quinta-feira, 24 de abril de 2025

O Gato Bebe Leite, O Rato Come Queijo E Eu Sou Corretor De Imóveis

 

Parece que eu me esqueci do que faço a muito tempo, bem mais que a metade da minha vida adulta. Parece que eu me esqueci que quando resolvi ter um blog, ele levou e tem até hoje o nome da minha profissão. Parece que eu me esqueci do orgulho que essa profissão sempre me causou e me causa. Parece que eu me perdi dentro de mim mesmo em busca de uma identidade que sempre esteve latente. Eu sou corretor de imóveis, porra!

E eu não sou qualquer corretor não. Não sou panfleteiro  disfarçado de corretor. Não sou alguém que fracassou em outras empreitadas profissionais e se refugiou na corretagem como tantos. Eu sou corretor e eu amo ser corretor. Com todos os perrengues inerentes a minha profissão,  com todas as frustrações que a profissão já me causou e com todas as alegrias que ela me proporcionou, eu sou corretor, porra!

Mesmo que eu tenha nos últimos 15 anos me refugiado na figura do "coordenador imobiliário" que flana nos plantões acima do corretor "regular", mesmo que eu participe de reuniões comerciais na sede das incorporadoras (boring!!!), mesmo que eu ganhe na venda dos demais corretores, eu sou corretor e não posso perder esse espírito que sempre esteve dentro de mim.

Eu luto por cada venda como se fosse única e última. Eu durmo e acordo pensando em cada cliente que atendi para determinado corretor e como fazer com que ele compre. Eu choro por vendas perdidas e trato as vendas que fecho como mera obrigação, porque no fundo é isso que elas são: mera obrigação, a descrição do meu trabalho então se eu vendo, não há prazer especial. No máximo um auto reconhecimento, sensação de dever cumprido.

Eu venho a um tempo, alguns anos na verdade agindo como Benjamim, o palhaço do filme "O Palhaço" que não sabe mais se quer ser palhaço. E nesse não saber, se perde em suas emoções e busca respostas fora de seu ambiente. E depois de vagar um tempo por profissões que não a sua, ele se redescobre palhaço. 

Não cheguei a vagar por outras profissões porque sou covarde, bundão mesmo. Atravessei um deserto composto por dúvida e solidão em buscas das minhas respostas e hoje pela manhã eu me descobri, ou melhor, redescobri corretor de imóveis. Não coordenador imobiliário, apesar de continuar a exercer esta tarefa no organograma da empresa. 

Eu olhei o espelho no banheiro do plantão em que estou e me vi. Barba quase que totalmente branca, cabelos que não tenho rugas, um barriga que começa a ficar sulcada pelas picadas das canetas de insulina, mas acima de tudo, eu vi um corretor de imóveis. ele piscou para mim e me lembrou que ainda amo esta profissão, que ainda preciso dela para viver e para ter vida em mim. 

Quando o meu reflexo piscou para mim eu entendi que o gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou corretor de imóveis. E por muito temo ainda serei.

É isso.

Ouvindo: Petra

sábado, 19 de abril de 2025

Pessoas Que Dançam

 

Osasco, minha cidade, não onde nasci, (nasci em Guarulhos), mas que me adotou a 11 anos, ou fui eu que a adotei? Sei lá... Enfim, Osasco, que é rica e próspera, que atrai empresas de tecnologia de ponta, tem a loja da rede Carrefour que mais fatura no Brasil, que tem a ponte metálica (um orgulho pra lá de bizarro da galera de Osasco, uma vez que é um monumento ao mal gosto). Osasco, enfim, que é e tem tudo isso, tem também uma mini Cracolândia.

Fica ao lado do terminal rodoviário e da estação CPTM e não obstante ter uma fração do tamanho da Cracolândia original do centro e SP, em usuários e bêbados e prostituas o suficiente para chocar os que por ali passam seja diariamente, seja uma vez ou outra.

Passo ali todos os dias  a pé no inicio do dia e no inicio da noite cortando caminho para minha casa e de tanto caminhar acabei desenvolvendo uma certa "amizade" com algumas figuras dali. O "segurança" do desmanche de veículos que fica na  rua e é também o loca onde drogas ficam armazenadas como se fosse um centro de distribuição do tráfico, o dono da Barbearia onde corto o pouco de cabelo que me resta e aparo o exagero de barba que tenho e algumas outras pessoas, figuras tão trágicas quanto pitorescas.

