quarta-feira, 27 de março de 2024

Frágil Humano


Não existem gargalhadas em "O Astronauta"  Não existem sequer sorrisos. A interpretação de Adam Sandler é crua, baseada em uma tristeza latente que o acompanha desde a primeira tomada. Uma tristeza que é quase palpável, quase visível a olho nu. Jakub, o personagem de Sandler é um  Astronauta que aparenta não querer ser mais nada, aparenta na verdade nem querer estar vivo.

Ele se mete em uma jornada de 6 meses aos confins do espaço e isso não traz autoconhecimento, reflexões filosóficas ou qualquer outra coisa que possa ser tomada como positiva. Ele tão somente se sente-se triste, com uma saudade lancinante de sua mulher que paradoxalmente quando em Terra ele fazia de tudo para estar longe. Jakub sofre e pior, sofre calado por não ter com quem falar dado que está só na imensidão do espaço. 

Quando Jakub descobre para seu espanto que não está só, ele se vê acompanhado de  uma espécie de Aranha gigante de causar arrepios em qualquer um. A suposta docilidade da Aranha causa ainda mais arrepios, pois um ser com sua aparência não aparenta ser dócil e sim pronto para o ataque. Porém ao falar a aranha define não apenas a Jakub, mas a todos nós. Ela o chama de "frágil humano" . Após esta frase fica claro que não só Jakub, mas também eu e você que me lê, que todos nós afinal de contas somos tão somente frágeis humanos, por mais que não aceitemos tal condição.

Somos exploradores. Mandamos o homem a Lua e hoje sabemos que existe mais água na Lua armazenada que nós possamos consumir em 1 ou 2 gerações. Logo, estaremos pousando em Marte para descobrir com nossos olhos os seus segredos e mistérios. Depois de Marte, o que nos aguarda? As Luas de Saturno, Jupiter e Netuno? Vamos mandar objetos observar Europa e Io? Sim, vamos. Produzimos aviões que voam mais rápido do que jamais sonhamos, nossos carros correm alucinadamente. Construímos prédios cada vez mais altos, mas ainda sim somos frágeis, frágeis humanos.

Ad Astra excelente filme com Brad Pitt trabalhou a culpa e a solidão de forma magistral e nos mostrou que podemos fazer praticamente o que quisermos graças ao nosso intelecto mas ainda sim não conseguimos dominar nossos sentimentos e a tristeza, a solidão, a falta de empatia, tudo isso nos domina em um piscar de olhos e ai tudo o que construímos e realizamos se torna irrelevante. 

Jakub tem um encontro insólito em pleno espaço sideral com uma aranha que para alguns é sua consciência mas que para mim e para outro tanto de pessoas, é literal. Esse encontro não o tira da tristeza mas o faz refletir sobre sua vida e suas atitudes em um momento crucial não apenas para ele mas para toda Terra que acompanha sua jornada que esqueci de mencionar, tem como objetivo salvar a humanidade da destruição.

Mesmo tendo que salvar a humanidade, Jakub deixa claro o quão secundário isso é para ele. Resolver suas próprias questões, sentir-se menos mal do que esta se sentindo e até mesmo salvar a aranha de seu destino é mais importante do que a humanidade que dele aparentemente depende. São tantas e tantas camadas dentro de seu silêncio que se torna impossível descrever em um texto. é necessário assistir "O Astronauta" e de preferência mais de uma vez para então perceber através das nuances na interpretação de Sandler, tudo o que este magnífico filme tem a oferecer.

Mas uma coisa fica clara: Somos todos frágeis, frágeis humanos, inseguros e com medo de nosso futuro pois não sabemos o que nos aguarda na próxima esquina. Somos frágeis embora arrogantes, medrosos arrotando valentia. Somos todos dependentes seja de um Deus, de outra pessoa, de uma crença pessoal, tanto faz. Somos todos dependentes e nessa dependência ou no afã de dela se livrar, tentamos mostrar independência e mostramos apenas o quanto podemos ser patéticos, seres patéticos ao ponto de levar creme de amendoim para o espaço. Somos frágeis, frágeis humanos.

É isso.

