E ai navega daqui, navega dali e eu que não sou obrigado a conhecer todas as músicas do Universo, descobri uma pérola chamada "Paralelo" de Felipe Valente. Na verdade já tinha ouvido a música, mas ver o vídeo no vocêtubo com Suzanne, a esposa de Felipe tocando Harmonium e ele violão e voz em uma locação tão delicada, com um arranjo igualmente delicado, me fez absorver a letra. E que letra!
Eu sou um otimista e acredito na primeira frase da canção que diz, "Veja bem, tudo vai dar certo". Cara, como eu acredito nisso! Pra mim se não deu certo, é porque ainda não acabou. Como diz a canção também, o Sol é tão distante, mas ainda sim ele me aquece, como pode? Como pode em meio a tantas situações sem sentido, a vida ainda sim fluir? Ainda sim tentar basear a minha vida na fé? Por que a razão é concreto e a fé, deserto. E em meio a isso tudo eu sou tão pequeno, tão "não pertencente" ao que quer que seja.
Felipe diz que vive além de "pobres versos", mas veja, ele ainda tem a sorte de escrever esses versos (que de tão poéticos são riquíssimos e não pobres). E eu? Quem sou eu no rolê dessa vida com minha total insignificância? Minhas aspirações, minhas veleidades literárias, musicais, são nada, absolutamente nada, porque a grande verdade é que eu não pertenço.
Não pertenço a lugar algum, a ninguém, a situação alguma. Vivo a vida sabendo que a eternidade começa dentro de mim, mas não me sinto pertencente a nada por mais efêmero que seja, quanto mais ao conceito por vezes perturbador para mim da eternidade. As paralelas de minha vida são as que vivo longe não de qualquer outro ser humano mas de Criador. Não posso pertencer a nada e nem a ninguém se não pertencer antes a Ele.
Essa é uma verdade tão categórica, tão palpável que simplesmente me assombro como posso não pertencer ao Eterno e me conformar com isso, ainda mais quando ele quer que eu pertença, quando seus braços estão abertos. Eu não pertenço e não pertencendo, eu sofro. O que me consola é saber que o Eterno me ama.
É isso
Ouvindo: Felipe Valente