quarta-feira, 11 de março de 2015

Epitáfio/Um recomeço


Eu cansei de mim. A verdade é esta. Cansei de quem eu sou e principalmente de como eu sou. Eu vivi 42 anos guerreando contra o mundo e hoje tenho a lucidez de declarar que eu perdi. Eu perdi uma batalha que não conseguiria ganhar de qualquer maneira, tanto pela impossibilidade da empreitada - ganhar do mundo, como pela minha incompetência que tenho para levar o que quer que seja a termo. Eu não consigo, eu fracasso fragorosamente. Eu sou uma derrota que se move.

Então, fato é, que aos 42 anos eu morri. Eu decreto minha morte para renascer. Não tem outro jeito. Não quero nada que me lembre que eu fui no que diz respeito a forma de agir e pensar. Chega de me ver como uma pessoa privilegiada intelectualmente. Chega de ter como exemplo de vida as pessoas que um dia admirei. Não serei mais o cara que ficava enlouquecido para assistir as temporadas de Dowton Abbey. Serei fã de Big Brother.  Esqueço solenemente  a partir de hoje qualquer admiração pelos livros clássicos que li e tanto amo, ou melhor, amei. Minha leitura, quando  ela houver, será rasa, lerei Paulo Coelho, J.K Rowling e meu mentor e guro será o apresentador de TV Ratinho. Sim, o Ratinho. Um homem do povo, que traduz o pensamento das massas como poucos. Eu quero ser do povão, eu quero ser tapado. Chega de raciocinar por mim mesmo, eu sou agora, oficialmente, mais um da manada.

Não emitirei mais opiniões de espécie alguma, ao menos que seja para elogiar. Não tenho e admito finalmente, competência para criticar o que quer que seja e neste meu mergulho repentino e sem paraquedas rumo a uma vida pautada por gostos populares não me cabe falar de obra de arte de qualquer espécie. Arte para mim, deste momento em diante serão as canções de Jorge e Matheus, os caras que segundo expressão corrente "fodem o psicológico até de quem não está apaixonado". Pois, bem, quero ser fodido por tão lindas mensagens.

Antes que pensem que se tratem de ironia, este post é fruto de reflexão. Após descobrir que a corporação mais valiosa do mundo, o Google, me precificou em reles 300 e tantos dinheiros,  percebi de fato quem eu sou. Um arrogantezinho que se acha quando não é nada. Eu tenho que morrer e decreto minha morte hoje, novamente, e imediatamente, para não dar margem de comparação com a Phoenix que renasce, eu ressurjo do esgoto que escorre de mim mesmo, renovado, fedorento mais renovado, pronto para ser uma pessoa de acordo com minha real estatura de 300 e poucos dinheiros, pronto para ter calibrar o conteúdo de meu ser com o preço de meu exterior, pronto para ser um bosta, mais um em meio a multidão. Mas quer saber? Os bostas é que são realmente felizes.

Eu vou esquecer de mim como sou hoje. Não sentirei saudades. Acho que tenho potencial para ser popular, para fazer do meu discurso algo mais simples, ou na verdade inexistente. Irei abrir a boca apenas para concordar, serei político, falso, direi uma coisa para uma pessoa e outra completamente diferente em seguida para uma segunda pessoa. Minhas palavras irão de encontro não ao que penso, mas ao que as pessoas querem ouvir. Eu valho 300 e poucos dinheiros e pessoas que valem tão pouco não podem se dar ao luxo de digressões elaboradas. Eu não tenho que ler Pondé, não tenho o direito de me deleitar com Saramago, uma pessoa como eu deve ler os romances  que se vendiam em bancas mas ainda se acham a larga em Sebos, como Julia, Carina e talvez a literatura erótica e pouco conhecida na atualidade de Cassandra Rios, talvez sua obra Prima, "Nicolleta Ninfeta" tenha algo mais a me ensinar do que qualquer livro de Gore Vidal e ai, vejam só a pretensão de um analfabeto funcional que mal estudou querer ler Gore Vidal e sair arrotando isso por ai.

Ao menos algo de bom surgirá disto. Este é, o último post deste blog. Chega de tortura, chega de palavras ao vento. Este blog adormece e dificilmente acordará novamente. Foi legal escreve-lo mas ele não cabe na adequação que tenho que fazer para renascer diferente e ser se não uma pessoa melhor, ao menos, uma pessoa aceita.