Ouvindo: Love Coma

sábado, 2 de março de 2024

Prendam Netanyahu

 

Não sei a quem se deve pedir a prisão de Netanyahu, mas ele tem que acontecer e tem que acontecer o quanto antes. Israel não esta se defendendo esta atacando e em sua sanha imparável por justiça esta assassinando de forma indiscriminada quem estiver em sua frente, ou seja, qualquer um que ouse estar na faixa  de Gaza, seja Palestino ou não. Israel a muito tempo deixou de querer justiça. Israel quer vingança.

Já não se trata mais de exterminar o Hamas, isso esta claro a muito tempo. Trata-se de exterminar todo o povo Palestino, povo que na verdade nunca existiu com a dignidade devida não apenas aos olhos de Israel, mas do mundo. O planeta pouco se importa com o que se passa naquele pedaço de deserto onde as pessoas se amontoam e tentam viver da melhor forma possível espremidas entre loucos terroristas e loucos Israelitas que não querem paz, querem extermínio. Me pergunto o que aconteceria se um dia esse genocídio do povo Palestino for levado a cabo o que quererão os Judeus. Qual será seu próximo alvo?

Acusam nosso Presidente cachaceiro e destrambelhado de ter falado demais. De fato, Lula poderia ter guardado suas palavras ou usados palavras diferentes, mas a essência do que disse é dolorosamente real. Israel esta colocando em curso um genocídio esquecendo-se da própria dor de seu povo quando eles foram alvo de tamanha desdita.

Os famélicos em uma fila que buscavam comida, foram atacados de forma absolutamente torpe e não importa o que diga a propaganda de guerra de Netanyahu, pois este fato é apenas mais um a deixar claro que Israel sob sua insana liderança não busca uma solução pacífica e sim derramamento de sangue em modo infinito. E não, não se trata de demonizar Israel e suavizar os loucos psicopatas do do Hamas, mas de achar que o que se deveria buscar é um meio termo que extermine terroristas que querem exterminar o estado de Israel sem contudo exterminar o povo que não coaduna com essa visão insana mas deu azar de habitar exatamente onde os lunáticos também habitam.

Não existem respostas fácil para este conflito, não existem saídas sinalizadas. Mas grandes homens se provam exatamente ao gerir grandes crises e Netanyahu não esta a altura do cargo que ocupa pois toma sempre as decisões mais fáceis que passam pelo caminho da morte e da dor. perde a chance de provar-se estadista para mostrar-se apenas um assassino tão cruel como o líder ou líderes, do Hamas.  Em uma guerra onde a maioria imensa dos mortos são inocentes de ambos os lados, Netanyahu deixa de ser o que poderia e deveria de fato ser, um líder sensato e preocupado com a paz definitiva para ser mais um senhor da guerra isolando cada vez mais Israel do resto do mundo civilizado. Talvez Bolsonaro goste dele assim como Trump. Mais alguém?

É isso.

Ouvindo: Joice e Marcel


terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Quando a Chuva Cai

 

Quando a chuva cai, não torrencialmente, mas de forma suave, aquela chuva boa de dormir, boa de observar da sacada do 12 andar, aquela chuva que rega as plantas, que molha o chão as vezes tão árido que parece sentir saudades da água que vem dela vem, aquela chuva que mesmo chovendo lá fora, parece encharcar o coração e alma com a esperança de que dessa vez eles vão florescer, que vão se embelezar para seguir na vida de forma menos dura. Quando essa chuva cai, eu sinto paz.

Essa chuva me desliga de um mundo cada vez mais sem rumo onde para alguns Deus "vai evitar o Apocalipse" que para outros começara entre 5 e 10 anos e que para outros ainda, pode ser macetado por uma vocalista de trio elétrico. Essa chuva me aparta dessas e outras questões porque eu consigo observa-la e entender ainda que de forma confusa, que ela, a chuva tem sua finalidade que é trazer equilíbrio para o planeta e ainda sim, pode ser para mim um simples grão de areia na vastidão do universo alívio em meio a dores, enviado por aquele que o universo criou. A chuva, essa chuva que eu gosto de ver, pode então, por um breve momento, ter sido enviada apenas para mim, apenas para meu deleite, apenas para que eu não enlouqueça ante um mundo que me apresenta questões que cada vez mais eu não sei responder e situações que eu cada vez não consigo reagir a altura.

