segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Marcas Pelo Meu Corpo

 

A despeito da insulina que tomo todos os dias e pelo ainda insipiente (a vista de outros) porém, excruciante (para mim) controle alimentar que venho fazendo, minha Diabétes da sinais que não vai ceder tão fácil se é que irá. Os sinais mais visiveis dessa minha afirmação est]ao em meu corpo e nas marcas que a  doença produz. Feridas que tão rapidamente como surgem, somem, mas deixam uma cicatriz para lembrar que um dia apareceram e me lembrar da morte que se aproxima inevitavelmente.

A morte faz parte do jogo da vida sendo obviamente o ato final e tiudo bem quanto a isso, mas eu mesmo contra todas as evidências, gosto de viver. Ainda que seja uma vida solitária e meio sem graça, gosto de acordar e me sentir vivo. Olhar em volta e ver Graziela, Vitória, os gatos, a vida pulsando enfim. Gosto de ligar para Rafaela e saber que ela esta bem e que Isaac continua crescendo.  

Gosto de selecionar as músicas que vou ouvindo durante o trajeto até o trabalho, de ver as poessoas na rua, no trem, no mêtro, chegar no plantão, enfim, eu gosto do sentimento de que a vida eta correndo mesmo que as vezes ela acelere sem eu pedir ou dê freadas bruscas sem avisar. A vida, é uma dádiva e por mais que hajam intercorrências desagradáveis, ainda é a vida.

Mas as marcas cada vez mais frequentes me lembram da finitude inevitável. Me lembram que em algum mo,ento eu vopu parar de respirar e que antes disso talvez haja alguma dor e sofrimento por conta da decadência corporal. Talvezeu  não chegue ao fim da jornada da forma que sempre imaginei  e meu corpo se transforme em uma massa disforme ao ponto de eu ter vergonha de ser visto.

Eu vivi até aqui uma vida de altos e baixo creio que como a maioria das pessoas. Mas não pensava muito no fim ou ao menos não como tenho pensado. Tenho pensado na morte não como meu fim, mas se ela me trará algum tipo de perpetuação através de algum legado que eu poderia/deveria  deixar. Não veho legado que eu possa hoje deixar e a construção de um leva tempo, de sorte que muito provavelmente eu serei como areia da praia jogada ao vento que instantâneamente não  se vê mais e muito menos se localiza.

Se no fim da jornada me restar um corpo marcado pelas dores e cicatrizes de uma doença que se comporta de forma agressiva e me limita de diversas maneiras, mas o que levarei comigo é o lado bom da vida que vivi, os livros que li, as músicas que escutei, e sobre tudo as pessoas que amei. Tudo isso fez a vida valer a pena, fez minha história não ser irrelevante, ao menos ´para mim mesmo e no fim das contas, é isso que importa.

É isso.

Ouvindo: Carpenters

domingo, 24 de agosto de 2025

Dores Não Acolhidas

 

Fato é que vivemos em um mundo de dores não acolhidas.  Um mundo onde somos todos refratários ao sentimento do outro porque nosso tempo é muito curto para ser desperdiçado com o choro de outra pessoa, com o consolo que alguém precise, com as demandas emocionais que não partam de nós mesmos. Olhamos estarrecidos as pessoas que se permitem sofrer e deixcar claro esse sofrimento como se todos tivessem a obrigação de ser forte o tempo todo e desabar ante a triste fosse sinal de fraqueza.

Com o advento das redes (anti) sociais, é proibido ficar triste, é proibido ter qualquer sentimento não "instagramável" pois o que conta é o raio de Sol brilhanto sobre nossas cabeças ainda que seja um Sol cenográfico, um Sol que não brilha de verdade, apenas parece brilhar. 

Eu quero ter direito de sentir minhas dores. Quero ter o direito de mesmo sem o acolhimento que talcvez minorasse o sofrimento, sofrer. Quero ainda que calado, gritar da minha tristeza quando precisar. Quero ser sombrio quando eu quiser, sem ter a obrigação de parecer solar, porque ninguém que é solitário como eu, é solar. A solidão te coloca em um patamar onde todos os dias são nublados ainda que o Sol esteja brilhando e ainda que as pessoas estejam rindo ao seu redor. A solidão esta se,mpre no centro do solitário e o entorno pouco importa.