É isso.

Ouvindo: Victor e Léo

terça-feira, 10 de março de 2015

Eu valho R$323,35

Ao menos para o Google é isso que vale o que eu escrevo, baseado no tráfego que gero com minhas postagens. Meros R$323,35. Não, de forma alguma eles levam em conta a analise de conteúdo. Se é bom, se é ruim. Se eu escrevesse um livreto de ódio dirigido a um setor qualquer da sociedade e gerasse um tráfego monstro independente do conteúdo, eu valeria bem mais. Tem blogs que valem na casa de milhares de Reais, ainda que seus conteúdos sejam pouco mais que palavras vomitadas por pessoas sem a menor noção do que seja escrever um texto coerente com início, meio e fim.

A vida é assim. Não me chateio ou ao menos não me chateio muito. Sei que tudo no mundo em que vivemos é de alguma forma precificado, a tudo atribuímos valor e só acho uma pena que a tudo tenhamos o hábito de atribuir valor financeiro. O intangível não é mais levado em conta. A emoção cada vez mais é precedida e preterida pelo lado financeiro da questão, seja ela qual questão for. Se der lucro ótimo, ainda que seja uma porcaria, se for uma obra de arte (o que de forma alguma é o caso das coisas que eu escrevo, nem perto disso), fica relegada a um segundo plano.

O que me incomoda é que a conta do Google é incapaz de atribuir um valor  que seja desatrelado a questão de quantas pessoas leem o blog e o quanto isso pode gerar em termos de receita publicitária. Não existe uma ressalva do tipo "os textos são razoáveis", ou mesmo "os textos são uma merda", nada disso. Apenas os frios números que determinam quantas pessoas acessam por dia ou por mês o blog que escrevo e se dispõe a ler minhas mal traçadas linhas.

Esquece a pessoas  que atribui tal valor não só ao meu, mas a todos os blogs que estão no serviço "blogspot" que o conteúdo é muito mais importante do que a quantidade de pessoas que se dispõe a acessa-lo. Mal comparando, quantos discos vendeu Maria Callas em toda a sua vida? Muito menos do que o esdrúxulo Michel Teló com seu single infame "Ai  Se Eu Te Pego". Oras, as vendas astronômicas deste lixo tornara-no menos lixo e as vendas modestas porém absolutamente seletivas de Maria Callas fazem dela, a voz mais perfeita que já caminhou sobre a face da Terra uma cantora menor?

Existem certas reflexões que se fazem necessárias no mundo em que vivemos e por mais que  não as façamos por pura preguiça,  o resultado final delas esta ai, no ar pairando sobre nossas cabeças que se recusam a entender que precificar a arte ou o que se pretende arte é tão vil quanto um ato assim possa ser.

Precisamos esquecer um pouco do vil metal e entender que  o que realmente importa na vida na grande maioria das vezes não pode ser comprado. E para quem pensa que se meu blog valesse por exemplo R$300.000,00 eu me sentiria feliz e realizado, ledo engano! Eu me sentiria tão ultrajado quanto me sinto agora pois da mesma forma ele estaria valendo este valor maior porque estaria trazendo tráfego maior e com isso um potencial muito maior de publicidade.

é triste quando pessoas completamente estranhas colocam preço na expressão de nossas emoções ideias e por que não dizer, arte. E pior o fazem baseados apenas em conceitos monetários. Deplorável!!!

É isso.

Ouvindo: Maria Callas

segunda-feira, 9 de março de 2015

Desconstruindo a imbecilidade. Ou, de como frases toscas se tornam verdades absolutas


Alguns posts eu devo a outras pessoas que mesmo sem querer me inspiraram a escrever. O de hoje, veio de uma frase que reputo como quase perfeita do Marcelo Cardoso, amigo do Facebook que comentou na postagem de outro amigo, que ai eu li, e ai virou este texto tosco aqui:

Muitas vezes tomamos como verdades certos "ditos populares' que nada mais são do que bobagens rematadas. Vamos aos fatos, é hora de desconstruir mitos, trazer a realidade frases que não fazem sentido algum e são utilizadas a larga.

"A males que vem para o bem. Como disse o Marcelo, as vezes até pode acontecer, mas os males, e o "nome já diz tudo, via de regra, vem para o mal mesmo e ainda que possam produzir um bem ou outro, são tão localizados e marginais que não merecem nem ser chamados de bem porque geralmente acontecem a custa da desgraça alheia. Males, sempre vem, então, para o mal mesmo.