Hoje, por um breve momento, ela veio. Não durou 5 minutos. Acho que foi uma pancada daquelas que acontecem isoladas, como se só aquele local precisasse de sua presença. Não sei se o local precisava, mas eu sim. E a medida que ela caia e me acalma o coração eu percebi que muitas vezes fujo de questões que não quero lidar, principalmente quando se tratam de questões de morte. Uma amiga querida morreu. Dias atrás ela se foi. 

Nem tivemos a chance de nos despedir. Soube por terceiros e quando senti o travo amargo da dor em minha boca, logo me refugiei no "isso não me importa, vida que segue". Mas sim isso me importa, e me importa muito porque erámos amigos. Ainda que houvesse uma enorme distância física, as redes (anti) sociais nos aproximavam em conversas quase diárias e nos últimos tempos bem sofridas, porém cheias de esperança de dias melhores e recomeços. Quando ouvi a noticia, quis chorar, chorar de soluçar mas contive o choro, como sempre faço. Contive minhas emoções porque afinal de contas me emocionar não é algo que me faça bem.

Eu simplesmente não acreditei e esperei que ela me chamasse no Instagram como sempre fazia nos horários mais absurdos e improváveis para me falar de suas feridas e tristezas mas também de seus planos para recomeçar e ser alguém melhor do que era. Não deu tempo mas deu tempo de eu dizer para ela que ela já era uma pessoa excepcional. Ao menos, isso, deu tempo.

Nunca tive muitos amigos, eu não sei ter amigos. Não sei nem ter colegas. As pessoas, a grande maioria, a esmagadora maioria delas me causam apenas um terrível e monótono enfado e ela sempre foi a amiga com quem podia rir, com quem podia ser eu mesmo e ela comigo. Não tive tempo de elogiar uma última vez suas galochas que ela usava quando adolescente e viraram botas de jovem senhora depois de adulta.

Não tive tempo de muita coisa mas tive tempo hoje, enquanto essa pancada de chuva caia, de me recordar de uma amizade real, sincera e leal e me recordar em cada detalhe. E recordando pude agradecer por ter vivido esta amizade. E reforcei minha admiração por essa chuva quando ela cai. Não aquela chuva que causa destruição mas a que vem e me traz o mesmo sorriso que que aquela menina de galochas bacanas me trazia quando chegava a igreja a cada Sábado.

Deus sabe de todas as coisas. O problema é que eu não. E em minha ignorância, choro por sua falta. Ainda que seja um choro interno, eu choro.

É isso.

Ouvindo: Aaron & Geoffrey After The Rain

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Hoje Eu Ouvi Tereza. Hoje Eu Ouvi Beatriz.

 

Hoje eu ouvi Tereza. Hoje eu ouvi Beatriz. E ai mas nada importou, nada mais me entristeceu ou me chateou. Minha alma ficou em paz. Fui possuído de uma aleria genuína, de um sentimento bom, como se a chuva que caiu persistentemente ao longo da tarde estivesse lavando minha alma. E então, os problemas se foram, as durezas da vida se suavizaram, as pedras do caminho foram roladas para o lado e eu pude andar sem tropeçar. A vida foi como ela sempre deve ser e nos momentos em que estava ouvindo, Tereza, que estava ouvindo Beatriz, que estava ouvindo Madredeus e seus violinos e violas e pianos e baixos acústicos e tudo mais que Madredeus contém, se foi a dor de cabeça.

Há tempos não ouvia Tereza, não ouvia Beatriz.  Me refugiar no rock e sua sonoridade brutal para me valer ante a aridez dos últimos dias. me parece a escolha mais óbvia e menos dolorida. Porém no meio para o fim da tarde, Oxalá, canção dos Madredeus tão importante em minha vida começou a tocar em minha cabeça. E ai ela tocou nos meus fones, na voz de Tereza. E Tereza, apenas ela, me faz gostar de uma menção ao Carnaval e me faz crer que tudo pode correr menos mal. Em seguida, Tereza, qual uma Princesa Léia bem mais linda que a Princesa Leia surgiu na tela cantando Labirinto Parado, um "lado B" dos Madredeus tão lindo e certamente um dos clipes com a fotografia mais bela que já vi na vida e certamente o momento em que Tereza deixa de ser apenas uma cantora excepcional para ser uma  mulher de beleza ímpar.

