sexta-feira, 4 de setembro de 2015

De tudo o que eu preciso, o que eu mais preciso, é não precisar de nada.


Correr atrás de prêmios, de reconhecimento, correr atrás das luzes, ser um coordenador, acumular dinheiro? No que estou me tornando? Não, eu não sou assim. Dinheiro é bom desde que seja para ajudar a outros. Ando bem de ônibus, pra que essa loucura de carro novo, de carro 0, de mostrar que consegui acumular, que consegui  ganhar, que vendi mais que os outros?

Estou vivendo por coisas que não fazem viver, que não constroem vida em mim.  Ser competitivo é minha natureza, isso é fato, mas tenho que me conformar com isso?  Competir com quem? Pra que? Pra ganhar? Tá, eu ganhei. E dai? O que fiz com meu prêmio? Ficou sem graça né? Bati meta, que venha outra.

Pode parecer loucura, mas não curto dinheiro não. Curto o que ele pode me proporcionar para ajudar minha família e amigos. Dinheiro pra mim é chato, me faz perder a alma, me faz perder a integridade, me faz perder o senso, o controle. Dinheiro, premios, do que valem se minha alma se perder? Sou uma pessoa que crê na palavra de Deus e ela conta que Jesus, este ser que tudo tinha e tudo tem e tudo sempre terá, largou tudo lá onde morava e ainda mora para vir dar a sua vida por um trouxa como eu. Insano? Não, ato de amor. E eu? Qual a medida do meu amor? De que me serve ganhar uma bolada e guarda-la? E ver pessoas necessitando de tão pouco e virar o rosto, fazer que não é comigo. Como eu consigo?

Tenho essa coisa de não me sentir merecedor, desisto de entender por que, mas se eu não mereço muita coisa, e ainda sim recebo algumas coisas, não deveria eu dividir ao invés de acumular? Cara!, morrer sem ter ajudado, morrer sem ter amado, morrer sem ter sido útil... Pra que eu vivi então? Sei que parece conversa de bebado, mas não, eu não bebo, quem me conhece sabe.

A euforia de vender um apartamento dura o exato momento em que transcorre uma assinatura. Depois, de verdade, vem um certo questionamento interno. Coisa de louco, eu sei, mas não sou mesmo normal. Eu preciso olhar para dentro, eu preciso achar a minha essência, ela se perdeu em algum momento da caminhada.

Hoje, conforme eu ouvia sobre os ganhos extraordinários que o produto do qual sou coordenador oferece, me angustiei. De verdade, me veio um nó na garganta, e eu tinha que sorrir, eu tinha que motivar os corretores, tirar dúvidas, me colocar a disposição, mas meu Deus do céu!!! Onde esta corrida maluca vai dar? Claro que eu quero dar o melhor para a minha família, mas a que preço eu novamente pergunto?

Se eu perder a alma, perderei a capacidade de estar vivo e dai não saberei discernir o que vale a vida, o que faz ela valer a pena e ai quem serei eu? Alguém que ganhou muita grana e nem sabe o que fazer com ela e por não saber, gasta-la de forma irresponsável?

Eu quero não precisar de nada. Quero renunciar a uma vida consumista e desenfreada. Me chame de louco, hipócrita, proselitista, do que quiser, mas eu mais do que querer algo, preciso renunciar a muitos algos.  Existe um lixo que circula pelo mundo ao redor que simplesmente contaminou todo meu interior e eu preciso limpa-lo. Eu preciso ter um interior descente para o exterior também o ser. Eu já mexi em lixo procurando comida, e já almoçei nos melhores restaurantes de SP (mesmo me angustiando tanto com os pratos e copos e louças que nem senti o sabor da comida) e descobri que tanto faz de onde vem desde que a fome seja saciada. Não vamos a um "big" restaurante para comer vamos para ter uma "experiência" gastronômica. Não guiamos um carrão para chegar mais rápido, mas para que ele diga um pouco de nós ou do que achamos que ele pode dizer. Eu cansei de brincar disso.

Eu posso ter um carro simples, eu posso me vestir adequadamente sem que as grifes que eu envergo precedam a minha chegada. Não, não sou simplório, longe disso, mas quero sim ser simples. Quero viver os  30 anos que talvez  me restam sem me envergonhar de quem eu sou e do que eu faço. Eu quero  ser feliz e serei feliz se conseguir não precisar de nada. Se eu não precisar de nada, tudo o que eu tiver  será um "plus", tudo o que for ofertado pela vida será graciosamente aceito, sem reclamações ou muxoxos de desaprovação. Eu não quero acumular, eu quero dividir. Dividir bens multiplicar sorriso e multiplicar ainda mais o amor. A vida seria bem melhor assim, a vida pode ser bem melhor assim, a vida será bem melhor assim.

É isso.

Ouvindo: Novo Tom

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