"Os últimos serão os primeiros". Tem que ser bem bobalhão para levar esta frase a sério. Os últimos serão basicamente os que chegam atrasados, pegam os piores lugares e comem a comida que restou. Esta frase foi usada na Biblia com um sentido  evidentemente metafórico que serve apenas para a metáfora em questão e não como regra para a vida ou como conselho inteligente a ser deado, pelo simples motivo de que a frase é burra.

"O apressado come crú e quente". Ok, pessoas com senso de urgência apurado, também conhecidas como "apressadas" devem ir apenas a rodízios de comida Japonesa, caso contrário,tem sempre queimarão a boca e ainda terão problemas estomacais em razão da ingestão de alimentos impróprios para o consumo (crús). De onde se tirou isso?  As lesmas corporativas adoram espalhar boatos sobre os que de fato produzem.

"Puxa saco e mato tem em qualquer lugar" Mentira! Mato só tem no quintal de pessoas relaxadas, que não cuidam de suas propriedades. Já os puxa sacos sabem muito bem onde florescer. Normalmente em volta de chefes poderosos, vaidosos e sem noção que adoram se ver cercados de pessoas tão nefastas como os tais puxa sacos.

"Gato escaldado tem medo de água fria" Nem merece muita explicação pois não? Um gato que tenha recebido em seu corpo água em temperatura suficientemente alta para ser considerada escaldada, terá evidentemente, morrido. Logo, não terá medo de mais nada, pois os mortos nada temem. E nada sentem.

"Em terra de cego, quem tem um olho é Rei" Bobagem gigantesca.  Em terra de cego quem tem um olho é apenas "menos cego" que os outros que já o são em sua totalidade. Nada além disso.

"Mais vale um pássaro na mão, que dois voando". Frase típica utilizada pelos covardes e os que tem medo de arriscar. Dois pássaros na mão, sempre valerão mais que um voando e te-los recompensará qualquer esforço para tanto. Quem se contenta com pouco adora esta frase. Quem quer mais da vida da risada dela.

Agora uma frase que é real, muito real é a seguinte: "Em tempos de crise eu enxergo oportunidade" Infelizmente quase ninguém dá crédito a ela e acha que crise é para entrar na toca e hibernar. Ou ficar dando créditos a ditos populares.  A maioria não está quase nunca certa. Ela mandou crucificar a Jesus, apoiou ditadores, levou Hitler a uma posição que todos sabem no que deu, elegeu o PT, pra ficar em apenas algumas bobagens. Melhor mesmo é crer nos seus extintos, se informar para ter base na decisão que tomar e seguir em frente sem que opiniões ou fatores externos te tirem de suas crenças fundamentais.

Em breve, mais frases serão aqui ridicularizadas.

É isso.

Ouvindo: Foo Fighters

domingo, 8 de março de 2015

Bastão De Selfie


Sou de um tempo em que fotos retratavam momentos. Eram instantâneos significativos da vida de alguém ou de nossa mesmo. O nascimento de um filho, os primeiros passos dele, aquela comidinha caindo no canto da boca, isso pra ficar em três situações. Quem me acompanha aqui, sabe que não sou um saudosista imbecil que fica dizendo que legal era o que no passado havia e como no passado nos comportávamos, longe disso, mas alguns costumes dos dias de hoje me irritam, para não dizer que me enojam ou mesmo me  causam horror.

Selfies são por definição ao menos para mim, o que existe de pior no comportamento humano. A banalização do momento. Tudo "pede" uma selfie, tudo é motivo para se aponte os famigerados celulares para si próprio e em um click  uma situação absolutamente banal, que na maioria imensa das vezes interessa apenas a quem se clicou, vire algo que na mente soberba e vaidosa do ser humano em questão algo "para a eternidade" e caia em alguma rede social em questão de segundos.