Para mim é mais que normal não sentir-me acolhido pois o acolhimento não foi feito para pessoas como eu, pouco simpáticas. Eu me viro comigo mesmo e minhas emoções e ainda que as vezes as dores pareçam maiores do que minha vontade de suportá-las, me resta seguir aceitando que é assim que a vida é, ou ao menos é assim que ela se apresenta para mim.

Não reivindico que quem quer que seja me ouça, não existe tal obrigação no mundo, mas acho que existe a obrigação do respeito, da empatia minima com quem sofre ainda que não se queira o envolvimento positivo, não se deve ter a interferência negativa, quando falamos da dor alheia sem conhecimento de causa, baseado apenas em nossas percepções que na maioria das vezes não equivocadas.

Eu quero viver com minhas dores. Prefiro claro, não as tê-las, mas se preciso for quero senti-las e se ninguém me acolher, tudo bem, que apenas não me julgue. Sem julgamentos, já serei feliz mesmo em meio as dores.

É isso.

Ouvindo: Rebeca St James


sábado, 16 de agosto de 2025

Chorem Por Gaza

 

Chorem pelas crianças que morrem de fome e pelos adultos que também morrem de fome. Chorem pelos hospitais destruídos, pela água escassa e contaminada, chorem pela falta de infra estrutura básica. Chorem por mães que choram por seus filhos e por filhos que chiram, por seus pais mortos em combate que na maioria das vezes nem queriam fazer parte.

Chorem por governantes que não se preoucpam com seu povo, seus governados. Chorem pelo tuneis subterrâneos e secretos que servem apenas para destruição e dor.  Chorem pela falta de energia elétrica, chorem por não haver diálogo, por uma história tão triste quanto real estar sendo escrita neste exato momento.

Chorem porque no fundo ninguém realmente se importa com tudo isso, porque pessoas continuarão a morrer de fome, de sede, de cansaço e porque perderam a vontade de continuarem vivos. Chorem porque os caminhões de alimentos  e demais ajuuda humanitária são interceptados por terroristas sem alma e sem coração que em sua sanha de vingança e destruição expõe seus patrícios a uma morte que não lhes era devida.

Chorem pelos Judeus que atacados contra atacaram de forma massiva e agora criminosa. Chorem pelos parentes, filhos, irmãos pais e mães que morreram no bestial ataque do Hamas e nos que estão ainda vivos como zumbis, reféns de uma situação que não estava no roteiro de suas vidas e como um "caco" lhes foi adicionado. Chorem pelos demais mortos em ataques e os mortos que vieram após os contra ataques e chorem também pelos que ainda morrerão.

Chorem por Donald Trump, este louco sanguinário que apoia os senhores da guerra e quer transformar Gaza erm "resort". Chorem pela lógica capitalista que embota o pensamento humanitário e faz com tudo pareça natural, normal, ainda que nada do que acontece em Gaza possa ser considerado normal ou justificado. Chorem pela indiferença do resto do mundo queparece ter "problemas" muito mais sérios para se ocupar do que a morte de crianças por não terem o que comer.

Por fim, chorem por cada um de vocês que leem e pór mim que escrevo. O que fazemos afinal de contas além de demonstrar uma indignação padrão que é esperada daqueles que tem um minímo de alma e coração? Não deveríamos ir além dessa postura? As embaixadas Americanas e Israelenses pelo mundo afora não deveriam ser avo de protestos diários?  O Hamas, esse aglomerado de gente sem noção e sem amor não deveria ser condenado beementemente todos os dias, todas as horas?  Seus métodos não deveriam ser combatidos e seus líderes presos? Porque aceitamos de forma resignada tudo isso? 

E sim, a palavra é "Aceitamos" porque quem não aceita, se insurge. Onde está a insureição a essa ordem estabelecida, esse status quo imutável a anos que não dá indícios de mudança? Até quando seremos coniventes? Choremos todos por nossa passiva conivência, por nossa falta der atitude. Choremos, choremos, choremos.

É isso.

