A despeito da insulina que tomo todos os dias e pelo ainda insipiente (a vista de outros) porém, excruciante (para mim) controle alimentar que venho fazendo, minha Diabétes da sinais que não vai ceder tão fácil se é que irá. Os sinais mais visiveis dessa minha afirmação est]ao em meu corpo e nas marcas que a doença produz. Feridas que tão rapidamente como surgem, somem, mas deixam uma cicatriz para lembrar que um dia apareceram e me lembrar da morte que se aproxima inevitavelmente.
A morte faz parte do jogo da vida sendo obviamente o ato final e tiudo bem quanto a isso, mas eu mesmo contra todas as evidências, gosto de viver. Ainda que seja uma vida solitária e meio sem graça, gosto de acordar e me sentir vivo. Olhar em volta e ver Graziela, Vitória, os gatos, a vida pulsando enfim. Gosto de ligar para Rafaela e saber que ela esta bem e que Isaac continua crescendo.
Gosto de selecionar as músicas que vou ouvindo durante o trajeto até o trabalho, de ver as poessoas na rua, no trem, no mêtro, chegar no plantão, enfim, eu gosto do sentimento de que a vida eta correndo mesmo que as vezes ela acelere sem eu pedir ou dê freadas bruscas sem avisar. A vida, é uma dádiva e por mais que hajam intercorrências desagradáveis, ainda é a vida.
Mas as marcas cada vez mais frequentes me lembram da finitude inevitável. Me lembram que em algum mo,ento eu vopu parar de respirar e que antes disso talvez haja alguma dor e sofrimento por conta da decadência corporal. Talvezeu não chegue ao fim da jornada da forma que sempre imaginei e meu corpo se transforme em uma massa disforme ao ponto de eu ter vergonha de ser visto.
Eu vivi até aqui uma vida de altos e baixo creio que como a maioria das pessoas. Mas não pensava muito no fim ou ao menos não como tenho pensado. Tenho pensado na morte não como meu fim, mas se ela me trará algum tipo de perpetuação através de algum legado que eu poderia/deveria deixar. Não veho legado que eu possa hoje deixar e a construção de um leva tempo, de sorte que muito provavelmente eu serei como areia da praia jogada ao vento que instantâneamente não se vê mais e muito menos se localiza.
Se no fim da jornada me restar um corpo marcado pelas dores e cicatrizes de uma doença que se comporta de forma agressiva e me limita de diversas maneiras, mas o que levarei comigo é o lado bom da vida que vivi, os livros que li, as músicas que escutei, e sobre tudo as pessoas que amei. Tudo isso fez a vida valer a pena, fez minha história não ser irrelevante, ao menos ´para mim mesmo e no fim das contas, é isso que importa.
É isso.
Ouvindo: Carpenters