quinta-feira, 15 de maio de 2014

ADalpha Uma nova experiência



Não, não vou sair falando em línguas. Não, não vou renegar o que entendo como verdades inegociáveis em se tratando de doutrina Cristã. Nada disso. Mas ontem algo me aconteceu. E foi bom, foi lindo, foi emocionante, foi algo que não me acontecia a anos, foi uma vontade de chorar e me derramar e querer estar perto de Deus que a muito, muito tempo não sentia.

E foi na ADalpha. Quando a Pastora Cassiane chegou em Alphaville com seu marido Jairinho eu só pensava em procura-la como bom corretor que sou e me colocar a disposição para arrumar um imóvel para eles. Ela visitou um plantão de vendas nosso e infelizmente, pensava eu, eu não estava lá. Hoje vejo que foi muito melhor, pois pude ir a igreja que eles conduzem apenas para assistir um culto. E que culto!

Eu não vou aqui entrar em doutrina mas vou falar sobre o atmosfera da igreja. Um lugar de adoradores. É isso que senti. Com todas as suas imperfeições, são adoradores que até lá  se dirigem e buscam  um encontro com Deus. São guiados por duas pessoas que também tem obviamente suas imperfeições mas buscam de coração prover o melhor louvor e adoração possíveis. Uma igreja feita de e para adoradores. E isso foi lindo.

Cassiane é a simpatia em pessoa. E não é aquela simpatia posada, de forma alguma. Ela não é atriz, de forma alguma, é uma pessoa consciente de seu papel de cantora mega conhecida e amada e se porta como tal, mas sem perder em momento algum a humildade. Seu marido fala como um genuíno pastor, alguém que busca dar direcionamento para seu rebanho. Em suma eles não agem como Cassiane e Jairinho ali, agem como pastores e pastoreiam.

Ontem o culto foi muito bonito. O louvor inicial com uma banda absolutamente afiada, um condutor meio limitado mas absolutamente carismático o que tornava suas limitações absolutamente sem importância. Momentos lindos de louvor e adoração foram elevados a Deus e isso é o mais importante. Qualquer análise fora deste parâmetro simplesmente não cabe.

Cassiane cantou um louvor maravilhoso de forma muito bela, com seu carisma inegável aflorando a cada nota emitida, com uma postura de humildade raramente vista nestes dias loucos dias que vivemos em que cantores cristãos querem ser cada vez mais o motivo do louvo e não o mensageiro do mesmo.

Mas o ponto alto foi a apresentação de Bruna Karla. Uma voz poderosa, mas antes uma postura absolutamente adoradora. Cantora de primeira, ministrou entre as músicas uma palavra poderosa e quando cantou "Deixar a Lágrima Rolar", tive que deixar as minhas rolarem junto. Poucas é verdade pois sou um ser pouco diferente de um ogro, mas a beleza deste louvor aliado a uma interpretação tão pessoal e ao mesmo tempo tão participativa e generosa que abraçou a todos os presentes tornou inevitável a emoção aflorar.

Tenho para mim que esta igreja, onde está, estrategicamente localizada na entrada de Alphaville vai ser benção na vida de muitas pessoas, vai mostrar para o mundo que ali pode ter sido um bingo, uma filial do Bar Brahma, mas estava destinada desde sempre a ser uma casa de oração. Um local onde Deus seria exaltado diariamente e para onde qualquer pessoa poderia afluir em momentos de necessidade espiritual.

A nota dissonante fica por conta do Pastor convidado  que pra ser sincero nem gravei o nome pois sua insistência em atrelar milagre a oferta financeira me chateou um pouco, mas não vai aqui uma critica, apena a impressão de alguém que viveu a vida toda em uma denominação completamente diferente e não ve a ofeta desta forma e com este proposito.

Se eu pudesse dizer algo para você que está lendo este post é: Vá a igreja ADalpha e  busque uma experiência com um Deus que te ama e quero melhor para você e para mim também!