Dentre todas essas figuras se destacam para mim o grupo de mulheres que ficam por ali. Mulheres marcadas pela vida. Roupas velhas, acabadas, magras não por escolha estética mas pela fome que ronda as suas vidas e pela droga que pode até enganar a fome mas não seus sinais, elas dançam. Sim, ela dançam, pois ali existe um bar, (o pico onde tudo acontece) e nesse bar a música rola o tempo todo.

Enquanto os homens ou vagam sem rumo  entre uma ponta a outra rua ou se sentam no meio fio olhando para o nada elas dançam. eu paro ali as vezes e observo. Elas dançam  dançam com vontade. Uma delas me lembra Baby Consuelo, quando era pouco mais que uma menina e uma TV Alemã  a gravou com os Novos Baianos cantando e dançando (parecia mais uma espécie de transe) "A Menina Dança".

E o mais exótico ´que as caixas de som reproduzem de sertanejo a rock  e elas dançam. Dançam como se daquela dança dependesse a vida, ou melhor, não a ida mas a sanidade que  vida requer. A dança delas é como um grito "EI, ESTAMOS AQUI, EXISTIMOS!" E essa ânsia de existir as revela para além das roupas sujas e surradas, muito além dos rostos inchados da bebida ingerida a todo momento, a dança as faz ainda mais vulneráveis pois as faz humanas e todos nos humanos somos vulneráveis em alguma medida.

Elas dançam e se diverte entre si mesmo que momentos depois estejam se pegando pelos cabelos por conta de mais um pulo no abismo do crack. Elas dançam sempre em grupo e quando dançam, são irmãs e são bailarinas do absurdo e essa que me lembra Baby, bem que poderia ser realente uma artista se  vida não a tivesse aprisionado na Cracolândia de Osasco, que existe, que as autoridades de Osasco sabem que existe mas nada faz para mudar a situação.

Quando paro e as vejo dançar eu me comovo. Nas 2 primeiras vezes fui abordado por um traficante que me ofereceu pó, pois achava que pedra não era minha cara, agora ele já sabe que não quero nada mas batemos papo. Enquanto isso, a menina dança. como diz Baby, mexendo os olhinhos.

É isso.

Ouvindo: Novos Baianos

segunda-feira, 31 de março de 2025

Eu Me Sinto Bêbado Mas Estou Sóbrio

 

Como bem disse Alanis, e hoje eu a entendo, eu me sinto bêbado, mas estou sóbrio. Acontece que nos dias em que vivemos, a sobriedade só atrapalha. é preciso estar bêbado, ou ao menos conseguir enxergar como tal para sobreviver em um cenário onde tudo esta desintegrando-se a olhos vistos, mas as pessoas ao redor parecem além  de não perceber a obvia derrocada do mundo como o conhecemos, achar que tudo esta  bem.

Dias cada vez mais quentes? Chuvas que destroem sonhos de quem só podia sonhar por nada ter de real porque outras chuvas anteriores já levaram o pouco que tinham ? Tudo isso parece ser passageiro, algo que não significa nada, pois não mudamos nosso comportamento nocivo exatamente por não achar de forma alguma que ele seja destrutivo.

Nosso estilo de vida se arraigou de tal forma em nossa sociedade que uma reflexão sobre o quanto ele esta prestes a nos destruir simplesmente inexiste, e não acreditamos (salvo poucos abnegados), que nosso lar, nosso planeta esta nas ultimas. Como Tiriricas da vida real (já que o artista vive claramente em um mundo de fantasia e  faz de conta), achamos que "pior que está não fica". Acontece que sim, vai ficar muito, muito pior.

Neste momento vivemos sob o perigo de um presidente americano que além de tirano, racista, misógino, entre tantos outros adjetivos negativos, e um maluco, um doidivanas que quer fazer do mundo seu quintal onde cachorros podem cagar livremente se que seu dono tenha que limpar seus excrementos. Trump é um patife se a menor consciência ecológica ou melhor definindo, sem consciência alguma, pronto para esmagar com seu artefato bélico qualquer um que se oponha  sua sede expansionista e imperialista.