Logo após, ouvi Beatriz. Sim, admito que prefiro a interpretação de Beatriz para "O Pastor", talvez a canção mais conhecida dos Madredeus no Brasil. é uma interpretação especifica, de 12 anos atrás ai vivo, onde o figurino simples de Beatriz e sua aparente inespressividade (não se engane pelas aparências), faz com que a música se pontecialize pois o ouvinte mais atento irá canalizar sua atenção para a interpretação absolutamente impecável de Beatriz. Por fim, ouvi Beatriz cantando "Haja o que houver" Como pode tanto sentimento caber em tão poucos minutos? Ver ao vivo tal apresentação seria um bom dia para morrer.

De quebra, (ou de bônus), ouvi "O Sonho", esta canção se não for na voz de Tereza, não precisa ser cantada. Quanta precisão, quanto sentimento, quanto acalanto em uma única voz. Quando ela diz que "não hávia mais nada, só nós a luz e mais nada" eu digo que quando Tereza quando nada mais em volta há. Nem luz, nem nós, nem nada. Apenas a sua voz pairando, ecoando, emocionando, iluminando as reentrâncias mais escuras da minha alma. Quando Tereza canta, quanto Beatriz canta, o obscuro se ilumina a vida ganha sentido a alma se acalma a vida vale a pena. E curioso, aomenos para mim, me vem um sentimento de pertencimento.Pertencimento a uma arte tão peculiar, tão lindae que eu me orgulho de apreciar.

É isso.

Ouvindo: Madredeus

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Mano Brown Nova Jerusalem


"Mulheres cantam, em uma ciranda em pés no chão... eu reconheço minha mãe, ainda jovem..." Só eu vejo a poesia que existe nesse inicio? Me corta o coração, me faz chorar, me faz lembrar da minha própria mãe, ainda jovem, me faz reviver mina infância, me faz pensar na Nova Jerusalém... Cara que loucura! Essa batida melancólica, que reforça toda a tristeza que guardo no peito, que me faz sufocar em mim mesmo... Como pode ser isso? Ouça: 



Como menos de 4 minutos de música podem conter tanta poesia? A forma com que Mano interpreta, claramente sofrida, destituída da raiva que ele utiliza no RAP,  a voz é triste, contida, mas também curiosamente esperançosa, calma. Os backs vocals, são inacreditáveis, perfeitos, combinam com a canção, emocionam, fazem valer a pena ainda mais a audição.

Confesso que o lançamento de "Boogie Naipe" a uns anos atrás não me entusiasmou. Um álbum correto e só. Mas no dia 1/01/24, eu ouvi Nova Jerusalém. Me  chamou a atenção o título, que te dá tantas e tantas opções de interpretação e te deixa levar a música para onde você quiser levar. E eu confesso que reconheci  minha mãe ainda jovem. 

Minha mãe ainda jovem além de bela era inteligente e cheia de vida. Cruzou com meu pai que e ele a fodeu! Literalmente e figuradamente. A largou com um filho e seguiu seu caminho. Ele não vai para a Nova Jerusalém, eu suponho. Ela, vai. Nova Jerusalém é um lugar que agora eu sei, mulheres cantarão fazendo uma roda de ciranda e descalças. Apesar das ruas de ouro,  elas serão como quando eram meninas e o pó das ruas de terra vai subir, porque Deus é antes de mais nada amoroso e afetivo e memórias, ainda que não as tenhamos lá, ou melhor, as pessoas que lá estiverem não as tiverem (não tenho a menor pretensão de me imaginar lá), são importantes e essas mulheres sofridas, abandonadas, abusadas, estão lá, juntas, dançando a sua ciranda como se fossem todas jovens e sim , elas serão de fato jovens eternamente, entre elas minha mãe.