É isso

Ouvindo: Bruna Karla (quem diria!!!)




domingo, 11 de maio de 2014

Amizade, hoje eu sepulto mais uma



Hoje, eu sepulto mais uma amizade. De uma pessoa que para mim me era muito, muito cara. Que eu faria o que fosse preciso se é que eu poderia fazer algo por esta pessoa no sentido de que ela não precisaria que eu fizesse nada por ela e eu tenho a mania imbecil de achar que sim, eu posso fazer  algo por alguém. Ao velório apenas eu compareço e pranteio com dor sentida e real a morte desta amizade. Pranteio e olho para um horizonte onde me vejo cada vez mais carregando o fardo de uma vida onde ser compreendido e aceito não me foi permitido.

Hoje eu enterro uma amizade que para mim foi linda e sim me deixará boas recordações. Me deixará não com um travo amargo na boca mas um fiozinho doce escorrendo pelo canto dos lábios porque quando vi que ela, a amizade, tinha morrido, tratei de guardar as melhores recordações e colocar na prateleira mais limpa da bagunça que é meu coração Uma prateleira que só eu acesso e que lhe será exclusiva, um memorial de bons momentos passados de conversas, de risos, enfim de tudo que se compõe uma amizade.

Ousei chamar em toda minha vida, dois homens e três de mulheres de amigos. Os dois homens hoje não falam comigo. Não, não me sinto culpado. Mas me sinto triste, machucado por ter depositado tamanho amor em cada um deles e ter recebido de volta incompreensão, desamor e outros sentimentos menos nobres. Sei que é mais fácil ser amigo de pessoas que são populares e queridas o que não é o meu caso, mas o que acontece e que eu sou uma pessoa que não vou deixar de ser como eu sou apenas para ganhar pontos com a humanidade. E isso é claro traz consequências. Evidente que ainda gosto de ambos pois eles deixaram de ser meus amigos, não o contrário, mas a vida é menos brilhante sem essas pessoas ao meu lado.

Quanto as mulheres, uma se revelou nunca ser minha amiga, uma é minha amiga mais que querida e agora única pessoa no Universo que posso chamar de amiga e uma hoje estuo sepultando com dor no coração nossa amizade.

Eu sei que erro e meus erros muitas vezes decepcionam as pessoas mas eu sei também que tenho, como amigo, um coração puro. Sei que ser amigo é o que eu tenho de melhor a oferecer a uma pessoa, talvez a única coisa boa verdadeiramente que eu tenha dentro de mim e que ninguém quer. Irônico, ma mais do que irônico, triste. Eu não me apego as pessoas em geral. Não sou de forma alguma o tipo de pessoa que vai a velórios, que fica elogiando outras pessoas, que é popular bem quisto e tals. Não. Eu suo o tipo de pessoa que gostei e gosto de pouquíssimas pessoas ao longo da vida e por estas pessoas eu poderia dar a minha própria vida sem pensar muito.

Sei que suo um paradoxo e este paradoxo me faz ser uma pessoa sensível embora eu seja um ser habitualmente brutal. é estranho, mas é assim que sou e gosto de mim como sou. Eu me entristeço com o ocaso desta amizade especifica porque tentei ser uma boa pessoa. Muitas vezes no caminho destas tentativas eu caguei, errei, fiz besteiras fenomenais, mas o que são os amigos senão pessoas que estão ao nosso lado?

Sei que tenho uma besta dentro de mim. Sei que tenho uma monstruosidade que assusta as pessoas e sei que assusta porque ela me assusta muitas vezes, logo a mim que não me assusto com nada mais. Mas ainda sim, como qualquer pessoa quero ser amado, querido, não por todos, que isso é coisa de político, mas por poucas e selecionadas pessoas. As pessoas que eu escolhi amar. É  engraçado este negócio de escolher alguém para dedicar o seu amor. Seja o amor de homem pra mulher seja o de um amigo para outro, porque  quem disse que a pessoa escolhida vai corresponder?

