segunda-feira, 10 de agosto de 2015

E se eu fosse morrer em seis meses? (Sorrisos, flores e amores)


Claro que eu posso morrer amanhã.  Posso morrer depois de amanhã. Ou ainda, posso cometer a deselegância de viver mais 20,30,40 anos. Vai saber?  Mas e seu soubesse que ia morrer em seis meses? Que no dia 10/02/16 eu estaria deixando de forma definitiva este mundo? O que eu faria?

Sou bem mais previsível do que eu gostaria de ser, ao menos em algumas áreas e se eu soubesse que tenho data de validade, provavelmente me tornaria uma outra pessoa. Que pessoa eu me tornaria? Vamos lá.

Começando pelo óbvio e previsível, eu me reconciliaria com todas as pessoas que hoje não tenho boa relação. Não, não ia pedir para elas como que por um passe de mágica gostarem de mim, nada disso. Apenas tentaria não  morrer sem antes ter me acertado com pessoas que eu gosto e que por algum motivo(os) não estão neste momento tendo uma relação digamos saudável comigo.

Por que? Porque estar brigado com quem se gosta e estima não é algo que faça bem para o meu fígado e nem para o fígado de ninguém. A noção de que a vida é curta é bem firmada em minha mente e obviamente ficaria ainda mais se eu tivesse apenas seis meses de vida. Então, estar bem com as pessoas seria algo primordial para morrer com alguma dignidade.

Diria a todas pessoas que eu amo o que sinto por elas. Gosto de pessoas que nem desconfiam que delas eu gosto. Vivo minha vida como se as pessoas me fossem indiferentes e definitivamente elas não são. Pessoas são tão importantes para mim a ponto de amar várias delas mesmo que eu prefira deixar isso em secreto. Não sei "gostar" de alguém.  Eu só sei amar. Se eu gostar de alguém, eu automaticamente amo esta pessoa, intensidade pura elevada a enézima potência porque eu creio que é assim que a vida vale a pena ser vivida. Esse lance de ficar "gostando do outros" dessa forma até meio despretensiosa definitivamente não é comigo, mas como também não é comigo aguentar decepções, fico na minha. Se eu fosse morrer em seis meses no entanto, sairia distribuindo sorrisos, flores e amores a todos os que amo.

Ia me organizar para ouvir ao menos 100 canções por dia de uma lista de mais ou menos umas 5.000 que acho que valem a pena ser ouvidas antes de falecer. Isso é vital, absorver, ainda que para levar para o túmulo, toda a arte musical que eu puder. Ia fazer meus dias mais leves.

Claro que ia tentar ser um pai e marido melhor.  Não éfácil para mim ser nem um nem outro, mas tento, com boa vontade, e tentaria com ainda mais afinco. Seis meses passariam voando então escolheria ser apenas uma pessoa boa e agradável. Perder 180 dias sendo chato e brigão me faria apenas perder tudo o que eu poderia viver de bom neste curto espaço de tempo.

Eu dormiria menos. Prestaria mais atenção ao sabor da comida, seja ela qual for, porque hoje eu como rápido demais. Eu buscaria me vestir melhor tambérm e fazer a barba com mais frequência para aparecer mais apresentável na frente das outras pessoas. Irônico este pensamento na medida em que logo eu estaria sendo comida de vermes, mas ainda sim, tentaria parecer elegante nos meus  dias finais.

Por outro lado não tentaria uma reconciliação com Deus. Creio que seria a coisa mais hipócrita que eu poderia fazer e no fim dos meus dias eu não iria querer ter atítudes hipócritas. Deus é para ser amado dia a dia, é Alguém para se construir uma relação nos dias bons e maus, não apenas na eminência da morte. Seria desonesto para com Ele, seria injusto e como já mencionei, Hipócrita. Deus não é alguém para que se zombe e busca-lo apenas porque se sabe que se vai morrer para mim é exatamente isso: Zombar Dele e de sua santidade.

Creio que a maioria das pessoas teme a morte ainda mais quando anunciada. Eu não fujo a esta regra, então o medo seria meu companheiro e certamente teria crises de choro intermináveis e como também me conheço muito bem, logo em seguida me agarraria a uma esperança ferrenha de que algo aconteceria e no fim de contas eu durasse um pouco mais. Sou um otimista por natureza.

Eu iria querer ir a praia. Não para entrar no mar mas para contemplar uma última vez a vastidão e imensidão da criação de Deus, embora o mar  que se veja de uma praia qualquer seja apenas a fração visível de tal criação, eu iria querer admira-la. Não sou dado a grandes arroubos de meditação, mas talvez ali, me vendo tão perto da minha morte, tivesse um encontro comigo mesmo.

Sorrisos, flores e amores. Creio que isso seria tudo o que sobraria em mim. Sorrisos, flores e amores seria meu lema de vida nestes fátidicos 180 dias finais. Sorrisos para amenizar, flores para embelezar e amores para obviamente, se amar. Vive até aqui 42 anos. Se em 180 dias finais eu conseguisse oferecer sorrisos, flores e amores, minha vida então teria valido a pena.

Não, não vou oferecer uma reflexão de por que então naõ viver assim mesmo sem saber quando morrerei. A resposta é por demais óbvia e ao mesmo tempo complexa e deve ser buscada por cada um que deseja refletir sobre isso dentro de si. Afinal o impacto de saber que se vai morrer em 180 dias bateria em cada um de um jeito. Em mim, ao refletir sobre isso, me fez querer viver uma vida de sorrisos para amenizar, flores para embelezar e amores para se amar.

É isso.

Ouvindo: Cassiane

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