Nova Jerusalém e a visão idílica de Mano, quando ele diz que vê um pomar e um casarão, sem guerras e magoas a obliterar esta visão, me fizeram chorar, mas também ter esperança. Não por mim, mas por um lugar de paz e descanso para minha mãe que tanto lutou e tanto sofreu aqui. Eu sei que lá não entro. Sou um ser que não fui talhado para lá. Não verei um pomar e um casarão sem dores e guerras, mas sei que minha mãe estará lá e descansará. Isso me fará feliz.

Quisera eu ter o dejavi, a sensação de paz de um lugar todo azul. Obrigado por tão linda canção, Mano Brown.

É isso.

Ouvindo: Booggie Naipe


quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Jogo da NFL No Brasil, Relógios Lacoste Na Vivara, Camisa Oficial do Chicago Bears, Spotify e Mais

 

O Brasil acabou de ser confirmado como sede de um dos jogos da temporada regular da NFL. Vai ser em São Paulo, no estádio do Corinthians. Isso é bem legal, confesso. A Vivara, uma rede de joalherias, está com uma promoção de relógios da marca Lacoste. Pensei em comprar uma camisa oficial do Chicago Bears no meu aniversário. Desisti Quando descobri que ela me custaria 695,00 dinheiros brasileiros. O Spotify tanto me assediou que voltei a utiliza-lo. Vai me custar 21,90  com 3 meses grátis pelo que entendi. Tive que baixar toda minha biblioteca de volta no celular. De certo havia uma forma mais fácil e rápida do que a que eu utilizei, mas sou burro para as coisas digitais e fiquei a manhã toda fazendo algo que um criança de cinco anos certamente levaria 10 minutos no máximo. Mais uma prova de como sou tolo.

Eu estou maratonando a série House, MD. Tenho vontade de chorar em quase todos os episódios mas me faltam lágrimas. Em paralelo, estou maratonando House Of Cards. Sem  dúvida é uma das séries mais imorais que tive a oportunidade de assistir. Pessoas sem escrúpulos, sem moral, incapazes de ter empatia por quem quer que seja. Amei a série, estou amando. Talvez isso fale muito sobre mim. Fiquei sabendo que alguém ganhou 1 milhão de dinheiros brasileiros no programa do Luciano Hulk. As perguntas tinham um certo grau de dificuldade, mas nem tanto Demorou para alguém ganhar o valor estipulado como recompensa.

Revi o filme  "A Vida Secreta de Walter Mitty" que Ben Stiller protagoniza e dirige. Achei bem menos interessante do que quando eu vi pela primeira vez no cinema. Alias, faz muito, muito tempo que não vou ao cinema. Assim como fazia muito, mito tempo que não usava terno e ontem eu usei novamente. Fiquei elegante. Feio, mas elegante. 

O Santos, time de futebol que eu amo, não torço, eu amo mesmo, foi rebaixado para a segunda divisão do campeonato brasileiro, a Série B. Não derrubei uma lágrima. Quando o jogo acabou, tomei banho e fui dormir. Tenho almoçado, salvo o dia de ontem em que comi comida caseira feita pela minha esposa, coxinhas. Coxinhas e as vezes, quibe. Como uma rosquinha como as que Homer Simpson adora como sobremesa e nem sei porque mencionei o lance da rosquinha, afinal, ela só faz mal para minha debilitada saúde.

Minha vida é assim, ordinária, sem graça, a vida de um homem de 51 anos que se não foi derrotado, também não venceu. A vida de alguém que tem tentado falar cada vez menos e ouvir cada vez menos também, já que quanto mais ouço, mais busco razões para o que ouço ter sido dito e raramente as encontro. Por meu turno, minhas palavras também não carregam tanto sentido assim, então distribuí-las me parece desnecessário. Calado e surdo, não causo dano.

Ontem, e isso que vou relatar talvez sirva como nota triste deste texto, vi um pombo, ou seria pomba? Ser atropelado e consequentemente morto por um carro. é incrível como os pombos em geral testam a sua sorte contra os veículos, sempre deixando para sair da frente do carro no último momento. Não percebem que basta um mínimo erro de cálculo para que o carro os esmague. É  segunda vez que vejo um pombo morrer. A primeira, foi em um plantão de vendas todo envidraçado a qual o pombo em seu plano de voo que não levava em conta as paredes de vidro, chocou-se com uma delas e morreu no mesmo momento cindo ao solo.