Artistas fazem questão de quando com a lotação esgotada de seus shows virarem para seu público e com eles tirarem uma "selfie coletiva" até jogadores de futebol já estão fazendo isso para comemorar os seus gols. A tecnologia tem de fato o condão de mudar a humanidade, ou ao menos os seus comportamentos, mas quando ela muda comportamentos elementares, quando ela mexe em rotinas organizadas não pelo dia a dia, mas pelo intangível bom senso, aquelas rotinas que dizem que temos que ser discretos na medida do possível e que toda exposição em excesso é algo deplorável e pior, quando este excesso passa a ser o padrão desejável de exposição, quando a nossa vida se passa mais no Facebook ou Twitter do que com os amigos reais no mundo real, a tecnologia deixou de ser aliada para ser algo digno de combate ou no mínimo  de tratamento médico adequado.

O advento do tal "bastão de selfie", ou "pau de selfie", nos leva ao paroxismo em termos de exibicionismo barato e sem sentido. que a tecnologia pode oferecer. Facilitando de forma dramática para aqueles que como eu não tem coordenação motora para sequer enquadrar-se em um auto retrato quanto mais enquadrar duas, ou dez, ou cem pessoas na mesma foto, o  tal bastão tornou o ato da fotografia antes tão pensado e elaborado algo que se faz como quem toma um copo com água. E é disso que se trata, assim como a água, expor-se nas redes sociais via selfies é algo que virou necessidade, pessoas não são mais elas mesmas se não documentarem  momentos tão interessantes como o seu almoço e o que ele continha, ainda que  para mim e para os que pensam o que alguém como no almoço é tão importante quanto a morte da bezerra.

O mais interessante é o efeito cascata que isso ocasiona com pessoas "curtindo" o almoço da outra pessoa ainda que um seja um convicto vegetariano que tenha postado um suculento prato com folhas e beterraba e o "curtidor" seja um inveterado carnívoro que nem sequer quer saber de um ingrediente deste em seu prato. Dai para ser legal muitas pessoas se tornam curtidores dos momentos absolutamente pequenos da vida de outras pessoas que não fosse essa febre que não passa na sociedade de expor-se a qualquer preço jamais despertariam qualquer interesse.

O tal bastão, este sim, deve ser mais uma febre de verão por idiota que é e porque creio firmemente que as pessoas cairão em si de com é ridículo e babaca ficar carregando um troço desajeitado desse para cima e para baixo ainda que no porta malas de um carro apenas para não perder a oportunidade de ser bocó e fotografar seu opor do Sol em Osasco que sem dúvida é a coisa mais linda do mundo.

O mundo segue é verdade, um caminho irreversível de imbecilidade. Comportamentos vis e sem sentido se tornam cada vez mais corriqueiros e quanto mais alguém se expõe, obviamente mais se destaca. Um comportamento "low profile" é hoje em dia visto como uma timidez inaceitável e mesmo um retraimento social inaceitável, que logo é imputado a falta de traquejo da pessoa o que lhe torna uma espécie de pária, incapaz de interagir como  todos interagem e por este motivo deve ser relegado a um segundo plano social.

Pau de selfie, bastão de selfie o nome que se quiser dar, na verdade este objeto é nada mais nada menos que um símbolo (não fálico, embora o formato... bom...) do que estamos nos tornando em velocidade alarmante. Pessoas incapazes de dar valor ao que realmente tem valor e que supervalorizam o que vão, imbecil e desnecessário.

É isso.

Ouvindo: Madredeus


sábado, 7 de março de 2015

Certas músicas... "Conexão (é só olhar para ti)", de Daniela Araujo


Certas músicas nos desnudam. No meu caso, "Conexão (é só olhar para ti)" de Daniela Araujo e interpretada por ela mesma, deixa o meu Rei mais que nu. Deixa o meu Rei completamente exposto,  meu interior, o que eu tenho dentro de mim vaza para fora, quem eu sou se mostra e não digo que se mostra para outros, se mostra para mim mesmo, o que pode ser bem mais aterrorizante.

Conexão fala sobre dias bons, sobre o mal que nos basta a cada dia, mas seu refrão "é só olhar para ti, é só olhar para ti, que eu entendo tudo que se passa aqui dentro" é de uma verdade inescapável. Obviamente Daniela esta falando de quando olhamos para Deus. E no meu caso, quando olho para Ele, eu entendo tudo o que se passa dentro de mim. As coisas ficam claras, por mais escuras que sejam. Minhas verdades aparecem, belas ou feias, meus cantos se iluminam, minhas defesas desmoronam, porque ao olhar para Deus eu entendo tudo e o que tenho para entender é de dar medo muitas vezes. Como diria Renato Russo, "Eu, homem feito, tive medo e não consegui dormir".