O doido não só quer anexar o Canadá, como pegar para si a Groelândia e fazer da América Latina sua latrina privativa, sem a menor cerimônia.  Apoiado por outros malucos extremistas, odeia a democracia e tudo o que cheire a liberdade. Demoniza a China no cfé da manhã e quer almoçar o México um pouco por dia deixando o Brasil para sobremesa.

 Junte tudo isso a sua negação constante e incompreensível sobre o apocalipse climático que vivemos e pronto. Muito melhor ser bêbado do que sóbrio. Muito melhor negar com todas as forças que tanta loucura se abateu sobre  Terra. Melhor achar que tudo vai melhorar mesmo sabendo que não vai. Achar que o mundo passa por uma fase de adaptação e emergirá dela melhor do que entrou, o que é obviamente uma ideia de doidos tentando ser normais.

Eu me sinto bêbado, mas estou sóbrio e o que me resta é observar do camarote de minha sã bebedeira a vida que se esvai sem sentido rumo ao caos, a destruição, a morte. A vida se esvai e junto com ela qualquer traço de esperança. Seguimos, uns solenes, outros completamente desavisados rumo a uma destruição certa e breve e não há mais o que se possa fazer.

É isso.

Ouvindo: Alanis Morissette

sábado, 22 de março de 2025

Basta Uma Canção.

 

Basta uma canção, só uma música é necessária, nada mais. A vida pode ser uma merda, mas basta uma canção para tudo que é ruim descer pelo vaso. A vida pode se brilhante, mas uma canção a faz ser constelação. Basta uma canção para chorar e basta uma canção para sorrir. 

Se sou solitário, basta uma canção para me sentir íntimo de quem a interpreta. Se sou multidão e o barulho me incomoda, as pessoas me incomodam, basta uma canção para me transportar para dentro de mim mesmo e acessar meu universo particular.

Quando falta concentração, basta uma canção para que eu me coloque o trilho e se quero despirocar, basta uma canção para enlouquecer de vez e dizer tudo o que quero, tudo o que sinto, tudo o que sei e até o que não sei mas tenho convicção que sei mesmo assim e no final das contas, são minhas convicções tortas as melhores que tenho. Para tudo isso, basta uma canção.

Pode se Tom Jobim, pode ser Tim Maia, Cícero, Sepultura, pode ser até Grace Wander Waal, basta ser canção, bata me tocar, me entorpecer ou acordar, me paralisar ou fazer correr milhas e milhas. Uma canção que me alcance me faz voar ou me faz deitar na relva olhando para o céu e contanto nuvens.

Tudo na vida deveria ser canção, tudo na vida deveria ter ritmo. Se alegre, se triste, tudo deveria ter trilha sonora. Sem canção, o que nos resta além da aspereza do silêncio produzido por tantas vozes que dizem nada achando que dizem tudo e acabam produzindo apenas um ruído ensurdecedor. que nada diz. 

A vida é canção, ao menos a minha é. Lamento por quem não vê música como essencial. O que seria de mim sem uma canção?

É isso.

Ouvindo: Grace VanderWaal 


quinta-feira, 20 de março de 2025

Olívia

 

Olívia é uma boneca de pano que tem um olhar doce como um favo de mel e ao mesmo tempo ameaçador como o de uma boneca Vudu. Não tenho a menor ideia de como ela foi parar em casa, mas um dia a vi no sofá e me apaixonei a primeira vista. Ela "dorme" todas as noites desde então entre eu e Graziela e de uma forma inusitada virou mais minha do que de Graziela, que adora bonecas de pano.

Eu as vezes converso com Olívia e as vezes apenas mantenho um silêncio obsequioso que protege seus ouvidos delicados de minhas tantas falas que si, são capazes de irritar até o ser inanimado que Olívia é. Ao mesmo tempo em que "conversamos" e silenciamos eu fico a me perguntar porque aos 52 anos virei um homem, ou melhor, uma pessoa, que brinca com bonecas. 

Não ei ao certo a resposta mas não me importa também e meus questionamentos em sua grande maioria são assim, morrem pelo meu próprio desinteresse em aprofunda-los. Não existe filosofia em brincar de bonecas ou "conversar" com bonecas. Existe o prazer que tais atitudes trazem ou não e no meu caso, quando acordo no meio da noite e percebo Olívia ali bem perto a minha cabeça sempre de olhos abertos, volto a dormir tranquilo com sua presença qu as vezes me traz conforto em diversos níveis.