Ouvindo: Marisa Monte com a espetacular Vilarejo 

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Heleninha Roitman De Novo


Comparar Heleninha Roitman com minha mãe é desonesto com a pobre dona Alexandrina.  é fugir da realidade, é esconder que  Heleninha na verdade é igualzinha a mim, ou eu sou igualzinho a ela com a diferença única que sou abstêmio. No mais, tamo junto, Heleninha! Somos sabotadores de nós mesmos como poucos conseguem ser no mundo. Não que isso seja algo a se  comemorar, mas é assim que é.

Heleninha  bebe se esta triste e bebe se esta feliz. Bebe porque choveu e porque o Sol não para de brilhar e quecer em demasia. Heleninha só é feliz, se tem uma garrafa de whisky atracada a seu corpo (vai, gordinha!) e eu só sou feliz se digo coisas idiotas que vão me posicionar como tal e assim sendo, pouco confiável. Heleninha bebe, eu falo.

A forma com que cada um se sabota pode ser diferente mas tem o mesmo efeito final, o mesmo resultado destruidor e pouco positivo que faz com que  a auto estima chegue a níveis cada vez mais baixos e a tristeza de ser como se é nunca pare de subir. Mas não importa, ela precisa da bebida eu preciso de minnhas palavras, meus dizeres, minhas falas. Ambos se embriagam e colhem os frutos de sua bebedeira e verborragia respectivamente.  E esses frutos estão sempre podres, impróprios para consumo.

Heleninha tem sua tia e seu irmão a apoiá-la e eu tenho apenas o espelho e o espelho nunca é um bom juiz, muito menos um bom conselheiro. Heleninha tem apoio terapeutico e eu a invejo por ter esse suporte, já que o máximo que tenho sãpo meus livros que formaram meu erráticio carater e que fornecem subsidios que se não são os melhores, asão os que tenho a disposição para que eu possa interpretar da melhor forma e tentar chegar a um consenso sobre mim mesmo que não me faça ver muito pior do que sou.

Heleninha é um personagem  de ficção, eu sou real. Ela é quase o meu CHAT GPT  quando quero entender meus comportamentos Mmas tal qual o chat ela comete erros crassos em suas informações e eu fico na mão tendo que  tentar utilizar os pedaços que fazem sentido e se encaixam em meu comportamento e os que ao contrário não me servem como parametros, ainda que a falta de parametros confiáveis de comportamento seja o que melhor poderia me definir, uma vez que coportamento e confiável não são palavras que podem ser usdadas na mesma frase para me descrever.

Eu vejo Heleninha chafurdando na bebida e sinto inveja. Inveja porque o meu infortunio  sempre se dá sóbrio, nunca e amortecido pelo álcool ou outra substância entorpecente que poderia me tirar do ar por algum tempo e me fazer esquecer da vida como ela é de fato ainda que por alguns segundos. Por mais que Heleninha se embriague e em sua embriaguez tgente achar algum sentido para a sua vida, o m,áximo que ela consegue sção tombos e roxos pelo corpo, além de suas lágrimas molhando o seu rosto e regando a triteza que lhe corrói. 

Não fico roxo pois não caio e não choro pela total incapacidade de chorar por mim mesmo e por minhas questões, mas a cada novo deslize, a cada nova palavra mal colocada que se vira contra mim, a cada momento em que ao invés de calar eu falei, eu sinto minha vida acaba. Minha vida já acabou inúmeras vezes e recomeçou outras tantas e nesse rasgar-se e remendar-se infinito, tritinho e silencioso, talvez nasça um dia alguém que se curou ou talvez morra alguém que não aguentou mais ou morra alguém cansado de tanto tentar renenerar-se.

Heleninha, por enquanto estamos juntos.

É isso.

Ouvindo: Beatles




domingo, 3 de agosto de 2025

Vale Tudo Só Vale Por Heleninha

 

Eu só assisto Vale Tudo, quando assisto, na esperança que Heleninha Roitman entre em cena. Podem criticar Paola Oliveira pela sua interpretaçãpo de Heleninha, mas eu acho de verdade que nas imperfeições que esta interpretação contém é que reside a beleza  que faz Paola brilhar. Talvecz se fosse uma interpretação daquelas irrepreensíveis, não kme tocasse tão fundo, talvez esses pequenos exageros e até histrionismos construam uma Heleninha mais próxima do que é uma pessoa dependente do álcool. Talvez as suas falhas interpretativas sejam seu grande trunfo por mais doido que isso pareça.