A pessoa que hoje sepulto a amizade que tivemos teve o meu mais profundo e afeiçoado amor. Me orgulho disto. Dei o melhor que eu tinha e me sinto feliz. Me sinto triste também, como convém a um sepultamento, mas feliz, por ter sido mesmo que só eu sabendo o melhor que eu poderia ser. Tenho uma besta em mim como já disse e não sei e talvez a grande questão é que não quero aprender, dominar.

A vida vai seguir. Mais triste, um tanto mais vazia, pois espaços que amigos ocuparam uma vez não ficam mais disponíveis. Eu sempre prossigo. Se eu fosse um Transformer e para eu ser um eles teriam que existir, eu seria um trator, porque eu sempre sigo, seja qual for o obstáculo.

Mas a grande verdade é a seguinte: Nem meu pai gostou de mim, nem ele me deu a cortesia de um olá. Por que alguém mais teria que gostar?



É isso.

Ouvindo: A única coisa possível de se ouvir em momentos de extrema melancolia como este: J. Cash




sexta-feira, 9 de maio de 2014

Jair Rodrigues, obrigado por tudo!


Muito obrigado Jair Rodrigues. Pela música, pela personalidade esfuziante, por uma carreira irretocável, enfim, por ter existido.

Sentirei sua falta. Estranho né? Conheci você? Tirante três ou quatro palavras trocadas no centro de Cotia onde você conversava com qualquer pessoa pois sua extrema educação e bom humor não lhe permitiam ser diferente, não, não conhecia. Por que então sentir sua falta?

Porque você representava o que o Brasil tinha de melhor. E não temos, nós Brasileiros, sendo absolutamente honesto, muito o que nos orgulhar. Mas você, Jair, era diferente. Vê-lo interpretando suas canções que podiam ir da Bossa Nova ao Rap, da MPB ao Samba mais tradicional era ver que o Brasil podia sim dar certo e no seu caso, já tinha dado.

Soa meio piegas eu sei atrelar um país a uma pessoa, mas no seu caso Jair é verdade. Mais do que um cantor, um mero cantor, você representava a porção do Brasil que queria fazer bem feito, que queria ter sucesso e ainda sim manter a humildade, a coerência. Sim, coerência, pois sua carreira sempre foi pautada por ela. Suas parcerias, fossem com Elis Regina, fossem com a garotada liderada pelo seu filho o excelente Jair Oliveira,  sempre resultaram em trabalho de excelência e seu transito junto a todos os estilos e todos os tipo de músico fizeram de você um mito ainda em vida que se expandirá demais agora que se foi.

Curioso, Jair, é que mesmo sendo popular você sempre foi sofisticado. Seus arranjos não eram exatamente fáceis e vazios como esta deplorável MPB de hoje pede que seja. Sempre houve um fraseado elegante, sempre houve uma preocupação para que se fizesse música esteticamente agradável e de conteúdo inquestionável. E sempre, com raríssimas exceções, você conseguiu o seu intuito.

O fato, é que você se foi. O vazio deixado pela sua partida na nossa música será imenso e mesmo tendo filhos talentosos eles não são você Jair e nem tem, (ainda bem) pretensão de ser, pois caminham com suas próprias pernas e conduzem carreiras muito bem estruturadas por eles e para eles. Claro que qualquer um reconhece o seu dedo, o seu DNA e imagino o quanto você se orgulhava de ter filhos assim tão bons.

Sua partida  me entristece mas fica aqui o meu agradecimento, fica aqui nestas palavras que não conseguem expressar 1% de seu talento o tributo de um fã que se não viveu o inicio de sua carreira, pode acompanhar de forma extasiada todos os passos dela.

Parabéns, Jair e muito, mas muito obrigado!!!

É isso.

Ouvindo: Jair Rodrigues

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Somos todos macacos? Não, Neymar, não somos


Não, não somos "todos macacos". Não aceito isso. Somos e isso é saudável absolutamente diferentes em nossa forma de ser, pensar, agir. Sentimos diferentes, temos referências de vida diferentes, chutamos uma bola de forma absolutamente diferente, uma música não desperta o mesmo sentimento em duas pessoas pode até ser parecido, mas não igual. Fomos criados para sermos únicos e assim somos, então, não podemos ser "todos macacos".

