tipo" dela
Ainda assim ela foi
Através da vergonha que cobria seu rosto
Até que, finalmente, ela se ajoelhou a seus pés
E embora ela não tenha dito nenhuma palavra
Tudo que ela disse foi ouvido (por ele)
Conforme ela derramava seu amor pelo o mestre
Do seu vaso de alabastro

E eu vim para derramar
O meu louvor à ele, como o óleo
Do vaso de alabastro de Maria
Não fique zangado se eu lavar seus pés com minhas lágrimas
E seca-los com meus cabelos
Você não estava lá na noite que Jesus me encontrou
Você não sentiu, o que eu senti
Quando ele me envolveu em seus braços amorosos
E você não sabe quanto vale o óleo
Do meu vaso de alabastro

Eu não posso esquecer
O modo de vida que eu levava
Eu era um prisioneiro
Do pecado que me escravizava
Passei meus dias
Desperdiçando minha vida, sem controle
Em um pequeno tesouro
Que eu pensei que tinha encontrado
Até o dia que Jesus veio à mim
E curou minha alma
Com o seu maravilhoso amor
Então agora, eu estou dando de volta à ele.
Todo o louvor de que ele é digno
Eu fui perdoado
E é por isso
Eu o amo tanto

E eu vim para derramar
O meu louvor à ele, como o óleo
Do vaso de alabastro de Maria
Não fique zangado se eu lavar seus pés com minhas lágrimas
E secar com meu cabelo
Você não estava lá na noite que Jesus me encontrou
Você não sentiu, o que eu senti
Quando ele me envolveu em seus braços amorosos
E você não sabe quanto vale o óleo
Você não sabe quanto vale minha oração
Você não sabe quanto vale o óleo
Do meu vaso de alabastro


Obviamente não da para comparar a qualidade vocal de uma e de outra. Damares não sabe cantar ao passo que Cece da uma aula de interpretação a cada vez que sobe a um palco. Damares grita e gritando acha que comunica. Poor Woman...

Cece canta sobre uma mulher, que mesmo humilhada pelas pessoas, que mesmo tendo uma vida de derrotas, de tristezas, uma perfídia atrás da outra, ainda sim só quis a abraço do Senhor. Não lhe importou as palavras ásperas que recebeu, não lhe importou os olhares de reprovação. Mais importante que isso, ao ser acolhida pelo Mestre, não clamou por vingança. Não pediu um palco para brilhar, não lhe pediu nada. Apenas aquietou-se no abraço do Senhor e isso lhe bastou. Uma letra como esta, que flagra um momento lindo dos evangelhos só é possível de ser escrita por alguém que obviamente tem bagagem teológica apurada, que tem cultura, e sobretudo que vive o que prega.

Eu oro para que mais músicas assim sejam escritas e que cada vez menos, engodos em forma de canção façam sucesso.

É isso.

Ouvindo: Cece Winans