Engraçado que Deus não me acusa. Não precisa. Porque se é Deus a expressão máxima da perfeição e da verdade, ao olhar para ele, imediatamente percebo minha imagem sendo refletida como em um espelho de forma completamente transparente e o que vejo é desolador. Ele apenas me ama, apenas busca me fazer entender esta verdade, que seu amor é incondicional, mas a mim parece tão difícil aceitar como diz Daniela em sua canção "A existência da consciência" que é melhor fugir do que aceitar este amor.

O amor de Deus uma vez aceito implica em transformação. Quem disse que eu quero transformar a minha vida? E se eu não quero, dai que eu fujo mesmo Dele, para que ele não me mostre ainda que silenciosamente os pontos a serem mudados. É, certas canções parecem que foram feitas sob medida para me tocar. "Conexão", é uma delas.

A interpretação de Daniela, tão cheia de verdade, tão pungente, faz com que a música fique ainda mais certeira, ainda mais bela, ainda mais tocante. Não tenho muito o que falar sobre o meu interior, é coisa minha, mas certas canções podem realmente tocar pessoas de forma tão profunda que ouvi-las uma vez que seja, faz com que o dia não seja mais o mesmo.



É isso.

Ouvindo: Daniela Araujo


quarta-feira, 4 de março de 2015

Que mundo é esse afinal?


Que mundo é esse afinal que vivemos? Um mundo onde os maus vão triunfar e além disso contaminar aos bons? Um mundo onde gente boa, de bem, começa a aceitar como comum e necessário até o justiçamento do próximo que cometeu um erro seja ele qual for? Um mundo onde clamamos por "heróis" que tenham como método de ação o não comprimento das leis estabelecidas dentro de um estado de direito e sim as que ele mesmo considera ideais?

Se o mundo esta vendo a violência aumentar dia a dia é com mais violência que os bons vão responder? Se a corrupção grassa em nosso meio o remédio é a morte dos corruptos? Preferimos esquecer que são os corruptos eleitos por nós mesmo, que votamos sem critério, muitas vezes loucos para aproveitar o dia de folga que a eleição proporciona, sem ler programas de governo, sem nem ao menos pensar nas palavras proferidas pelo candidato que colocamos no centro do poder para nos representar, e quando ele se afunda no mar de corrupção e trapaça, começamos a desejar sua morte. Não temos mesmo responsabilidade alguma? E se temos, o que merecemos?

E a criminalidade? Claro que não se trata de culpar o cidadão de bem e vitimizar o bandido, mas é evidente que a nossa sociedade cada vez mais egoísta, orientada para ganhar dinheiro a qualquer custo e sobretudo celebrar esse dinheiro de forma a que quem não o tenha sinta-se ninguém, tem sim sua parcela de responsabilidade. Não querer aceita-la, não concordar que uma sociedade mais justa tem no minimo uma taxa de criminalidade muito menor do que uma que não o é,  é o mesmo que soltar um carro desgovernado ladeira a baixo e não querer responsabilizar-se pelos estragos que ele causará.

Uma sociedade que não aceita seus próprios pecados e pior, não sente a necessidade de com uma mudança profunda purga-los para a partir dai  emergir como uma nova sociedade purificada a té a medida do possível, não pode reclamar do governos que tem, dos criminosos que tem e de nenhuma de suas mazelas.  O agravante em nossa situação e quando digo nossa situação, falo de nosso país, é que simplesmente abrimos mão de sermos organizados como sociedade, somos simplesmente um amontoado de pessoas defendendo co unhas e dentes o interesse individual ou no máximo o interesse de grupos muito pequenos que conseguem se impor sobre a maioria seja pela força econômica, seja pela capacidade de organização desta minoria. Assistimos aparvalhados a derrocada de um modelo de convivência que nunca deu certo afinal de contas, e que esta endo substituído pelo modelo do cada um por si.

Vejo pessoas que outrora só tinham doces palavras dizendo que bandido bom é bandido morto, proferindo argumentos a favor da pena de morte, da justiça feita longe dos tribunais constituídos, clamando por punições capitais sem ao menos entender ou tentar entender que não cabe ao cidadão se vingar e sim buscar a justiça e nada além dela. Que mundo é este, afinal?