A atitude do torcedor ao jogar uma banana para Dani Alves foi infeliz. Quis nivela-lo a um bicho irracional. Dani teve presença de espirito e comeu a banana. Deveria ter se retirado de campo, deveria ter dado as costas para aquela torcida composta de pessoas que não raciocinam de forma apropriada e embora cada um possa pensar o que quiser não pode por óbvio que é, destilar ódio racial para o mundo ver.

Dani Alves sabe que se tivesse se retirado do campo teria problemas. Sobretudo problemas financeiros com patrocinadores, com seu clube, com os patrocinadores do seu clube. Mas sabe também que talvez este gesto firme tivesse freado de uma vez por todas a sanha racista que reina no mundo, não apenas na Europa. Faltou coragem a Dani Alves assim como lhe sobrou galhofa. Teria tudo terminado ai se Neymar o "Ostraman" não tivesse lançado uma "campanha" que foi replicada por dezenas de milhares de outros cabecinha de ostra pelas redes sociais. A tal "somos todos macacos".

Não somos, Repito. Somos todos seres humanos com suas diferenças. Não se combate ideias racistas reforçando igualdade. Nivelando as pessoas pelo mesmo diapazão. Somos todos diferentes e as diferenças é que precisam ser respeitadas de forma categórica. As diferenças entre os seres humanos é que tornam os relacionamentos tão ricos, tão cheios de vida. Dizer que somos todos iguais, seja na cor, seja na forma de agir ou pensar é pensar em uma sociedade robótica e sem graça. Exatamente como os racistas gostariam que fosse. Um mundo onde todos são iguais, pensa igual, agem de forma igual e aceitam um governo totalitário que diz exatamente o que cada cidadão deve fazer. é isso que queremos?

Se não é, e espero que não seja, devemos combater veementemente esta ideia estapafúrdia de que somos todos macacos, ou dromedários, ou baleias azuis, ou golfinhos. Somos cada um diferentes e iguais apenas no gênero, não na forma e isso é que é lindo e nos faz únicos. Nossa igualdade advém do fato de raciocinarmos e podermos escolher concordar ou discordar com a opinião que seja, qualquer uma, mas jamais de sermos iguais.

Neymar obviamente é um gênio com a bola nos pés mas um tolo quando emite qualquer outro tipo de opinião. é alguém que não optou por estudar, por ler bons livros, por ter uma cultura privilegiada que o dinheiro poderia lhe proporcionar. Diz platitudes que seus tolos seguidores saem replicando por serem tão ignorantes como ele, mas as pessoas que pensam tem o dever de esclarecer que besteiras como a que ele lançou em sua tola "campanha" devem ser combatidas.

Temos sim que repudiar o racismo embora ele sempre vá existir enquanto houver sociedade organizada. Sempre existirão pessoas achando-se melhores que outras. Sempre existirão pessoas que julgarão pelo dinheiro que alguém tem a mais ou pelo tom de pele mais claro ou escuro. Isso é fato. Sempre existiu e como eu disse sempre existirá. Deve ser combatido, deve ser repudiado pelos homens de bem, deve ser sobretudo punido nos termos da lei de cada país, mas dai a gerar campanhas cretinas vai uma diferença monstro.

Daniel Alves poderia ter abandonado o campo de jogo no momento em que lhe atiraram a banana da discórdia. O que ele fez foi come-la, um ato muito mais virado para o lado da galhofa do que da atitude séria. Teve a chance de ouro, Daniel Alves de criar uma real discussão sobre o tema se tivesse abandonado o campo ali mesmo pela lateral do campo. Sabia no entanto que seus patrocinadores pessoais e os patrocinadores do clube jamais  veriam com bons olhos uma atitude deste tipo. Calou-se então, continuou jogando bola e deixou literalmente rolar e ver no que daria. Não deu em nada e nem vai dar.