Heleninha é exatamente como minha mãe foi. Tudo lhe é motivo para encher o caneco. A vida é tão pesada para ela que só resta o refúgio da garrafa cheia tornando-se vazia a cada gole, ficando mais leve enquanto o mundo parece rodar em uma rotação muito particular onde as vozes dos outros ao redor já não soam acusadoras ou repreensivas pois mal são ouvidas. Onde a música é mais alta e a risada mais estridente e as cores mais vibrantes que realmente são. Assim era minha mãe quando bebia e assim é a Heleninha de Paola. Alguém que grita por ajuda e só recebe julgamentos e frases rasas até mesmo de sua analista que graças ao bom Deus aparece bem pouco pois quando aparece só fala abobrinhas.

Eu torço para ela entrar em cena seja sóbria, seja bebada porque ela lembra minha mãe e vou dormir com suas lembranças em minha mente. Na escuridão do meu quarto quase ouço sua voz, a voz de quando eu era criança e ela tentava m agradar de alguma forma, seja me levando a algum lugar que eu gostava ou quando ela foi me ver ser Pedro em uma peça de teatro da igreja. Eu seria apenas um figurante mas ela foi assistir a um ensaio e sei lá qual foi sua intervenção que acabei virando protagonosta e ela fez questão de sentar na primeira fila. Foi um bom dia.

Como Heleninha ela era ligada as artes e também ao esporte. Eu acho que ela aprovaria a atuação de Paola pois dona Alexandrina sempre me disse que a soma das nossas imperfeições podia ser usada para nos fazer absolutamente imperfeitos ou para ajudar a moldar umma personalidade boa caso a gente trabalhasse essas imperfeições de modo a se transformarem em tentativas de perfeição segundo suas palavras. Ela tinha pesamentos confusos assim como eu tenho, mas eu sempre admirei suas palavras e as ouvia com atenção.

Vale tudo é talvez o remake mais idiota que já vi na vida. Péssimamente escrito e com atuações de dar raiva,k não presta para nada além de causar irritação profunda em quem tem mais de 2 neurônios. Sua autora certamente tem sérios problemas  para processar o texto original e escreve coisas absurdas e sem sentidos, mas Heleninha estranhamente se salva, muito provavelmente por um apego pessoal meu. Gosto de Heleninha afinal de contas. Ela lembra minha mçae, minha infância e isso já é suficiente para as vezes eu sentar em frente a TV e ver Vale Tudo.

É isso.

Ouvindo: Love, Coma

domingo, 29 de junho de 2025

Bernardo, Bianca e a Alegria

 

A vida, sempre tão corrida, doída e cheia de armadilhas as vezes  se mostra leve, serena e feliz, curiosamente feliz. Ontem, com a chegada em nossa casa dessa duplinha que veio para ficar, a felicidade se multiplicou e tomos todos os ambientes de nossa humilde residência. Desde que Mel se foi, deixando uma saudade que será eterna mas vai se tranasformando em boa lembrança, aquela que não dói, aoi contrário acalma, não tinhamos a companhia de um gatinho. Agora temos e temos em dobro.

Bernando e Bianca vieram de uma feira de adoção e nem podia ser diferente, p0ois não acreditamos em comprar bichinhos quando tantos e tantos precisam de amor e carinho e podem ser adotados. A felicidade é indiscritível e nos mostra que adotar além de um ato de responsabilidade social é também algo repleto de amor. 

A felicidade de acolher esses bichinhos lindos que precisam de um lar é tão grande quanto a que eles sentem quando percebem que foram acolhidos e terão amor e atenção pelo resto de suas vidas. Eles retribuem nosso amor de forma incondicional e sincera. Sim, é possível sentir a sinceridade dessed bichinhos que não jogam, não tomam atitudes programadas para criar reações pensadas com antecedência e nem tem agenda pré definida. Eles no dão amor na mesma medida que recebem e não raro em medida ainda maior.

