terça-feira, 18 de julho de 2023

Inteligência Artificial

 

Dizem que a I.A tem potencial para destruir a humanidade a médio prazo e eu não duvido. Ela já começou, guiada por homens bem pouco inteligentes, a destruir sonhos, afetos, memórias e outros sentimentos bem reais e que não deveriam ter a interferência "artificial" de programada por seres humanos tão rasos e artificiais como a "inteligência" em questão.

O caso mais emblemático para mim é o do malfadado comercial da Volkswagen. A  emoção tão artificial como a inteligência que criou aquela Elis infeliz só serviu para deixar claro que os mortos devem ser sim homenageados e lembrados sempre, mas não com fins lucrativos e tão rasteiros e de forma tão vazia. Seria fantástico usar imagens de uma Elis real, que existem as montes em arquivos de emissoras e claro, o comercial teria que ir por outra linha, mas Elis estaria ali, cantando na memória de quem sempre curtiu a pimentinha de forma real e emocional, não como um avatar estarrecedor e de dar medo pela realidade que se conseguiu. 

Elis morreu, assim como tantos outros artistas que agora se fala tanto em recriar via I.A. Que triste! Por mais que tenha havido uma autorização por parte dos filhos de Elis para usar sua imagem desta forma abjeta, deveríamos como sociedade debater o assunto e pensar em limites para o que se pode fazer com esse tipo de recurso cada vez mais potente e cada vez mais presente na vida cotidiana das pessoas. 

Musicas estão sendo criadas via I.A, livro escritos e isso para ficar em 2 exemplos simples do que essa tecnologia pode fazer. Black Mirror, a série da Netflix, talvez a melhor entre todas profetizou um futuro onde maquinas e outros equipamentos tomariam ou tentariam tomar o lugar de nossas habilidades e mesmo consciência e vemos diante de nossos olhos que este momento esta cada vez mais próximo.

O que me assusta é a forma voluntária com que os homens estão entregando as maquinas (ainda que maquinas sejam criadas por homens), a possibilidade de executar tarefas que deveriam ser  facultadas apenas aos próprios homens. Uma maquina pode sim ter uma I.A mas terá emoção suficiente para criar? Poderá uma I.A falar de amor de forma tão singular que pareça minimamente com um homem ou mulher apaixonado?

Uma música composta por uma I.A contemplará todas as nuances criativas que um só homem pode ter? E vale lembrar que uma I.A é programada por um pequeno exército de homens e acaba sendo a soma de todos os seus programadores ainda que depois vá "Aprendendo", não é um aprendizado livre e sim condicionado. Basta um homem para se ter um Bach. Quantos programadores serão necessários para escrever algo que chegue a 10% da genialidade dele? Não fica claro que tudo o que for ligado as artes e for produzido por I.A sempre será inferior ao que um só homem talentoso é capaz de criar?

Repudio o comercial com Elis Regina, ela não merecia isso. Não foi uma homenagem, foi um caça niqueis da pior espécie chancelado por seus herdeiros. Apenas isso. No caso do comercial que se utilizou de I.A, todos os demais envolvidos de criativos a quem aprovou a patacoada mostrou que lhes falta um mínimo de inteligência, um mínimo de sensibilidade. Deveriam recorrer a I.A para saber do que essas palavras tratam.

É isso.

Ouvindo: Elis Regina, a original e única.

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