Não fui eu quem a batizou, se fosse por mim, ela se chamaria Beatriz, assim como Rafaela deveria ter se chamado Beatriz, mas não tenho, como fica claro, poder de decisão em nomear pessoas ou bonecas e tudo bem também, não faz assim tanta diferença  o nome que se dá a quem quer ou o que quer que seja.

Eu brinco de boneca ultimamente e talvez logo eu pare, me desinteresse. Esse sempre foi meu comportamento padrão com a grande maioria das pessoas salvo raríssimas exceções, eu me desinteresso por elas e pronto. Por que seria diferente com um boneca de pano? 

Talvez porque eu a idealize como eu gostara que fosse e como ela não me responde efetivamente sendo que suas respostas são as que eu mesmo imagino (a loucura se revela lentamente), eu posso imaginar que ela seja como eu quero. Eis ai a diferença fundamental entre eu e Deus que não me criou boneco de pano mas um ser pensante. Basicamente um idiota, mas pensante. 

Por enquanto eu amo Olivia e amo brincar com ela. Se eu morasse em Downton Abbey,  tomaríamos chá as 5:00 eu de verdade, ela de forma lúdica. Mas eu moro em Osasco e chá das 5:00 em Osasco não tem a menor graça. Assim como esse post.

É isso.

Ouvindo: Blade Runner, trilha sonora.

domingo, 16 de março de 2025

Eu Queria Morar Em Downton Abbey

 

Por que? Porque é na Inglaterra, antes de mais nada e eu amo  Inglaterra sem nunca ter colocado os pés lá. Mas entendam, eu queria morar no seriado Downton Abbey. Morar ali naquela vila ou na herdade de Lady Mary. Ser um agricultor, morar em uma daquelas casas de tijolos aparentes, tomar o chá das 5:00 e em todos os outros horários que eu tivesse vontade junto com minha família. 

Todo dia, quando eu chegasse em casa, tocaria a música tema da série, porque eu moraria no início do século 20 mas já haveria na minha casa todos os confortos do século 21 e claro, a trilha sonora da série já teria sido composta. Sim, já haveria futebol americano e no nosso futebol eu seria torcedor fanático do Sunderland. Não sei se a cidade do Sunderland fica perto das bandas de Downton, mas eu torceria mesmo assim.

Certamente eu seria amigo do Sr Carlson pois a personalidade controladora e casmurrona dele é exatamente como a minha e certamente teríamos o que conversar. Daria um jeito de ser amigo da Condessa Viúva pois me divirto com seu sarcasmo e obstinação por dizer o que pensa ainda mais se vai ser levemente desagradável. Seria amigo do sr Bates e também de Ana e Graziela certamente seria amiga de Mrs Hughes e de Mrs Patmore.

Eu iria ansiar pelo Inverno mas já seria feliz no começo do Outono. Os chás seriam então ainda mais quentes e nas noites a lareira permanentemente acesa me lembraria que se lá fora o frio fazia corpos que desafiavam se curvarem, dentro do meu lar tudo era quente e agradável. Na hora de dormir, com aqueles lençóis de linho e edredons confortáveis e principalmente com a ci de Graziela ao meu lado, meu sono seria reparador.

Minha alimentação seria simples porém saborosa e outra licença poética seria a existência da Coca Cola sempre acompanhando meu jantar. Eu não faria questão de ter um carro, mas se o tivesse, daria a primazia da direção a Graziela, que adora dirigir. Eu me entregara a longas caminhadas admirando a beleza do interior da Inglaterra com seus campos hora nevados, hora floridos, sempre deslumbrantes.

Buscaria ser uma pessoa respeitada na comunidade, mas acho que com meu temperamento e meu espírito libertário seria alvo de fuxicos e falações contra minha pessoa, sempre por trás pois teriam medo de minha mal disfarçada violência. Quando eu dissesse que mulheres deveriam trabalhar, votar, viver da mesma forma que os homens, provavelmente as pessoas sorriam, mas de nervoso. E eu riria de satisfação, já que sou um provocador nato.

