Eu cansei de mim. A verdade é esta. Cansei de quem eu sou e principalmente de como eu sou. Eu vivi 42 anos guerreando contra o mundo e hoje tenho a lucidez de declarar que eu perdi. Eu perdi uma batalha que não conseguiria ganhar de qualquer maneira, tanto pela impossibilidade da empreitada - ganhar do mundo, como pela minha incompetência que tenho para levar o que quer que seja a termo. Eu não consigo, eu fracasso fragorosamente. Eu sou uma derrota que se move.
Então, fato é, que aos 42 anos eu morri. Eu decreto minha morte para renascer. Não tem outro jeito. Não quero nada que me lembre que eu fui no que diz respeito a forma de agir e pensar. Chega de me ver como uma pessoa privilegiada intelectualmente. Chega de ter como exemplo de vida as pessoas que um dia admirei. Não serei mais o cara que ficava enlouquecido para assistir as temporadas de Dowton Abbey. Serei fã de Big Brother. Esqueço solenemente a partir de hoje qualquer admiração pelos livros clássicos que li e tanto amo, ou melhor, amei. Minha leitura, quando ela houver, será rasa, lerei Paulo Coelho, J.K Rowling e meu mentor e guro será o apresentador de TV Ratinho. Sim, o Ratinho. Um homem do povo, que traduz o pensamento das massas como poucos. Eu quero ser do povão, eu quero ser tapado. Chega de raciocinar por mim mesmo, eu sou agora, oficialmente, mais um da manada.
Não emitirei mais opiniões de espécie alguma, ao menos que seja para elogiar. Não tenho e admito finalmente, competência para criticar o que quer que seja e neste meu mergulho repentino e sem paraquedas rumo a uma vida pautada por gostos populares não me cabe falar de obra de arte de qualquer espécie. Arte para mim, deste momento em diante serão as canções de Jorge e Matheus, os caras que segundo expressão corrente "fodem o psicológico até de quem não está apaixonado". Pois, bem, quero ser fodido por tão lindas mensagens.
Antes que pensem que se tratem de ironia, este post é fruto de reflexão. Após descobrir que a corporação mais valiosa do mundo, o Google, me precificou em reles 300 e tantos dinheiros, percebi de fato quem eu sou. Um arrogantezinho que se acha quando não é nada. Eu tenho que morrer e decreto minha morte hoje, novamente, e imediatamente, para não dar margem de comparação com a Phoenix que renasce, eu ressurjo do esgoto que escorre de mim mesmo, renovado, fedorento mais renovado, pronto para ser uma pessoa de acordo com minha real estatura de 300 e poucos dinheiros, pronto para ter calibrar o conteúdo de meu ser com o preço de meu exterior, pronto para ser um bosta, mais um em meio a multidão. Mas quer saber? Os bostas é que são realmente felizes.
Eu vou esquecer de mim como sou hoje. Não sentirei saudades. Acho que tenho potencial para ser popular, para fazer do meu discurso algo mais simples, ou na verdade inexistente. Irei abrir a boca apenas para concordar, serei político, falso, direi uma coisa para uma pessoa e outra completamente diferente em seguida para uma segunda pessoa. Minhas palavras irão de encontro não ao que penso, mas ao que as pessoas querem ouvir. Eu valho 300 e poucos dinheiros e pessoas que valem tão pouco não podem se dar ao luxo de digressões elaboradas. Eu não tenho que ler Pondé, não tenho o direito de me deleitar com Saramago, uma pessoa como eu deve ler os romances que se vendiam em bancas mas ainda se acham a larga em Sebos, como Julia, Carina e talvez a literatura erótica e pouco conhecida na atualidade de Cassandra Rios, talvez sua obra Prima, "Nicolleta Ninfeta" tenha algo mais a me ensinar do que qualquer livro de Gore Vidal e ai, vejam só a pretensão de um analfabeto funcional que mal estudou querer ler Gore Vidal e sair arrotando isso por ai.
Ao menos algo de bom surgirá disto. Este é, o último post deste blog. Chega de tortura, chega de palavras ao vento. Este blog adormece e dificilmente acordará novamente. Foi legal escreve-lo mas ele não cabe na adequação que tenho que fazer para renascer diferente e ser se não uma pessoa melhor, ao menos, uma pessoa aceita.
É isso.
Ouvindo: Victor e Léo