Como bem disse Alanis, e hoje eu a entendo, eu me sinto bêbado, mas estou sóbrio. Acontece que nos dias em que vivemos, a sobriedade só atrapalha. é preciso estar bêbado, ou ao menos conseguir enxergar como tal para sobreviver em um cenário onde tudo esta desintegrando-se a olhos vistos, mas as pessoas ao redor parecem além de não perceber a obvia derrocada do mundo como o conhecemos, achar que tudo esta bem.
Dias cada vez mais quentes? Chuvas que destroem sonhos de quem só podia sonhar por nada ter de real porque outras chuvas anteriores já levaram o pouco que tinham ? Tudo isso parece ser passageiro, algo que não significa nada, pois não mudamos nosso comportamento nocivo exatamente por não achar de forma alguma que ele seja destrutivo.
Nosso estilo de vida se arraigou de tal forma em nossa sociedade que uma reflexão sobre o quanto ele esta prestes a nos destruir simplesmente inexiste, e não acreditamos (salvo poucos abnegados), que nosso lar, nosso planeta esta nas ultimas. Como Tiriricas da vida real (já que o artista vive claramente em um mundo de fantasia e faz de conta), achamos que "pior que está não fica". Acontece que sim, vai ficar muito, muito pior.
Neste momento vivemos sob o perigo de um presidente americano que além de tirano, racista, misógino, entre tantos outros adjetivos negativos, e um maluco, um doidivanas que quer fazer do mundo seu quintal onde cachorros podem cagar livremente se que seu dono tenha que limpar seus excrementos. Trump é um patife se a menor consciência ecológica ou melhor definindo, sem consciência alguma, pronto para esmagar com seu artefato bélico qualquer um que se oponha sua sede expansionista e imperialista.
O doido não só quer anexar o Canadá, como pegar para si a Groelândia e fazer da América Latina sua latrina privativa, sem a menor cerimônia. Apoiado por outros malucos extremistas, odeia a democracia e tudo o que cheire a liberdade. Demoniza a China no cfé da manhã e quer almoçar o México um pouco por dia deixando o Brasil para sobremesa.
Junte tudo isso a sua negação constante e incompreensível sobre o apocalipse climático que vivemos e pronto. Muito melhor ser bêbado do que sóbrio. Muito melhor negar com todas as forças que tanta loucura se abateu sobre Terra. Melhor achar que tudo vai melhorar mesmo sabendo que não vai. Achar que o mundo passa por uma fase de adaptação e emergirá dela melhor do que entrou, o que é obviamente uma ideia de doidos tentando ser normais.
Eu me sinto bêbado, mas estou sóbrio e o que me resta é observar do camarote de minha sã bebedeira a vida que se esvai sem sentido rumo ao caos, a destruição, a morte. A vida se esvai e junto com ela qualquer traço de esperança. Seguimos, uns solenes, outros completamente desavisados rumo a uma destruição certa e breve e não há mais o que se possa fazer.
É isso.
Ouvindo: Alanis Morissette