Não saberia jogar cricket, minha coordenação motora não me permite tal esporte  e certamente não seria diferente se eu morasse em D.T. Algo que não me faria falta seria whats, bem como ig e demais redes (anti)sociais. Eu teria um telefone, mas o veria com reservas, tal qual o Carlson. Para que afinal, tanta facilidade na comunicação? Precisamos falar o empo todo com outras pessoas que nem perto estão?

Viver em D.T me faria um Anglicano e talvez isso me proporcionasse de alguma forma conhecer e sonhando alto (dentro de algo que já é um sonho, ou melhor um delírio), privar da amizade de C.S Lewis. Receber Lewis, para um chá? Uau!

Eu queria viver em D.T, mas como não posso, eu vivo a assistir repetidamente seus episódios e enquanto assisto, me imagino em seus figurinos, em seus jantares em uma existência que jamais será minha, mas que me faz feliz imaginar que poderia ser, excetuando o lance de ter um camareiro, isso jamais! 

É isso.

Ouvindo: Trilha sonora de Downton Abbey

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Caso Eu Acreditasse Em Deus

 

Caso eu acreditasse em Deus, eu acho que Ele ficaria espantado com a noticia que a igreja batista da lagoinha do fogo e enxofre inaugurou seu templo para 20.000 pessoa e que lá existe uma área VIP. Área VIP em um igreja? Como assim? A igreja deixou de ser a casa de Deus? Virou um espaço onde os VIP´S tem melhores assentos, prioridades para estacionar e o espaço para louvor e adoração virou palco. Igrejas como essa cada vez mais parecem com a grande meretriz de Apocalipse.

aso eu acreditasse em Deus teria muita dificuldade de processar informações como essa ou mesmo entender igrejas que promovem "viagens missionárias" para poucas pessoas, apenas as que podem pagar pelo turismo "crente" que essas viagens proporcionam. Sim, acredito que é necessário evangelizar mundo a fora levar o nome desse Deus que definitivamente eu não acredito mais porque seus representantes aqui na Terra me deixam nauseado com tantos absurdos.

Quando um pastor coloca no centro do seu ministério e empurra o Deus que ele prega para um ponto em que quase não se percebe a sua existência, u fico abismado ao vê-lo falar desse Deus se no fundo ele é figura coadjuvante para não dizer desnecessária dentro da pregação. 

O que vale é promover a prosperidade terrena entre os fiéis e criar um estilo de vida diametralmente oposto ao que o filho de Deus pregou quando esteve nessa Terra segundo o relato das santas escrituras. Os relatos que dão conta de que o carpinteiro dormia ao relento tendo como travesseiros as pedras do terreno chegam a ser constrangedores para esses "pastores" e seus  encontros de carrões super esportivos que acontecem dentro de suas igrejas. Jesus, o filho do Deus que eles pregam, não era nada mais que um "loser" n visão destes líderes que pregam a vitória financeira a qualquer custo.

Como acreditar em um Deus que se deixa representar por essa casta de canalhas aproveitadores? Pessoas que promovem leilões de artigos de luxo dentro do que chama de igrejas mas são apenas antros de adoração ao demônio! Gente que toma o dinheiro do outro usando o nome de Deus e o usa sem medo em benefício próprio.

Caso eu acreditasse em Deus, ele seria um Deus que se indignaria com tantas coisas erradas que se praticam em seu nome. Ele não toleraria uma área VIP na sua casa nem tão pouco viagens missionárias que são apena um outro nome para turismo. Não aceitaria tantos testemunhos desleais que transformam sua casa em lugar banal protagonizados por pessoas sem a menor lucidez.

Caso eu acreditasse em Deus ele seria simples, um Deus das pequenas coisas e pequenos cuidados com o seu povo, um Deus sem  necessidade de uma asa com 20.000 lugares e área VIP mas com sede de adoração sincera que só os excluídos do turismo crente podem oferecer. Caso eu acreditasse em Deus, ele seria o Deus que transforma poucos pães e alguns peixes em uma lauta refeição para mais de 5.000 pessoas famintas por sua palavra  também por se alimentarem da comida física que os sustentaria pela jornada de volta.

 O Deus da simplicidade, do amor fraterno e da igualdade anda cada vez mais soterrado pelas benesses de uma vida de repleta de bolsas, carrões, viagens, luxos e tudo mais que o dinheiro possa comprar. Nesse cenário, é melhor que Deus não exista mesmo.

É isso.

Ouvindo: Sandi Patty