Desistimos da bondade, da amabilidade, declaramos a nossa derrota ante as pessoas que deveríamos combater com todas as nossas forças, estamos vendo o mal triunfar de braços cruzados.  Por que nos acovardamos? Por que???

É isso

Ouvindo: Steven Curtis Chapman

segunda-feira, 2 de março de 2015

De como é triste não ser feliz


Não ser feliz é algo que já me habituei embora pareça sempre que eu vou levando a vida em um estado de felicidade. Não é felicidade, é torpor. Porque quando você encara que não é de fato feliz, o que sobra além da tristeza é um imenso vazio, uma solidão daquelas  que doem na alma por mais rodeado de pessoas eu esteja.

Meu melhor amigo é meu fone de ouvido. Uma segurança em tempos de crise, ou seja, quase o tempo todo. Me permite ouvir canções e elas me permitem moldar a minha cara de paisagem para a humanidade. Se estou com meus fone, a vida é até suportável. Meus fones quebraram, só funcionam de um lado.  Ouvir música em mono torna a vida ainda mais triste e difícil de ser encarada. O Sol some, fica tudo nublado. Música mono é um soco no estomago que se toma a cada cinco minutos e ainda sim eu não me acostumo com a dor.

Eu até tento ser feliz mas eu penso que a felicidade é uma via de mão dupla e como eu não consigo fazer ninguém feliz, eu também acabo não sendo. Minha timidez, minha inabilidade de lidar com o mundo, minha fraqueza em geral me definem. E me definham. Não adianta, até posso parecer forte e violento, mas sou uma pessoa absolutamente acuada em um corner escuro que tem consciência de que aos 42 anos talvez a vida já tenha acabado no sentido de vive-la de forma plena. Me restam pedaços de felicidade que logo são substituídos pelo monocórdio passar de um tempo feito de tristeza e dor.

Eu não sirvo para ser feliz eu acho. Porque ser feliz demanda uma vontade que eu não tenho de ser legal com tudo e todos, de parecer melhor que sou, de se relacionar com os que a sua volta estão. Eu quero ficar sozinho, eu quero ser sozinho.  Eu falo com meus clientes por obrigação e é tão aflitivo porque na verdade depois de 10 minutos conversando com eles eu me sinto entediado, aborrecido, querendo expulsa-los de minha vida. Dai lembro que preciso de dinheiro e me incomoda tanto precisar de dinheiro!!! Nada me da mais raiva do que precisar de dinheiro. Correr atrás dele me incomoda, me ofende a integridade, o pouco dela que em mim restou. Eu  sou um sujeito infeliz, a verdade é essa.

Sem partir para o sentimentalismo barato que eu tanto condeno, não ser feliz é algo muito triste. Não ser feliz é passar boa parte do seu dia perguntando a si mesmo o porque deste estado das coisas. Por que não ser um pouco apenas feliz, porque meu "bolo" de felicidade não pode ser mais gordinho, mais cheio de recheio, mais gostoso enfim. Não ser feliz é mais ou menos como ser uma TV em preto e branco. Porque o problema esta menos em eu assistir e enxergar o mundo em preto e branco e muito mais em retransmitir a minha vida assim, desta forma sem graça e opaca. Quem chega perto de mim sabe que sou opaco e sem graça, esta é a verdade sobre mim.

A tristeza de não ser feliz não é exclusividade minha, eu bem sei, mas tem gente que passa pela vida e nem percebe que não foi feliz. Eu percebo, eu sofro, eu estou se não morrer de ataque cardíaco no meio da minha vida. O que vou fazer dela? Passar mais 30, 40 anos sendo infeliz??? Me contentar com pedaços de felicidade? Com momentos fortuitos? Vale a pena? O pior é que se alguém me perguntar o que considero um modelo de felicidade, desculpe, não sei dizer. Não vive neste "modo" por tempo suficiente para ter uma resposta.

Admiro as pessoas que insistem em gravitar perto de mim o suficiente para entrar no meu mundo. é feio, escuro, quase irrespirável. Praticamente um Netuno. Uma bola de gás tóxica. KEEP OUT!!!

É triste, muito triste não ser feliz. É como olhar para uma janela e ver a chuva caindo o tempo todo, mas não com a poesia que esta visão pode ter. É uma chuva persistente, que não passa, e que parece querer inundar tudo em volta. Uma hora, vai conseguir.

É isso.

Ouvindo: Jars of Clay