Eu não vou comprar o relógio Lacoste. Não sei porque o Instagram me enviou esse anuncio e pouco me importa também. Quanto ao jogo da NFL, faço planos desde de já para assistir in loco, embora isso não vá trazer nenhum brilho extra a minha opaca existência. Talvez eu o assista comendo rosquinhas caso elas estejam a venda no estádio no dia. Se nõ estiverem, compro alguma outra coisa que vai abreviar a minha vida sem graça um pouco mais a cada mordida.

Tenho uma dúvida imensa: Eu seria um melhor roteirista de House, MD, ou House Of Cards? Sou insociável como o primeiro e falo sempre coisas inapropriadas como House e não sou imoral ao menos não tanto quanto, os personagens de House of Cards.  Mas também não sei se é preciso ser como o personagem ue se escreve para contar suas histórias. Essa dúvida é boba, como bobo são meus pensamentos, uma vez que sou coordenador imobiliário e não roteirista. Sim isso é frustrante para mim. Mas enfim...

É isso.

Ouvindo: Out Of The Grey

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

A Cada Dia Que Passa

 

A cada dia que passa eu falo menos e ouço mais. Ainda derrapo nesse quesito, mas tenho buscado o silêncio que venho considerando tão vital ultimamente. Sei lá, creio que já falei tudo o que tinha para falar e tudo o que falo não passa de repetição. E repetição, não ajuda a vida a avançar, apenas torna a vida um pouco mais monótona.

A cada dia que passa, eu percebo que se ainda estou aqui, vivo, neste planeta baleado e cambaleante de tantas dores que nós mesmos, seus habitantes causamos, eu preciso fazer a diferença. Ou ao menos tentar. Ter uma vida que não seja vazia, que não seja de uma busca incoerente por uma pretensa liberdade que me diz que posso fazer o que quiser penas porque encontrei a maturidade aos  quase 51 anos. Na verdade, essa maturidade tem me ensinado a não fazer muitas coisas, a declinar de convites, a não me colocar em situação que não cabem mais na forma que vejo o mundo e como o percebo. Alias, percebo que o mundo, cambaleante como disse, esta a um passo de se esvair de vez. É certo que eu me liquefaça juntamente com ele? Não deveria eu buscar minha própria integridade?

A cada dia que passa, eu percebo que tenho buscado esta tal integridade. Era uma busca inconsciente ate um certo tempo atrás, mas  a um certo tempo eu tomei consciência que se não buscar  me posicionar de forma positiva e integra nestes poucos anos que me restam, finalizarei minha existência sendo apenas uma caricatura vil de mim mesmo, uma pálida ideia do que eu poderia ter sido. Não pretendo terminar assim meus poucos dias.

A cada dia que passa, percebo que se eu não tenho tempo mais de deixar uma marca que seja grande, visível, que mostre como foi minha caminhada, ao menos posso não me tornar uma nulidade, o que sendo bem franco, era o que restava para mim até então. Não quero ser nulo e se não posso fazer uma grande diferença, tenho que encontrar o meio termo que minha vida permite e ser lembrado como alguém ao menos, essencialmente justo e bom.

A cada dia que passa estou ficando um pouco mais cego. Essa é uma constatação literal de minha condição física. Meus olhos me traem se dirijo a noite, então preciso redobrar a atenção e dirigir mais devagar. Já sou uma tartaruga de qualquer forma, mas agora não sou mais uma tartaruga em fuga e sim a passeio. Prefiro, ver filmes e séries dublados o que vai frontalmente contra o que sempre gostei porque não consigo mais ler as legendas de forma completa. Agora mesmo, ao escrever este texto, mal vejo o que é projetado na tela. Preciso de óculos, mas eles serão nada mais que um corretivo artificial que toda vez que for retirado da frente de meus olhos instantaneamente me lembrará minha real condição.

A cada dia que passa, sinto mais saudades de minha mãe e minha irmã e torço para reencontrá-las um dia na eternidade. Sei que elas estarão lá.

A cada dia que passa, no entanto eu me lembro de forma realista, que a eternidade não é para mim.

É isso.

Ouvindo: Out Of The Grey e seu espetacular álbum A Little Light Left