Jogadores de futebol são historicamente uma classe desunida e pouco instruída. A grande maioria mal sabe soletrar racismo de forma correta e não consegue fazer a distinção entre racismo e preconceito. Não conseguem entender que seu dinheiro o faz toleráveis para a grande elite Européia ou mesmo brasileira. Toleráveis, não queridos. Estão sempre se unindo ao politico da vez, ao cantor da vez ao bobo da corte da vez. São raros os que raciocinam por si só e dizem coisas coerentes. Esses são mau vistos pela própria massa boleira.

Não somos enfim, todos macacos. Somos diferentes entre nós e essa diferença deve ser saudada como algo positivo, não ao contrário. Tentar fazer com que todos sejam  iguais é a matriz do racismo, afinal todos são iguais e os diferentes podem ser exterminados para higienizar o mundo. Se Neymar e seus parças buscassem ler, se instruir, saberiam desta obviedade e jamais organizariam tolices como este "somos todos macacos".

É isso.

Ouvindo: J. Cash




terça-feira, 29 de abril de 2014

Todo meu amor ao Pato Fu e ao espetacular "Musica de Brinquedo"


"Música de brinquedo" o excepcional, espetacular, magistral álbum do Pato Fu, é sem dúvida alguma digno de figurar entre os 10 melhores álbuns de todos os gêneros e de todos os tempos já produzidos no Brasil. As releituras para lá de originais que usam desde bateria de brinquedo passando por campainhas, frangos barulhentos de borracha, pistolas espaciais, sopros artesanais também de brinquedos e tantas outras traquitanas até um  "chaveiro" foi utilizado, mostram ao mundo que criatividade não tem limites quando pessoas de talento inquestionável  se põe a criar.

Mais do que um experimentalismo que poderia muito bem resultar apenas em algo que é fosse um fim em si mesmo, Música..., se mostra um trabalho maduro, consistente e leal a sua proposta que fazer música séria brincando. Crianças gostam e adultos ao verem revisitadas canções como "Live and Let Die!", "Rock and Roll Lullabye" entre outras se deliciam com a descoberta de novos som no caso das crianças e com a capacidade de renovação de sons conhecidos pelos pais em temas absolutamente revigorados.

Colaboram para o resultado fora do normal a voz sempre delicada e aqui surpreendente até, de Fernandinha Takai e quando falo surpreendente é porque sua voz neste disco "dialoga" com seus ouvintes em um registro que não guarda semelhança com os outros trabalhos "adultos' do Pato Fu, antes ela achou um registro único para este trabalho que também é exclusivo na forma e conteúdo.

Arrisco dizer que "Live And Let Die" encontrou aqui sua versão definitiva, a melhor de todas entre as tantas já gravadas e que Paul MacCartney certamente aprovou a versão com um sorriso gigante nos lábios. A sensibilidade do arranjo, energético, pauleira mesmo mas ao mesmo tempo doce e delicado mostra o vigor quase inesgotável do Pato Fu quando o assunto é surpreender. Na versão ao vivo, gravada na sala de espetáculos do Ibirapuera em SP o uso da galinha de borracha é tão inusitada e tão espetacular que confere a música uma aura de obra de arte poucas vezes conseguidas no cambaleante Rock nacional.

É de chorar que a grande massa de ouvintes de música não esteja familiarizado com tal álbum que só não é melhor do que "A Arca de Noé" porque é este simplesmente um trabalho de Vinicius de Moraes com arranjos de Toquinho e Rogério Duprat e é desde sempre insuperável como o melhor trabalho infantil já realizado no Brasil quando se fala em música.

Vida longa ao Pato Fu, vida longa a "Musica de Brinquedo" e que um dia ele seja reconhecido como o clássico que já é!



É isso.

Ouvindo: Musica de Brinquedo

sábado, 26 de abril de 2014

por que só Deus pode me julgar...


Porque só ele me conhece. Porque só ele sabe o que se passa dentro de mim e diga-se de passagem na maioria das vezes nem eu sei o que se passa dentro de mim. Porque eu não julgo ninguém, afinal não me compete, não tenho os elementos para julgar quem quer que seja e não tenho principalmente a vontade de julgar pessoa alguma.