Eu que sempre tenho dificuldade em expressar sentimentos me sinto neste momento completo, feliz, com o coração pleno de uma  alegria que envolve todas as fibras do meu corpo e me faz querer ser uma pessoa melhor. Difícil eu ser melhor, mas não custa nada tentar não é mesmo? A vida é tão curta para que ao menos não se tente ser feliz e fazer feliz.

Bernando e Bianca, tal qual os ratinhos do desenho animado que inspiraram seus nomes, terão uma vida cheia de aventuras (aventuras de gatos, bem entendido) e serão, muito bem tratados, protegidos e amados. O amor estará sempre presente nessa relação que hora começa. Sempre estarei pronto a fazer feliz esses 2 filhotinhos que logo se tornarão  2 adolescentes e depois 2 gatos adultos. Os amarei em cada fase de suas vidas e sempre estarei pronto para estar com eles no que for preciso. Eu agora sou tutor (pai) do Bernardo e da Bianca.

É  isso.

Ouvindo: Dawkins&Dawkins


domingo, 22 de junho de 2025

Mingau De Fubá

 

Eu ando comendo muito mingau de fubá. Não aquele bonitão que é como uma lamina no prato, todo bem feito. O que eu faço é uma massa desforme, sem graça, mas gostoso. Ao menos, para o meu paladar é muito gostoso. N verdade, mais importante que ser gostoso ele é carregado de memórias afetivas, recheado de lembranças da minha mãe. Eu cresci comendo este mingau feito pelas mãos dela que muitas vezes fazia porç]ões duplas e comia comigo. Hoje eu sei que faltava as vezes grana pra gente comer outra coisa então a gente comia o tal mingau, mas ela fazia de uma forma que parecia ser um dia especial, um momento mágico comer o tal mingau. E de certa forma, era.

Hoje, quando encosto a barriga no fogão e faço o tal mingau sempre é na esperança de reviver momentos, ainda que em forma de lembranças que foram vividos ao lado de minha mãe, momentos de uma infância tímida e introspectiva vivida entre livros e amigos imaginários que tinham as formas mais esquisitas possíveis. Fico ali mexendo com a colher de pau o fubá, o leite e o açúcar e as lembranças me inundam. São bons momentos ainda que encharcados de uma melanolia que embora tão minha parceira de vida fica mais latente em momentos como esse.

É interessante como uma comida pode despertar tão profundas lembranças que ficam por  muito tempo guardadas em lugares de díficil acesso de minha mente talvez porque eu não queira que elas apareçam de forma palpável com frequência.  Lembranças de um garotinho que quase sempre brincava sozinho, via tv sozinho e tinha como companhia mais frequente os personagens dos livros que lia. Fiquei amigo de Sancho Pança, de João Grande, de toda coleção "Para Gostar de Ler" e de toda coleção "Vagalume". 

Sempre fui mais feliz (nas raras vezes em que fui efetivamente feliz), sozinho, matutando comigo mesmo sobre as questões que me eram caras para entender o mundo ao meu redor do que acompanhado, pois sempre que acompanhado estava, me sentia só entre tantos. Assim como ainda hoje me sinto. Só, ainda que rodeado de pessoas. Só, ainda que falando para várias pessoas ao mesmo tempo. Só, ainda que acompanhado.

Na últrima semana devo ter comido mingau de fubá ao menos umas 4, 5 vezes. É muito. E além de muito, não é por falta de comida melhor, ou comida qualquer que seja. É para que a saudade de minha ,ãe pare de gritar um pouco, para que eu me revisite menino e talvez me decifr adulto, antes que velho eu me torne um enigma indecifrável para mim e para os que perto de mim estão. Estou engordando de novo e comer tanto mingau assim vai me fazwer engordar ainda mais. Minha mãe me censuraria ainda que soubesse que tem a ver com o desejo de dela me lembrar.

Eu me lembro vividamente de um dia eu, minha mãe e Fernanda, minha irmã que se foi, tão cedo se foi, comendo mingau e os 3 riam à solta. Foi um dia feliz, muito feliz. A felicidade no final das contas pode estar escondida em um prato de mingua de fubá e ultimamente eu tenho desesperadamente tentado a encontrar.

É isso.

Ouvindo: Fernanda Brum