Porque as minhas atitudes normalmente falam muito mais sobre um momento especifico do que sobre uma vida e isso deveria ser o suficiente para não me qualificarem com qualquer  rotulo definitivo. Por que hoje eu te amo e amanhã posso ser indiferente e vice e versa, porque as pessoas em geral são assim embora relutem em admitir e prefiram o engessamento da personalidade.

Eu por meu turno não sei e não gosto de ser engessado ou de ter uma personalidade engessada que não se permite mudar de opinião 10x vezes no dia se precisar até me adequar a que melhor me serve.

O grande problema em julgar as pessoas é que SEMPRE usamos o nosso diapasão . Nunca, ou ao menos muito, mas muito raramente trocamos o chapéu com o outro. Quem julga sempre julga o outro levando em conta o que a própria pessoa faria em determinada circunstância, nunca levando em conta que a pessoa julgada é ela mesmo completamente diferente, pensa, sente, sofre e ri de forma diferente e só isso já é o suficiente para destruir qualquer possibilidade de julgamento justo.

Verdade seja dita que em 99,99% dos casos julgar não significa que se busca justiça e sim supremacia de pontos de vista. Não se julga alguém para ser compassivo, para apontar um suposto erro com amor, claro que não! Se julga alguém para poder olhar para si mesmo e dizer: "incrível como sempre estou certo!" Busca-se a vitória sobre o outro, e isso já deveria invalidar qualquer julgamento.

Deus pode me julgar porque ele sim conhece minha vida, conhece  minha história e não quer me vencer, quer ao contrário, me dar a vitória. Então, só ele pode me julgar, só ele pode ser o Senhor de minha atitudes pois ele busca o meu melhor, não ser melhor que eu.

É isso.

Ouvindo: The Goodmans

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A moça da calça amarela


A moça da calça amarela estava como eu no posto de saúde. Mas ao contrário de mim estava sozinha, desemparada, assustada e com medo. Lhe era fácil ler a emoções porque sua frágil figura deixava transparecer de forma clara tanto a dor física como a dor emocional de não ter ninguém e de ser olhada de esguelha como se por ser uma moradora de rua não merecesse estar ali pedindo por um atendimento que minorasse suas dores.

Tive sorte e fui atendido por uma médica mega atenciosa, coisa rara no sistema de saúde público enquanto a moça de calça amarela foi tratada de forma estúpida e quase enxotada do consultório de um desses Bolivianos cretinos que insistem em clinicar no Brasil mal falando nosso idioma.

Ela saiu do consultório chorando e chorando permaneceu praticamente ao meu lado enquanto aguardávamos eu parar colher sangue, ela não sei bem para que. Um choro silencioso, do qual só se sabia ser choro efetivamente porque lágrimas desciam por sua face. Um choro de alguém que não quer incomodar, não quer ser percebido, e mesmo que quisesse ser, ninguém se importaria.

Falar sobre a realidade da saúde no Brasil e triste mas vive-la é ainda pior. Em um cenário como este é de se perguntar como podemos daqui a poucos dias torcer e vibrar por nossa seleção? Com poderemos aplaudir nossos craques e os que chegarão de outros países quando vemos postos de saúde caindo aos pedaços, sem profissionais suficientes, sem medicamentos básicos, sem acomodações, enfim, sem nada, atendendo a um surto de Dengue, doença que só no Brasil prospera e nos envergonha de forma suprema? Por que nos calamos? Por que aceitamos? Por que?

A moça de calça amarela, uma moradora de rua já sem nada não deveria ao menos em uma unidade de saúde achar algum conforto, algum lenitivo para sua dor? Não deveria ela ter alguma prioridade? Eu choro pela moça de calça amarela muito mais do que choro pelo meu pequeno infortuneo pois logo estarei recuperado enquanto ela, sendo tratada com repulsa por um médico que nem em nosso país deveria estar, certamente ja está vagando novamente pelas ruas do bairro pedindo por um prato de comida ou uma nova calça amarela, ou da cor que for.

É isso

Ouvindo: Titãs